Daniela Mercury
“Trocámos alianças em Paris, nas férias”

Famosos

Cantora assume homossexualidade e anuncia que casou com a jornalista Malu Verçosa durante férias românticas que acabaram em Portugal, onde deu dois concertos

Qui, 11/04/2013 - 23:00

Separada recentemente do segundo marido, Marco Scabia, Daniela Mercury, de 47 anos, surpreendeu o mundo ao assumir, a semana passada, a relação homossexual com a jornalista Malu Verçosa, de 36. A cantora baiana aproveitou a estada em Portugal para dois concertos nos Coliseus de Lisboa e do Porto, que aconteceram respetivamente nos dias 5 e 6 de abril, para comunicar que estava casada. “Malu é agora minha esposa, minha família, minha inspiração para cantar”, escreveu como legenda a uma compilação de fotos das duas, que a artista publicou no Instagram. A VIP entrevistou Daniela Mercury antes dos concertos e falou com a brasileira sobre o casamento, sobre a adoção de três meninas e sobre as férias que, depois de passarem por países como a Rússia e França, terminaram em Portugal.

 

VIP – Foi notícia ao anunciar que tinha casado com Malu através de uma foto no Instagram. Porquê decidiu fazê­ lo desta forma?

Daniela Mercury – Foram algumas fotografias. O intuito foi que fosse delicado e verdadeiro. Eu queria fazer de uma maneira que tivesse a ver com a minha maneira de ser. Nunca falei detalhes da minha vida pessoal. Comento a minha relação com os filhos, porque é normal como ser humano falar de algumas coisas que acho importante, como o caso da adoção das minhas filhas. Eu nunca abro muito a minha intimidade. Neste caso quis comunicar que estava casada.

 

Como foi a cerimónia?

Não quis fazer cerimónia. Eu casei duas vezes e nunca pela Igreja. Agora também não queria casar pela Igreja nem fazer uma coisa formal. Achei que o Instagram era uma forma delicada e discreta – se é que é possível dizer que esta é uma união discreta – de oficializar a relação. Eu tenho de lidar com isto o tempo inteiro.

 

A foto foi publicada durante a visita a Lisboa. Casaram cá?

Não. Trocámos alianças em Paris. Estávamos de férias e foi irresistível. É a cidade mais romântica do mundo e não resistimos. Queria aumentar a família. Adotei recentemente três crianças.

 

Sentia a necessidade de aumentar a família porquê?

Tinha o desejo de adotar há muitos anos. Eu queria ter filhos, sem engravidar. Adoro uma família grande. Eu própria tenho cinco irmãos. Os meus filhos – a minha família – são a minha alegria.

 

São três meninas que adotou juntas?

Sim, vieram as três juntas há ano e meio. A Analice tem 11, a Márcia Vanessa tem 15, a Ana Isabel tem três. Estão muito adaptadas e eu estou cheia de saudades delas. Tenho dois filhos mais velhos do meu primeiro casamento que já têm a vida feita. Queria aumentar a família, fiz uma família instantânea (risos).

 

Como é que está a correr?

Está a ser uma experiência fantástica. Não é nada diferente de ter filhos biológicos, nem o amor que sinto por eles. Dá vontade de adotar mais. A rotina mudou muito. Eu tenho de pôr as crianças na escola, faço os trabalhos de casa, controlo a Internet, a televisão, relembrei uma série de coisas que já não me lembrava. Tento ser uma mãe muito presente.

 

Não as trouxe desta vez?

Não deu, estão em aulas. Tenho de as trazer nas férias. Prometi à mais velha que da próxima vez elas veem. Elas fartam­ se de viajar connosco, mas viagens mais rápidas.

 

Alguma delas canta?

A do meio. E a mais pequena também. No início a minha interação com ela foi muito através da música. Ela era muito inquieta e eu percebi que a música resolvia tudo. Canto para ela o dia todo.

 

Esta passagem por Lisboa fecha umas férias românticas. O que é que fizeram?

