Rodrigo Guedes de Carvalho, de 56 anos, foi o convidado de Daniel Oliveira no Alta Definição, SIC, deste sábado, dia 21 de março.
O pivô deixou um alerta, há uns dias, no Jornal da Noite, sobre o novo coronavírus, que se tornou viral, fazendo com que a entrevista, gravada em 2013, fosse repetida.
A maior referência do jornalista é o avô paterno. «Tínhamos extraordinárias conversas os dois calados na sala. A família admirava-se porque passávamos horas calados. Nós não sentíamos que estávamos em silêncio. Ele era uma presença muito apaziguadora para mim», começa por contar.
«Tenho muitas saudades dos meus avós que já partiram. Passados uns dois anos, numa ceia de Natal. estava só eu, a minha mulher [a jornalista Teresa Dimas] e os meus filhos e, de repente, deu-me uma quebra brutal, um ataque de choro brutal e deixei sair muita coisa. Estava com muitas saudades. É uma dor que não sara, serena. Mas não sara», continua.
«Foi definhando e a agonia lenta do final foi dolorosa para todos»
Durante a conversa, Rodrigo Guedes de Carvalho revela como foram os últimos dias do avô, uma altura dolorosa para a família: «O meu avô era um homem bonito, quando entrava numa sala era impossível deixar de olhar para ele… já depois dos 80 anos, teve um pequeno AVC. Esse pequeno AVC não era dramático, mas ele tinha que seguir uma rotina de fisioterapia, no sentido de melhorar um bocadinho a fala e os movimentos, e ele não o fez. Por orgulho. Fechou-se em casa, foi incapaz de se mostrar às pessoas naquele estado e isso foi fatal. Foi definhando e a agonia lenta do final foi dolorosa para todos.»
«Nunca mais lá passei. E nunca mais vou passar»
Daniel Oliveira quis conhecer a história da «casa» do Porto ligada à família do jornalista. «Era uma casa maravilhosa no centro do Porto, na Boavista, com um jardim, que o meu avô alugou no início da sua vida profissional com grande sacrifício. À uma da tarde de domingo tínhamos de estar à mesa, mesmo que estivéssemos ressacados, porque o meu avô insistiu nesses almoços. Que eram de facto as ocasiões, reparámos agora que ele morreu, em que nós nos juntávamos», começa por dizer.
«O meu avô morreu primeiro e a minha avó foi retirada dessa casa, foi viver com um tio meu. Essa casa ficou abandonada. Eu passei lá e, portanto, aquilo foi a primeira imagem para mim, de que tinha acabado. Estava tudo em mato», continua.
Seguiu-se a morte da avó de Rodrigo Guedes de Carvalho. «Posteriormente morre a minha avó. Eu fui daqui ao Porto, ao funeral e, antes de fecharem o caixão, dei-lhe um beijo, disse-lhe uma coisa ao ouvido, que guardo para mim. Saí sozinho, parei em frente à casa, peguei numa moeda que era importante para mim, beijei-a, disse outra coisa, mandei a moeda para o meio do jardim e nunca mais lá passei. E nunca mais vou passar. Fechei, encerrei. Não quero saber como está aquela casa, porque já não é a nossa casa. Já foi, não será mais», remata.
O jornalista deu beijos a todas as pessoas da sua família mais próxima que morreram. «Despedi-me deles como me despedia deles ou cumprimentava antes. Gostaria de ter uma garantia de que eles já não sentem nada», frisa.
Por fim, o pivô do Jornal da Noite revelou algo caricato: «Sofria com os piropos à minha mãe. Ela era e é uma mulher vistosa. Reparava que aquilo a incomodava e agia.» Os pais do rosto da estação de Paço de Arcos tiveram-no muito novos. «O meu pai tinha 20 e a minha mãe 18.»
Também por causa do avô, que foi mordido por um cão, teve medo desses animais de estimação «durante muitos anos». «Reconciliou-se» com os cães por causa da mulher.
O casal de jornalistas tem dois filhos: Rodrigo, de 27 anos, e Benedita. de 25.
Texto: Ivan Silva; Fotos: reprodução Instagram e arquivo Impala
Siga a Revista VIP no Instagram