Sara Norte saiu da prisão quase há 10 anos. Agora, aos 37 anos, confessa que gostava de casar e que queria muito ser mãe.
Qua, 11/01/2023 - 23:31
Nuno Azinheira (N.A.): Séries, minisséries, novelas, cinema… De repente, a tua vida entrou numa normalidade artística que desejavas muito. Sentes que é o universo a colocar as coisas na sua forma original?
Sara Norte (S.N.): Sim. É o universo, mas eu tenho noção de que demorou bastante. Foram dez anos desde que eu saí da prisão. Foi uma longa caminhada. Com muitos “nãos”.
N.A.: O que sentiste com cada “não” que ouviste?
S.N.: [pausa] Tristeza. Mas eu não ponho a culpa nos outros. Às vezes, até sou demasiado má comigo própria. Meto muitos defeitos em mim.
N.A.: Mas conseguias perceber esses “nãos”?
S.N.: Claro que sim. Não tenho qualquer revolta. Às vezes, via que havia “nãos” que eram preconceitos. Apesar de termos, na classe artística, uma ideia de que somos muito liberais, ainda há gente muito preconceituosa. Quando isso acontece, claro que magoa.
N.A.: O estigma da droga é ainda hoje grande?
S.N.: É mais o estigma da prisão do que o da droga.
N.A.: Entra-se na droga porquê? Necessidade, prazer ou inconsciência?
S.N.: No meu caso, foi por ter começado a andar com pessoas que não devia. Saí de casa cedo, aos 17 anos. Portanto, senti-me um pouco sozinha e acabei por me juntar a quem não devia.
N.A.: Uma família estruturada é fundamental para que os jovens tenham essa capacidade de resistir a essas tentações?
S.N.: Acho que nem isso, às vezes. Mesmo que tenhas uma família muito estruturada, parte de ti o fazeres ou não fazeres. Sempre tive uma educação muito protegida. Até sair de casa, eu não ia a lado nenhum que a minha mãe não fosse. Ela era altamente controladora.
Leia a entrevista completa na edição desta semana da Nova Gente.
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