Lembro-me, até hoje, da sensação de medo que me invadiu quando olhei para a bebé recém-nascida que dormia tranquilamente no carrinho ao lado.
Eu tinha acabado de chegar da maternidade e aqueles eram os meus primeiros minutos em casa com aquele “serzinho” que até há poucos dias estava dentro da minha barriga.
Comecei a pensar que a vida daquela pequenina dependia, literalmente, de mim. Ela alimentar-se-ia do meu leite nos próximos meses, e sua sobrevivência dependeria dos meus cuidados. Ali foi o meu primeiro contacto com o peso da responsabilidade materna.
Até então, não poderia imaginar o quão densa, penetrante e intensa é a maternidade, pois só conhecemos essa realidade quando damos à luz, ou temos nos nossos braços, pela primeira vez, o grande e mais arrebatador amor da nossa vida.
O tempo passa, podemos vir ou não a ter outros filhos, mas o ponto central e imutável da nossa existência passa a ser a tal responsabilidade materna que, aliás, vem acompanhada da culpa. Essa dupla é realmente infalível e jamais nos abandonará.
E todos os dias nos deparamos com os mais diversos desafios e a nossa autoridade de mãe será questionada, virada do avesso, desautorizada e reinventada.
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