Estudar Medicina foi desde sempre o objetivo de Olívia Ortiz, de 25 anos, que cresceu a ouvir a mãe dizer que para ser alguém na vida tinha de ser médica. Por duas décimas não ingressou no curso, optando por estudar fisioterapia, profissão que exerceu até decidir dedicar-se em exclusivo à moda. A manequim, que podemos ver nos outdoors de uma conhecida marca de lingerie, tem participado em diversos concursos de miss e sonha com o mais prestigiado trono de beleza: concorrer à mais bela mulher do universo.
VIP – Venceu recentemente o título de Miss Continent Tur International. Como foi a experiência?
Olívia Ortiz – Muito boa. Primeiro porque me deu a oportunidade de viajar para o Brasil, um país que nunca tinha visitado, e segundo porque foi a primeira vez que participei num concurso com outras pessoas do meu País. Além de mim participaram três rapazes: o Gerson Gomes, que foi por Cabo Verde, o João Silva, que foi pelos Açores, e o Sérgio Carvalho que foi por Portugal. É sempre diferente irmos acompanhados, porque a partilha é muito maior.
Como surgiu a oportunidade?
A oportunidade surgiu porque eu já tinha participado noutros concursos de miss e acho que quando se fala em misses em Portugal surge o meu nome associado. Sou provavelmente a única rapariga portuguesa que tem uma carreira de miss. Já participei em vários concursos: Miss Supranational, na Polónia, fiquei em 7.º lugar; Miss TW Steel, no qual fui a vencedora; Miss Intercontinental, em Espanha, e fiquei em 2.º lugar para a Europa; Miss Exclusive Of The World, na Turquia, no qual fiquei em 4.º lugar.
Miss Portugal nunca tentou?
Não. O concurso desapareceu em 2002 e a partir de 2010 começaram a ter algumas licenças de concursos internacionais e a fazer novamente a eleição das misses. Um dos meus desejos para acabar a minha carreira de miss em grande, porque a carreira é muito curta, vai desde os 18 aos 26 anos, era concorrer a Miss Universo (risos).
E como é que consegue lá chegar?
Eu penso que vai haver novamente este ano. O ano passado foi a primeira eleição que houve do Miss Universo Portugal e a Laura Gonçalves representou-nos muito bem. Foi a primeira vez que Portugal conseguiu aquele lugar, ficou nos dez finalistas. Gostava de poder participar no concurso como representante portuguesa antes de terminar a minha carreira de miss. Era a cereja no topo do bolo.
Receber a coroa é mesmo aquele momento emotivo como vemos na televisão com as lágrimas nos olhos?
É, é mesmo (risos). E neste concurso as coisas foram feitas de forma um pouco diferentes. Geralmente o voto é anónimo e só é anunciado o nome da vencedora. Eram 11 os membros de júri e cada um disse ao microfone o nome do país que deveria ganhar. E todos, unanimemente, disseram Portugal. À medida que fui ouvindo o nome do meu país as emoções começaram a crescer e no fim já não conseguia conter as lágrimas.
Já sentiu mudanças na sua vida depois de ter vencido este título?
Sem dúvida. Foi a primeira vez que eu senti que notaram em Portugal que eu participava em concursos. O feedback que as outras concorrentes me davam era: “Quando chegar ao meu país vai ser uma loucura. Toda a gente me vai receber ao aeroporto.” Eu nunca tinha vivido isso na pele. Desta vez foi completamente diferente. Senti esse retorno e interesse por parte das pessoas em saberem que há uma pessoa lá fora a dar a cara pelo País e a ganhar prémios.
Disse que é provavelmente a única portuguesa com uma carreira de miss. É um orgulho para si?
É. Ao participarmos no concurso temos contacto com mulheres de todo o mundo e quando percebemos o ponto de vista delas, como vivem, o que representa ser miss nos seus países e perceber o reconhecimento que têm, isso enche-me de orgulho. Muitas destas mulheres tornam-se modelos de vida para outras. Uma das coisas que mais me daria orgulho era poder vir a inspirar mulheres do meu país a melhorarem a sua vida em vários sentidos. Lá fora uma Miss depois de participar num concurso internacional torna-se mesmo uma inspiração para outras mulheres, pois provavelmente viveram vidas difíceis, mas lutaram pelos seus sonhos.
Acha que em Portugal há uma conotação negativa?
Não. O que eu acho é que o conceito de miss de há uns anos e que os portugueses estavam habituados até 2002 é diferente daquele que é agora. Penso que antigamente o conceito era muito abonecado. Há aquela ideia generalizada que uma miss é uma boneca de porcelana que tem uma cassete gravada que diz: “Paz mundial e salvem os animais.” Mas não é nada disso. Hoje em dia são mulheres inteligentes com cursos superiores, que usam a beleza para direcionarem a atenção que recebem dos media para determinadas causas e lugares. Tenho conhecimento de uma Miss Brasil que desenvolveu uma molécula que purifica a água. O objetivo é implementar em favelas, onde não têm saneamento básico. Uma miss que faz isto não é uma boneca de porcelana.
