Zé Pedro dos Xutos & Pontapés perde a vida aos 61 anos. O cantor esteve internado numa unidade hospitalar em Lisboa tendo falecido esta tarde na sua casa.
Zé Pedro lutava há já algum tempo com uma doença prolongada.
Mas sempre com muito amor à música e aos fãs. Assim se apresentou Zé Pedro, mítico guitarrista dos Xutos & Pontapés no concerto que este sábado, dia 4 de novembro, encerrou a digressão de 2017 da banda. «Fiz uma beca de força e lá fui eu… dei comigo aos pulos no palco do Coliseu….», escreveu o músico numa publicação na sua página de Facebook como legenda de uma foto de um Coliseu dos Recreios ainda vazio. Mas que encheu…
Foi numa sala lotada, que a banda subiu ao palco. Mas, desta vez, o tema das conversas entre os fãs não era o repertório do grupo, mas sim o estado debilitado de Zé Pedro. A ovação para a atuação do guitarrista foi geral e era percetível a esperança de todos de que esta não tenha sido a última atuação do artista.
Esta tournée teve mais de 20 datas e esteve em risco de não ir até ao fim. Num texto que escreveu no jornal Expresso, Tim confessava isso mesmo. «O concerto deste sábado marca o fecho da tour de 2017, mas no início não sabíamos se a saúde do Zé Pedro ia aguentar o esforço necessário; esta incerteza marcou a digressão, mas graças aos deuses e ao ânimo do Zé tivemos grandes concertos por todo o país, e ele só não tocou em Toronto por imposição nossa», explicou, adiantando ainda que o espetáculo foi «montado para, de alguma forma, proteger a saúde do Zé (e a nossa) com um pequeno espaço acústico no meio para recuperar o fôlego».
Hepatite C e transplante de fígado
O guitarrista sofre de uma doença hepática há vários anos. Foi em 2001 que Zé Pedro descobriu que sofria de Hepatite C, doença que lhe ia tirando a vida e que o obrigou a um transplante de fígado, em 2011. A operação correu bem e o guitarrista passou a ser a cara visível da maleita.
«Temos de alertar! Felizmente, agora é uma doença perfeitamente tratável… É importante alertar para o rastreio, é bom falar, lembrar, para que as pessoas não tenham medo de ser confrontadas com o diagnóstico», disse à imprensa durante a apresentação do livro «Fintar a Morte, Celebrar a Vida», da autoria da jornalista da SIC Ana Paula Almeida, em junho de 2016.
Na ocasião, o músico partilhou ainda os cuidados que era obrigado a ter no dia a dia: «Tenho mais atenção por causa do transplante do que diretamente por causa da hepatite C, cujo vírus consegui aniquilar. O fígado novo dá-se bem comigo e eu com ele, temos uma ótima cumplicidade e o meu corpo aceita-o bem».
Infelizmente, as circunstâncias parecem tê-lo traído e atirado de volta para um mau momento a nível de saúde. A VIP, tal como todos os fãs que ontem estiveram no Coliseu dos Recreios – onde temas míticos se misturaram com cantigas novas como Alepo, Mar de Outono e Sementes do Impossível -, faz uma ovação de pé a Zé Pedro e deseja as rápidas melhoras a uma das figuras incontornáveis do panorama musical português.
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