Roberto Leal morreu no passado dia 15 de setembro e, este sábado, dia 21, a SIC voltou a transmitir a entrevista do cantor a Daniel Oliveira, em Alta Definição. Uma autêntica viagem pelos melhores e os piores momentos da vida do cantor que uniu Portugal e o Brasil.
Admirador incondicional dos pais, Avelino e Maria Fernandes, o cantor recordou com carinho a frase que muitas vezes ouviu do progenitor: «O importante não é cairmos, é levantarmos».
Sempre dividiu a atenção, o carinho e o pouco dinheiro que a família tinha com nove irmãos. Teve para ele «pouco tempo», mas não atribui a culpa a ninguém. «A minha mãe deitava um e ia tratar de outro, com dez filhos…», contou.
«Eu sou filho de um amor que venceu tudo»
«Era para sempre um homem frustrado e revoltado, mas porque eu sou filho de um casamento onde o amor venceu todas as barreiras, eu sou o homem mais feliz. Eu sou filho de um amor que venceu tudo», contou, de lágrimas no rosto.
Na infância passou por muitas necessidades e, tanto ele como os irmãos, chegaram a ter dois trabalhos. «Eu não passei fome, mas passei muitas necessidades. Nas aldeias matávamos um porco e era uma festa, mas tivemos muito tempo sem conseguir matar um porco», revelou.
António Joaquim Fernandes, nome de batismo do cantor, «ganhou» o nome artístico através de um professor.
«Eu estudava numa academia. Um professor chegou e disse-se: ‘Você canta bem, tem perfil, vamos começar a carreira artística. O teu nome vai ser Roberto leal. Porquê? Leal porque justifica o teu nome, Roberto porque vais ser o Roberto Carlos português’», recordou com orgulho.
Antes de alcançar o sucesso, Roberto Leal vivenciou muitas críticas à sua música e ao seu talento. «’Roberto, o seu negócio não é a música’, doeu muito», desabafou.
«Peço a Deus que me deixe continuar onde está no pai»
Até que chegou a oportunidade de atuar em direto na Globo «para o país inteiro». Roberto Leal não dormiu a semana inteira com o entusiasmo, mas tudo acabou por correr pelo melhor e foi adorado por quem o viu. «Será que não dá para pensar que há uma força maior e se junta à missão?», questionou.
Com mais de 40 anos de sucessos, Roberto não teve a oportunidade de mostrar o que alcançou ao pai. Por isso, tinha um desejo que confessou a Daniel Oliveira: «Eu sou um homem feliz. Quando eu for embora eu sei que isto foi apenas um ensaio. Peço a Deus que me deixe continuar onde está no pai».
Durante a conversa, o artista revelou ainda o apoio essencial que recebeu da mulher, Márcia, mãe dos seus três filhos. «Eu não sabia dizer ‘não’. Ela ensinou-me. A Márcia estava fora do brilho.»
Roberto Leal terminou a conversa respondendo à típica questão: «O que dizem os teus olhos?». «Tenho muita esperança e os meus olhos vão sempre enxergar a esperança. No dia em que não enxergarem esperança prefiro ficar com eles fechados.»
O músico morreu na madrugada de domingo, 15 de setembro, após seis dias de internamento no Hospital Samaritano, em São Paulo. O português nascido em Vale da Porca, Macedo de Cavaleiros, e radicado no Brasil, perdeu a vida após ter tido uma reação alérgica a um medicamento, que se traduziu numa insuficiência renal e hepática.
O cantor de êxitos como Arrebita, Uma Casa Portuguesa e Chora Carolina era casado há mais de quatro décadas com Márcia Lúcia A. Fernandes e deixou três filhos: o produtor e músico Rodrigo Leal, de 39 anos, a atriz Manuela Fernandes, de 36, e o pintor Victor Diniz, de 29.
Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Impala
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