Participar neste tipo de concursos e ter uma carreira ligada à moda era o seu sonho de criança?
Não. Era entrar em Medicina. “Para seres alguém na vida tens de ser médica”, era o que a minha mãe me dizia. Então toda a minha vida batalhei para isso. Estive perto.
Por duas décimas…
Sim. Foi uma desilusão enorme. Depois ingressei em Fisioterapia e fiz o curso com muita intensidade. Adorei! Mas a vida reservava outras coisas para mim.
Já deu por si a arrepender-se de ter abandonado a fisioterapia?
Nesta fase ainda não. Tenho a licenciatura e se as coisas não vingarem nesta área posso sempre voltar à fisioterapia.
Chegou mesmo a exercer a profissão.
Sim. Trabalhei uma época na ADEP – Associação Desportiva de Penamacor como fisioterapeuta principal da equipa sénior de futebol. Foi fantástico e fez-me crescer a nível profissional, porque a aceitação por parte deles não foi fácil. Tive de batalhar para que acreditassem em mim enquanto profissional, deixassem de ver uma mulher e vissem uma fisioterapeuta.
Como é que a sua família viu esta mudança profissional?
A opinião que eu mais valorizo da minha família é a da minha mãe. O primeiro impacto não foi o mais positivo. Penso que foi o receio de eu estar a deitar fora uma profissão segura para abraçar outra que é incerta. Com o passar do tempo ela começou a acostumar-se à ideia e acabou por aceitar. A minha mãe agora entusiasma-se quando vê alguma coisa minha, compra e mostra às amigas.
Atualmente é uma das musas da Triumph e podemos vê-la em vários outdoors. Como é que é ver-se nos anúncios espalhados pela cidade?
É muito giro e o mais engraçado é que quando eles saíram eu estava no Brasil. Então o primeiro impacto foi vivido à distância com os meus amigos a mandarem-me mensagens. Criou-se uma dinâmica no meu Facebook na qual as pessoas enviavam-me uma fotografia dos outdoors onde me viam. Acabei por ver à distância outdoors do Funchal, da Amadora, de Lisboa, de vários locais.
O seu namorado gosta de vê-la nos outdoors?
Sim e dá-me imenso apoio. Ele é um dos meus alicerces nesta área profissional, pois é ex-manequim. É o Pedro Correia. Tem 30 anos e já deixou de trabalhar como modelo há vários anos. Ele é da altura da Fátima Preto. Como conhece muito bem a área da moda, dá-me imensos conselhos sobre os passos que devo tomar. Acho que ele se entusiasma também. Embora tenha sido uma escolha dele deixar a moda e não ter mais interesse em trabalhar como modelo, ele acaba por reviver um pouco daquilo que ele já viveu.
Estão juntos há quanto tempo?
Moramos juntos há um ano e meio, mas namoramos há dois.
Não pensam em dar o passo seguinte?
Ainda é muito cedo para isso. Só o tempo dirá.
Tendo uma carreira ligada à moda, como cuida da sua imagem?
Tenho tido muito cuidado com a alimentação de uns tempos para cá, porque antigamente não tinha preocupações nenhumas e este é um dos meus maiores esforços. Adoro comer e é muito difícil para mim selecionar aquilo que como. Ultimamente tenho comido mais vegetais. Bebo muita água e gosto de chá branco, que é diurético.
Seria capaz de fazer cirurgia estética?
Sim. Mas neste momento não mudaria nada. Se eu começar a olhar para todos os pequenos defeitos vou encontrar alguma coisa, mas devemos olhar para o todo e eu estou satisfeita. Deixem-me envelhecer mais um bocadinho (risos).
Que sonho gostaria de poder concretizar a curto prazo?
Nesta fase o que eu mais gostava era de ingressar na área da representação. Tenho feito vários castings e trabalhos de publicidade, o que me ajuda a manter a chama acesa pela representação. Gostava de poder entrar num projeto a longo prazo, que me permitisse trabalhar a fundo uma personagem, que não fosse uma situação pontual.
Como é que se consegue manter-se firme depois de ouvir como resposta vários “nãos” nos castings?
Sobretudo temos de aprender com os “nãos” que vamos recebendo. É continuar a trabalhar e tentar perceber o que não esteve tão bem para conseguirmos melhorar essas falhas. Continuo acreditar que quando acharem que eu mereço uma oportunidade ela vai lá estar para mim.
Texto: Helena Magna Costa; Fotos: José Manuel Marques; Produção: Romão Correia; Maquilhagem e cabelo: Ana Coelho com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel;
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