Rita Pereira mudou de visual ao adotar umas longas tranças, bem ao estilo africano, mas não escapou de algumas críticas, sendo, inclusivamente, acusada de apropriação cultural.
A atriz partilhou, a 15 de julho, uma publicação no Instagram onde dançava ao som de “Filha da Tuga” e mostrava o seu novo penteado. Desde então, não teve mais descanso e viu o seu nome envolvido em polémica. Nesta terça, feira, dia 19, Rita Pereira voltou a falar, disse “respeitar, admirar e honrar a cultura africana” e por ser “ativista em relação ao racismo”, faz com que a situação não seja apropriação cultural “mas sim admiração cultural”.
“São 18 anos a ‘chegar-me à frente’ no que diz respeito ao racismo”
“Desde que me conheço como gente que sou contra a desigualdade, a segregação racial, a discriminação social, o racismo. Desse que faço televisão que me manifesto contra o mesmo publicamente. São 18 anos a ‘chegar-me à frente’ no que diz respeito ao racismo”, começou por dizer.
“Fui das primeiras pessoas (não afro descendente) a falar de racismo em televisão, sem medo do que isso implicaria. Não sou eu, uma branca privilegiada, que devo falar sobre isto, mas tendo consciência plena deste privilégio e da influência que tenho no meu país, não posso ficar calada, deixando que me apontem o dedo como ‘desinformada’“, continuou.
Logo de seguida recordou uma conversa com uma amiga afro descendente.
“Há uns meses, em conversa com uma amiga afro descendente, ela contou-me que foi despedida do seu trabalho por ter aparecido de tranças. Sim, por usar tranças. Isto ainda acontece em Portugal. E porquê? Porque o cabelo de um africano, as danças, a afro, é vista (por estes racistas) como sujo, impróprio, pouco profissional, não é digno. Em muitos lugares do país os cabelos afro não são aceites”, contou, para depois acrescentar:
“Ora, se isto me causa revolta, imaginem às pessoas que sentem isto na pele há centenas de anos. E depois vem uma branca privilegiada com tranças e é sinónimo de exótica, moderna, linda, tudo de positivo, algo pelo qual os afro descendentes lutam há anos, equidade étnica, cultural e capilar”, continuou.
“E agora a questão: se sei disto tudo porque fiz na mesma as twists?”, perguntou.
“O facto de eu usar tranças ou twists é no meu ver uma valorização, admiração, respeito e acima de tudo parte da globalização”
“Porque, após questionar o meu marido, amigos, familiares e ativistas afro descendentes, cheguei à conclusão que, devido à minha história de vida em relação à cultura africana, o facto de respeitar, admirar e honrar a cultura, sendo ativista em relação ao racismo, faz com que não seja uma apropriação cultural, mas sim admiração cultural”, explicou.
“Apropriação cultural é, entre outras coisas, usar algo da cultura de um povo sem o valorizar. Acham mesmo que eu, perante toda a minha história, estou a desrespeitar, desvalorizar ou a apoderar-me da cultura africana?. O facto de eu usar tranças ou twists é no meu ver uma valorização, admiração, respeito e acima de tudo parte da globalização. Espero que esta polémica tenha ajudado pelo menos a trazer à praça pública esta questão da cultura capilar para que seja aceite em qualquer lugar, qualquer empresa, qualquer comunidade”, rematou.
Texto: Márcia Alves; Fotos: Reprodução Instagram
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