Chegámos no final de março. Fomos a Fátima e a Óbidos, sítio que o meu pai dizia sempre para irmos de qualquer jeito, porque tinha de conhecer. Tirei fotos lindas, comemos chocolate e bebemos ginjinha. É lindo! Fátima foi mágico. Fui lá com todas as minhas santinhas para benzer porque vou levar de recordação santos para toda a família.

 

É muito crente?

Eu sou uma mulher de muita fé, mas não sou muito religiosa. Sou apaixonada pela Nossa Senhora de Fátima, sou de família católica e emociona­ me estar neste tipo de santuários. Tenho um pequeno santuário em casa porque gosto muito da imagem dos santos, acendo­ lhes velas e faço­ lhes pedidos.

 

O que lhes pede?

Pela humanidade. Agradeço pela saúde da família, pela saúde dos meus filhos. Foi por eles que acendi velas desta vez, em Fátima. Peço também para poder ser cada vez ser mais útil aos outros.

 

É embaixadora da UNICEF no Brasil desde outubro de 1995. Sente­ se um exemplo?

É um trabalho muito amplo, que abrange muita gente. Eu sei que sou um ícone da cultura do meu país e internacional e isso dá­ me a chance de ser uma comunicadora privilegiada para causas humanitárias. A minha mãe é assistente social, por isso, eu desde pequena que sou sensível a estes assuntos e ajudo em tudo o que posso. Estou há muitos anos a dar a cara a várias campanhas.

 

Facto pelo qual ainda se torna mais conhecida. Conseguiu passar despercebida nestas férias em Portugal?

Sou reconhecida em todos os lugares onde vou. O povo português é muito carinhoso, mas muito educado, muito discreto, e pede sempre autorização para tirar fotos. No Brasil é complicado porque o brasileiro agarra e torna­ se difícil andar na rua. Aqui não. Cá eu sinto­ me um souvenir.

 

Teve de mudar alguma coisa no seu estilo de vida por causa da fama?

Sim, por exemplo, uma vez eu entrei num shopping para comprar um presente para a minha mãe. Entrei discreta, cabelo preso, com duas amigas, mas na primeira loja de perfumes que entrei juntaram­ se pelo menos umas 20 pessoas do lado de fora. Eu não conseguia sair da loja. Tive de sair mandando beijos de longe para todo o mundo, e brincando, mas na companhia dos seguranças do shopping. É muito difícil porque em qualquer momento pode acontecer um tumulto. Alguns lugares ficaram proibidos para mim. Fiquei um pouco com fobia de certos lugares. Opto sempre por fazer a minha vida pelos mesmo sítios e em sítios mais discretos, mais restritos. Não dá para ir às compras num supermercado normal. Já tive de andar com seguranças, mas tento sempre levar a minha vida de forma mais normal possível, prefiro ser eu a conduzir o meu carro. Eu só gosto da fama por causa do carinho do público e do poder que isso me dá a nível solidário.

 

Depois destes dois concertos em Portugal, como vê o público português?

É sempre surpreendente vir a Portugal. O público tem uma grande cumplicidade comigo, sinto­ me quase como uma adotada. Sou filha de portugueses, portanto sinto­ me mesmo em casa e acho que os portugueses se identificam comigo. O público português é o público que mais canta no mundo, o brasileiro o que mais dança. Isso emociona­ me. Imagine uma cantora ver um coro afinadíssimo a cantar todas as canções do principio ao fim. Os espetáculos em Portugal são sempre uma celebração.

 

Neste espetáculo contou com a companhia em palco de Camané, de Teresa Salgueiro e de Luís Represas. Foi um encontro de amigos?

Foi um encontro de amigos, íntimo e despojado. Só não tinha tido a chance de conhecer antes do concerto a Teresa. Falava muito pelo telefone com o Camané, mas também só o conheci pessoalmente agora. O Luís Represas, cantei com ele no ano 2000, num show enorme em Copacabana. Esse foi um espetáculo único, quase que foi como dar um sarau em casa.

 

Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Bruno Peres, Impala e DR

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