Dino Gonçalves
“Tudo o que faço tem de ter uma história”

Famosos

O arquiteto e decorador afirma que não “segue tendências” e não se pode queixar de 2012

Sex, 28/12/2012 - 0:00

Dino Gonçalves é arquiteto e decorador. Aos 33 anos tem já um currículo invejável para um profissional do design de interiores. Com várias casas assinadas por si, tem neste momento vários projetos em mãos em Lisboa, na ilha da Madeira, de onde é natural, e no estrangeiro.

VIP – Vive em Lisboa, mas nasceu no Funchal. É muito ligado à sua família?
Dino Gonçalves – Nasci na Madeira, numa família muito unida com dois irmãos, uma irmã, um pai fantástico e muito protocolar e uma mãe que sempre foi o meu exemplo de bom gosto. É a melhor base que tenho.

Veio para o continente para estudar?
Sim, sou formado em Arquitetura pela Universidade Lusíada. Depois fiz várias pós-graduações em Portugal e lá fora.

Tem feito vitrinismo. Gosta de compor montras?
Gosto. Faço vitrinismo para algumas marcas em Portugal. E eu criei uma nova área no meu trabalho: a Floral Design byDino, onde imagino a decoração de festas e casamentos.

Quando era pequeno o que queria ser quando fosse grande?
Eu só podia ser o que sou hoje, alguém ligado às artes e à decoração. Quando tinha os meus 12/13 anos fui pela primeira vez a um alfaiate fazer roupa para mim. Em casa dos meus pais estava sempre a mudar as coisas de lugar. Sempre tive oportunidade de viajar, de ver livros, desde moda, decoração. Rasgava o que gostava e comecei a fazer books criando assim a minha própria estética.

Foi difícil com o curso acabado começar a trabalhar como decorador?
Após o curso fiz o estágio para poder ser admitido na Ordem dos Arquitetos. Depois trabalhei numa empresa de engenharia civil, mas não havia criatividade e sentia-me uma máquina programada. Um dia demiti-me. E prometi que nunca mais trabalharia para ninguém e dediquei-me ao design de interiores. Tive um convite para decorar uma casa no Funchal. Depois seguiram-se outros trabalhos…

Como começou a ficar conhecido?
Com as exposições que fiz em três edições da Casa Decor. Fui muito atrevido nesses trabalhos. É importante fazer diferente dos outros. A partir daí tenho feito escritórios, casas particulares, decorações para festas, criei o andar modelo do condomínio Nova Amoreiras da família do Dr. Vasco Pereira Coutinho e entrei no mercado de Luanda.

Em Luanda?
Sim, com um fantástico projeto para um condomínio todo decorado com produtos de Vivienne Westwood e Ralph Lauren e peças desenhadas por mim.

Também desenha linhas de móveis?
Desenho os meus produtos e recentemente criei uma coleção de almofadas e mantas, que estão disponíveis no meu atelier.

Então este ano tem tido muito trabalho?
Neste momento estou a fazer dois escritórios, duas casas em Lisboa, uma casa no Funchal e comecei o estudo de uma nova casa em Luanda. E estou a terminar a casa do cabeleireiro privado do Tom Ford em Londres.

Na exposição Pratas no Palácio recebeu grandes elogios…
Foi um convite inesperado e um reconhecimento. Fiz uma coisa que falta em Lisboa: montras bonitas. Criei uma montra com atrevimento e muito arrojo. As reações foram muito positivas. Houve quem me perguntasse se era português… tem graça.

Um decorador é um contador de histórias?
O mais possível. Tem de ser. Tudo o que faço tem de ter uma história, senão seria um “decoradeiro”.

E o Dino em que posição se encontra?
Eu não ligo a linhas preconcebidas. Faço com vontade e entusiasmo de manter o cliente como amigo e satisfeito, sem nunca me anular.

Tem tido desilusões com as pessoas?
Com a minha maneira de ser tenho ganho muita coisa nesta minha passagem pela terra.

Como define o seu estilo?
Um misturar de vivências. Não sou de modas nem de tendência, nem daquilo que alguém diz que é bonito, ou se vai usar. Não sou caro, mas tenho uma imagem cara. Isto traz carisma, posicionamento no mercado e singularidade.

Desafios para 2013?
Continuar a viver e continuar a sair de casa com vontade de fazer o que faço…

Texto: Alberto Madeira Miranda: Fotos: Impala e DR

Siga a Revista VIP no Instagram