Vítor Emanuel estava há oito anos afastado da representação em televisão. Depois de, em 2019, ter contado a sua história no programa de Júlia Pinheiro e de, no início deste ano, revelado a Manuel Luís Goucha que ainda não tinha voltado ao pequeno ecrã, eis que Cristina Ferreira entrou em ação. A Diretora de Entretenimento e Ficção ouviu os apelos feitos pelo ator e chamou-o a integrar “Festa É Festa”.
“Opa, é brutal, Cristina! É diferente. Não me vais emocionar agora, pois não? É brutal, é voltar. Acho que essa é a palavra: voltar”, disse Vítor Emanuel na tarde desta segunda-feira, 26 de abril, dia de estreia da nova novela do canal de Queluz de Baixo, no programa “Cristina ComVida”, que recebeu em estúdio parte do elenco da trama assinada por Roberto Pereira, com base numa ideia original da própria apresentadora.
Vítor Emanuel veste a pele do empreiteiro José Carlos Peixoto e contracena diretamente com Maria Sampaio.
O apelo de Vítor Emanuel a Júlia Pinheiro
Em outubro de 2019, Vítor Emanuel foi protagonista de um testemunho comovente no programa das tardes da SIC. Em entrevista a Júlia Pinheiro, o ator falou dos últimos anos, em que enfrentou uma forte depressão, livrou-se de um casamento tóxico, viu a irmã ser operada de urgência a um tumor na cabeça e teve de fazer “um pouco de tudo” para sobreviver e dar de comer aos filhos.
Estes tempos, disse, foram injustos. “Acho que não merecia”, desabafou. Tudo começou com um segundo casamento depois de um primeiro que durou 13 anos. “Foi o maior tiro no pé que dei em toda a minha vida. Estamos a falar de um tipo de pessoa… Se eu pudesse apagá-la da minha vida, apagaria. Não tem nada de interessante”, atirou.
Sem identificar a ex-mulher, Vítor admitiu que esta lhe fez “muito mal”, assim como aos pais do artista. “Eles tinham de ligar sempre antes de nos irem visitar e ela é que decidia se podiam ou não. Eu só soube disto mais tarde…”, exemplificou.
A depressão que se seguiu é associada pelo ator à sua “decadência” enquanto “ser humano”. Não chegou a ser hospitalizado porque foi “salvo à última hora”, mas esteve um ano a tomar antidepressivos, ansiolíticos e [comprimidos] SOS para os ataques de pânico”. “O que me foi explicado cientificamente foi que eu achei que [o divórcio dessa ex-mulher] estava resolvido e não estava. Eu tive muita revolta, muita raiva, muitas ânsias dentro de mim em relação àqueles quatro anos que vivi com coisas maquiavélicas”, justificou.
Ator passou um ano a trabalhar nas obras
A agravar o seu estado de espírito, Vítor Emanuel passou por uma situação económica precária, que o levou a fazer “variadíssimas coisas” e que derivou da falta de trabalho em televisão. “O mundo desabou. Não fui convidado para mais nada. Fiz os meus telefonemas (…) e as respostas deixaram de ser dadas. Quando dei conta não tinha mesmo mais nada”, lembra, admitindo não entender como é que uma pessoa acarinhada pelos espectadores não é contratada por uma estação.
“Para sobreviver”, esteve “um ano inteiro a trabalhar nas obras como servente, verão e inverno, a ganhar 30 ou 40 euros por dia, a agarrar baldes de 25 litros de entulho”. Passou ainda por “lojinhas”.
“Aprendi muita coisa, fui muito feliz e muito bem tratado (…). Tive de me virar”, admitiu, lembrando o pânico que, na época, sentiu ao ser convidado para ir a um outro programa da SIC: “Pensei que ia notar-se que tinha as mãos gretadas e com cortes. Foi um ano duro”.
“Meto comida na mesa para os meus filhos”
Pai de uma menina de oito anos e de um menino de quatro, sublinha que o importante é que nada falte aos filhos, nascidos de uma relação com a atual mulher. “Não devo nada a ninguém e meto comida na mesa para os meus filhos. Podia pensar, por exemplo, que vinha aqui ao programa e ia comprar uma roupinha nova. Mas não, não há dinheiro para roupinha nova”, contou a Júlia Pinheiro, com quem trabalhou na “Quinta das Celebridades”, da TVI, em 2004.
Para trás ficou ainda o tumor na cabeça que atirou, por duas vezes, a irmã para a sala de operações. “Pensei que ia perdê-la. Nestes casos, o trabalho ajuda. Por exemplo, com dinheiro, se calhar, a minha irmã não precisava ter estado à espera para fazer fisioterapia. Se calhar, o irmão podia pagar”, chorou.
“Nunca pedi dinheiro a ninguém, só quero trabalho. Não quero mais nada”, concluiu.
O que disse a Manuel Luís Goucha
Em janeiro deste ano, voltou a contar a mesma história a Manuel Luís Goucha e a rogar por trabalho. “Eu tenho de fazer alguma coisa. […] E quero é trabalhar”, disse, frisando que o seu maior desejo é “voltar a fazer aquilo” para o qual se formou, para o qual trabalhou “durante 30 anos”.
Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: Reprodução Instagram
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