Ricardo Quaresma
Fala dos preconceitos que vive por ser cigano

Entrevistado por Daniel Oliveira, Ricardo Quaresma falou dos preconceitos e racismo que vive desde a infância por ser cigano. “Aos olhos dos outros era sempre culpado (…) Há muita gente que diz que não há racismo, mas infelizmente ainda ligam a isso (…) por ser cigano o alvo era logo eu, era uma criança revoltada por isso (…) um dia desapareceu um casaco da escola e os pais começaram logo a dizer que de certeza tinha sido o cigano (…) mais tarde a verdade veio ao de cima e perceberam que não tinha sido eu. (…) tenho orgulho daquilo que sou e nos pais que tenho. (…) Se tenho a força e a personalidade que tenho foi porque já vivi muita coisa. (…) No mundo do futebol, e tu sabes disso, tenho a fama de [ser] muita coisa. E eu nunca fumei, nunca bebi, nunca experimentei nada nem tenho vontade de o fazer. Mas, lá está, como sou cigano, vim de um bairro… Tenho essa fama. Porque a fama é fácil de meter. O mais difícil é tirar-te essa fama de cima”, afirmou, acrescentando: “Sempre tive a consciência tranquila. (…) Sempre senti o cigano como uma maneira de me ofenderem, mas enganam-se eu tenho orgulho de ser cigano. Não há povo mais alegre.”

O futebolista Ricardo Quaresma falou ainda nas dificuldades que viveu na infância, contudo ressalva que nunca lhe faltou amor dos pais, especialmente da mãe. “A casa era muito pequena mas dava para dormir e comer. A minha mãe nunca me deixou faltar nada. Tinha vários trabalhos (…) Quando comecei a ganhar dinheiro era tudo para ajudar em casa, não podes esquecer quem te ajudou (…) aquilo que eu passei, os meus filhos nunca vão passar, nem que eu desse a volta ao mundo (…) se Deus quiser nunca vão ver aquilo que eu vi. (…) os meus filhos são a minha vida. Sou um pai babado”, disse, afirmado que “dava a vida” por qualquer uma das crianças. 

Fotos: Impala 

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