O lançamento do livro Carl XVI Gustaf – O Monarca Reticente deixou os súbditos suecos em estado de choque. Ainda assim, isso não impediu que corressem para as livrarias e esgotassem a primeira edição em pouco mais de duas horas. Apesar de desvalorizar completamente a obra, Carlos Gustavo não desmentiu as afirmações que são feitas, onde se incluem orgias com prostitutas, um affair com uma cantora, 18 anos mais jovem, e o papel da espionagem sueca que se encarregava de eliminar todas as pistas, incluindo fotos comprometedoras.
“Falei com a minha família e com a rainha, virámos a página e seguimos em frente, porque se tratam de factos que ocorreram há muito tempo”, afirmou o monarca no fim de mais uma caçada ao alce em Hunneberg, a sul do país, onde aproveitou para falar publicamente sobre o livro. Seria, aliás, após estas famosas caçadas que as orgias com prostitutas teriam lugar.
Não aprofundando demasiado o assunto, o rei também não o evitou, garantindo contudo que ainda não teve tempo de ler toda a obra. “Li algumas passagens que não eram nada agradáveis”, disse à Imprensa.
Carl XVI Gustaf – O Monarca Reticente foi escrito por três jornalistas e conta a juventude e ascensão do monarca ao trono, aos 27 anos. No entanto, boa parte da publicação centra-se nas festas organizadas com os seus amigos, na companhia de prostitutas, e do relacionamento que o rei manteve no final da década de 90 com Camilla Henemark, a cantora do grupo pop sueco Army of Lovers.
Um dos autores, Thomas Sjöberg, disse em entrevista que para escreverem o livro falaram com ex-colegas de escola, professores, funcionários, guarda-costas e até pessoal da corte. O resultado é uma obra polémica, apimentada com inúmeras saídas nocturnas que poderiam, inclusivamente, pôr em perigo a segurança do monarca por se passarem em bares cujo proprietário era um mafioso sérvio ligado ao mundo da pornografia.
Apesar da polémica estar instalada, a casa real sueca anunciou que não tomará qualquer medida legal contra os autores da obra, que é já um êxito de vendas. Da parte dos autores, garantem nem sequer temer represálias, visto o texto estar “bem documentado”.
Sobre o caso com a cantora de origem africana – que aconteceu quando o rei tinha 64 anos – dizem que a rainha estava a par de tudo e que “Camilla temia tornar-se a mulher mais odiada da Suécia se a sua ligação com o monarca fosse conhecida publicamente”.
O jornalistas Thomas Sjöberg, Deanne Rauscher e Tove Meyer garantem, contudo, que apenas quiseram descrever o rei como “uma pessoa comum.”
Carlos Gustavo é rei da Suécia desde 1973. Casou três anos depois com a plebeia Sílvia Sommerlath, hoje a rainha consorte. A paixão entre ambos nasceu nos Jogos Olímpicos de Munique quando a então intérprete conduziu Carlos Gustavo ao seu lugar. O casal, até hoje considerado um dos mais estáveis de toda a realeza do Velho Continente, tem três filhos: a princesa Victoria – herdeira do trono dos Bernadotte – Carl Philip e Madalena.
Resta saber se este livro vem de facto afectar a vida do casal e a popularidade do rei, ou se este é um episódio que não ficará para a história da família real sueca. Por outro lado, saber-se-á também se os súbditos terão a capacidade de virar a página num tema tão delicado e polémico.
Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Reuters, Impala e DR
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