O ex-dux da Universidade Lusófona, João Gouveia, foi absolvido pelo Tribunal de Setúbal do processo de indemnização cível movido pelos pais dos estudantes que morreram em dezembro de 2013 na Praia do Meco, em Sesimbra. João Gouveia foi o único sobrevivente da tragédia onde morreram seis jovens estudantes, Catarina, Carina, Joana, Andreia, Pedro e Tiago. Os pais das vítimas pediam indemnização de 1.3 milhões de euros. A Universidade foi também absolvida. A decisão do Tribunal foi conhecida na manhã desta quinta-feira.
No Tribunal, durante o julgamento, João Gouveia clamou inocência pela morte dos seis jovens estudantes da Lusófona. Defendeu que a ideia de ir para a praia não foi dele, mas de Catarina e Tiago e que nessa noite tinham ingerido bebidas alcoólicas, por iniciativa de cada um e não pelo seu comando.
«Vi-os com pedras amarradas aos pés»
Etelvina Fonseca, empregada de limpeza da casa onde os estudantes ficaram alojados, relata os acontecimentos anteriores à tragédia. “Vi-os co com pedras amarradas aos pés. O senhor de barbas [João Gouveia] vinha à frente, com a colher de pau na mão e os outros vinham a rastejar atrás. Pareceram-me pedras da calçada, acinzentadas, grandes”. Foi desta forma que a mulher responsável pela limpeza da casa onde o grupo de estudantes ficou alojado em dezembro de 2013 descreveu, em tribunal, os momentos que antecederam a tragédia.
Etelvina, hoje com 75 anos, contou que se apercebeu da chegada do grupo logo na sexta-feira (dia 13 de dezembro de 2013), mas foi no sábado que a presença dos sete jovens estudantes da Lusófona se fez notar na zona de Aiana, Sesimbra. “Nesse sábado reparei que estavam no jardim da casa a fazer um churrasco e vi duas raparigas a fazer flexões. Uma disse que já não aguentava, mas um dos rapazes de barba respondeu que era para continuar”. Mais tarde, mas ainda horas antes da tragédia na praia do Meco, o grupo foi visto a realizar atividades relacionadas com a praxe.
«Raparigas com as meias rasgadas»
Este testemunho foi corroborado por outras duas moradoras daquela zona que afirmam ter visto seis jovens a receber ordens “de um mais alto e com barba que tinha uma colher de pau na mão”. “Passaram á frente de minha casa a rastejar, cheios de lama e, no caso das raparigas, com as meias rasgadas”. Relativamente à noite de dia 14, na qual viriam a perder a vida, ninguém admitiu ter visto o que quer que fosse. Ainda assim, os depoimentos contrariam as afirmações do ex-dux João Gouveia e deixaram claro que o grupo obedecia a este e estava a realizar e estava a realizar atividades relacionadas com a praxe.
Tal como escreve o CM, Etelvina acrescentou ainda que quando foi limpar a casa, no dia 8 de janeiro, não havia qualquer sinal da presença do grupo. “Apenas ficou a colher de pau atrás de uma porta e um balde com água suja“, garantiu em tribunal.
Texto: Tomás Cascão; Fotos: D.R.
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