Zé Pedro
Guitarrista lembrado com emoção pela irmã: “Chovia, como se também a natureza o chorasse”

Nacional

A irmã de Zé Pedro, dos Xutos e Pontapés, assinalou os cinco anos da morte do guitarrista com um texto emotivo.

Qua, 30/11/2022 - 23:30

Foi através da sua conta pessoal do Facebook que Helena Reis, irmã do cantor Zé Pedro, da banda que marcou a música portuguesa “Xutos & Pontapés”, deixou uma sentida mensagem ao cantor hoje, dia 30 de novembro, dia em que se celebram cinco anos da sua morte.

A irmã do cantor relembrou o dia trágico da morte, há cinco anos, e o seu funeral. “Nas últimas 24 horas, os media do país, as redes sociais, sms, emails, telefonemas, como um rio que engrossa enquanto avança, encheram o país com a notícia da morte de Zé Pedro, 1956-2017”, disse.

Durante muitas horas estão a lembrá-lo e há uma torrente de recordações, de histórias, de sentimentos, de emoções. Emoção, muita emoção, comoção. Como conseguiram juntar tão depressa tantas, tantas fotografias dele? Em todas as escolhidas, a “sua imagem de marca” – como dirá a Mariana, a sobrinha-afilhada, o Sorriso. É essa a imagem que querem passar, que querem que fique connosco Para Sempre – o Zé Pedro a sorrir, o sorriso deste gentleman do rock, do Homem do Leme. O sorriso só possível pela alegria com que o meu irmão viveu a sua vida tão cheia”, continuou.

“O Zé Pedro seguiu viagem. Ele gostava de viajar e achava que Portugal inteiro era a sua casa e que todos os portugueses eram da nossa família. Gostava da vida, gostava de rir, gostava de rock, gostava do palco, gostava de ouvir e contar histórias, de fazer amigos, de tomar conta das pessoas e de viver com intensidade. Gostava da noite e do dia, da praia e do mar, de ver televisão e de ouvir música”, recordou.

“Olho à volta, silêncio sofrido, vultos lentos, pesarosos. Perdemos o homem que parecia orientar-nos, era presença nas nossas vidinhas e desaparece-nos agora esse porto seguro. Não queremos aceitar, não é possível, não é verdade, dizem-me, não pode ser verdade… as horas arrastam-se e começa a ser verdade, começa a baixar sobre nós a aceitação do impossível”, desabafou, remetendo ao dia da despedida.

A irmã do artista recordou o dia do funeral: “Perdemos uma pessoa muito querida. Falamos baixinho, a não querer perturbá-lo, tentamos palavras que soam a nada, consolos inconsoláveis, lágrimas que correm sem destino, perdidas, perdidos sem ele”.

O meu olhar vagueia pela sala dourada, pela luz da tarde que entra pelas janelas requintadas do varandim e acabo por fixar-me no cordão de fãs. Estão silenciosos, respeitosos e estão profundamente tristes. Lentamente, apercebo-me que a perda dele os deixou tão abalados quanto a nós. Estão também órfãos, estamos todos ligados pela perda. Tenho que lhes agradecer… pelo respeito que demonstram, pelo silêncio vagaroso da última despedida, tenho que agradecer-lhes pelo meu irmão”, declarou.

Aproximo-me do cordão de fãs com a maior gratidão. Há muitas lágrimas, muitas flores para o Zé Pedro, há lenços e bilhetes, CDs e pequenas lembranças, que me confiam, para que eu as leve para junto dele”, lembrou a irmã.
“Estava frio e chovia, como se também a natureza o chorasse”, finalizou.

Importa relembrar que Zé Pedro morreu aos 61 anos na sua casa, em Lisboa. O cantor faleceu devido a uma Hepatite C, doença que descobriu em 2001.

Texto: Luís Duarte Sousa; Fotos: Arquivo Impala

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