Foi proclamado rei de Espanha a 19 de junho, mas até ao final do ano continuará a receber o ordenado que lhe foi designado enquanto príncipe. Apesar de ter ascendido ao trono, sucedendo ao seu pai, o rei Juan Carlos – que conserva o título após a abdicação –, Felipe não pretende alterar o plano financeiro que foi determinado para este ano. Assim, mantém o vencimento de 146 376 euros anuais e o seu pai o de 292 752 euros.
Os ordenados de Sofia e Letizia também continuam inalterados. Mas se a sensação que passa é a de que tudo continuará igual na monarquia espanhola, a verdade é diferente! O rei adotou uma série de novas medidas de transparência, que passam também por um código de conduta. E, a partir de 1 de janeiro do próximo ano, será tudo implementado.
Entre as medidas de transparência destaca-se o facto de o rei ter determinado que as contas da casa real vão passar a ser analisadas por uma entidade exterior, ou seja, estarão sujeitas a uma auditoria externa, para garantir total transparência, algo que já acontece nas monarquias holandesa, inglesa e escandinava. Mantém-se também a auditoria interna, que já se verifica desde 2007. Os membros da família real não poderão exercer profissões em entidades privadas, como acontecia com as infantas Elena e Cristina, e os presentes que recebem passarão a estar regulados. Aliás, as duas irmãs do rei Felipe deixam, inclusivamente, de pertencer à família real e passam a ser consideradas família do rei.
A família real passa a ser constituída, apenas e somente, pelos reis Felipe e Letizia, Juan Carlos e Sofia, a princesa das Astúrias, Leonor – que, com apenas oito anos, é a atual herdeira do trono espanhol –, e a sua irmã Sofia, de sete anos. Desta forma, o núcleo que constitui a família real só poderá exercer funções institucionais em exclusivo. Esta é, sem dúvida, uma medida que resulta do escândalo Nóos, que envolveu a infanta Cristina e o marido, Iñaki Urdangarín.
Ao fazerem parte da família do rei, as infantas deixam de ter uma agenda oficial, o que significa que deixam de participar nos atos institucionais em representação da coroa. Isso só acontecerá em casos muitos pontuais, quando o rei ou o Estado assim o solicitem, mas não receberão qualquer tipo de retribuição financeira por custos de representação.
No que diz respeito às férias, Felipe VI e a mulher irão gozar de alguns dias em Palma de Maiorca. Por esta altura, a rainha Sofia e os seus netos já estão naquela ilha das baleares. Mas o rei terá pouco tempo para descansar, pois tem várias responsabilidades de trabalho a cumprir em Madrid. Ainda em agosto, viaja com a mulher até à cidade de Liège, na Bélgica, para participar nos atos comemorativos do centenário da Primeira Guerra Mundial.
Em setembro, os reis viajam para os Estados Unidos para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas, a partir de onde irá proferir o seu primeiro discurso com verdadeiro alcance internacional. Nessa altura, dar-se-á o seu primeiro encontro, na qualidade de rei, com o Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama.
Felipe e Letizia estão a conseguir recuperar a popularidade da monarquia espanhola junto dos seus súbditos, que, até há pouco tempo, estava nos mínimos históricos. Com estas medidas implementadas pelo rei, e com menos de dois meses de reinado, dá-se um reforço de confiança na monarquia.
Texto: Helena Magna Costa; Foto: Reuters
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