Faz turnos noturnos? O trabalho não permite que aproveite a manhã para fazer exercício? Acaba por comer mal e em horários impróprios? Então saiba que quem trabalha à noite tem um risco maior de morrer mais cedo.
A taxa de mortalidade é 10 por cento maior para as «corujas noturnas» em comparação com as «cotovias matinais», asseguram os investigadores da Universidade de Surrey e da Universidade Northwestern, em Chicago.
Os investigadores sugerem até que os empregadores deveriam permitir que os trabalhadores dormissem uma sesta no trabalho para minimizar o stress psicológico que afeta os hábitos alimentares e de exercício físico. Kristen Knutson, co-autora deste estudo e professora associada de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Northwestern, disse até que reconhecer que precisamos de uma sesta não é sinal de preguiça e deveria ajudar a orientar as políticas também.
Estudos anteriores já tinham demonstrado que dormir pouco, por entrar muito tarde ou muito cedo no trabalho, aumenta o risco de doença cardíaco. Este novo estudo descobre que os distúrbios de saúde mental e diabetes são mais comuns nas «corujas noturnas», pessoas que fazem turnos noturnos. Alerta ainda que a privação do sono também pode alimentar o consumo de álcool e o consumo de drogas.
«Não pode continuar a ser ignorada»
«Esta é uma questão de saúde pública que não pode continuar a ser ignorada», disse Malcolm von Schantz, professor de cronobiologia da Universidade de Surrey.
O estudo, publicado na revista Chronobiology International, perguntou a mais de 433 mil pessoas sobre seus hábitos de sono e acompanhou a sua saúde durante seis anos e meio. No total, 27 por cento dos entrevistados disseram que eram «tipos matutinos», 35 por cento eram «moderadamente matutinos», enquanto as proporções para os tipos moderados e definitivamente noturnos eram 28 por cento e 9 por cento, respectivamente. As pessoas verdadeiramente matutinas tendem a viver mais anos, são maioritariamente mulheres e mais provavelmente não são fumadores.
Durante o estudo morreram mais de 10 mil pessoas da amostra inicial. Dessas, cerca de 20% devido a doenças cardíacas. As mortes entre «corujas noturnas» foram 10 por cento mais altas do que entre as pessoas mais matinais.
«Precisamos de mais pesquisa sobre como podemos ajudar as pessoas mais noturnas a fazer um esforço para manter o relógio biológico sincronizado com a hora solar», sublinha o professor.
Os seres humanos evoluíram para ser amplamente sincronizados com o ciclo de 24 horas de dia e noite na Terra, mas possuem uma variação individual nos hábitos de sono com base numa série de fatores genéticos e ambientais conhecidos como «cronótipo» – Ritmo corporal variável segundo a disposição inata da pessoa. Há também uma crescente preocupação com os efeitos perturbadores das telas de telefones e tablets de luz azul, que é semelhante à luz do dia.
Fotos: DR
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