Zé Pedro
«Conservo-as até hoje, como símbolo da minha primeira vez»

Nacional

Zé Pedro escreveu um texto emocionante para a Agenda Solidária IPO2018. Um dos últimos registos do músico, sobre episódios que o marcaram para sempre.

Sex, 01/12/2017 - 14:00

O Instituto Português de Oncologia, de Lisboa, decidiu publicar um texto de Zé Pedro –  que morreu esta quinta-feira, dia 30 – nas redes sociais. O registo escrito, é um dos últimos do músico em vida e faz parte da Agenda Solidária IPO 2018.

 

«O meu pai era oficial do exército, passava muito tempo em comissões nas ex-colónias e cabia à minha mãe a tarefa de tomar conta das ‘tropas’», começou por escrever.

 

O guitarrista dos Xutos & Pontapés recorda o momento em que a família se encontrava na Guiné, a quem se juntou após as atividades escolares. Tinha 11 anos e era a sua primeira viagem de avião. Uma aventura que recordava até hoje, quando fez uma paragem no Sal, em São Tomé, ficando apenas com um amigo que tinha conhecido durante o voo. Ambos estavam com fome, sede e cansados, até serem resgatados por um militar.

 

«Levou-nos à caserna para comermos uns ovos com uma carne bastante dura, mas que nos soube pela vida, e para bebermos. Como a água escasseava na ilha, só o vinho podia matar a nossa sede. Resultado? Ficámos completamente bêbedos. A minha primeira vez de avião foi também a minha primeira piela e a minha primeira ressaca», recordou.

 

José Pedro dos Santos Reis, acabou por rumar a Bissau, no dia seguinte, onde a família o esperava. Contudo, o avião teve de andar às voltas no ar pois «tinha explodido na pista um avião do Biafra», um antigo estado secessionista do sudeste da Nigéria.

 

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Fotos: D.R.

 

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