Rebeca tem 40 anos, quase duas décadas de carreira e uma história de vida muito marcante. A autora do êxito «O Meu Nome é Rebeca» abriu o coração para falar sobre o cancro, sobre a família e assume-se uma mulher «forte» e «orgulhosa» de si.
VIP – Rebeca anunciou publicamente em fevereiro de 2018 que lutava contra um cancro na mama. Qual foi a primeira coisa que lhe passou pela cabeça quando descobriu?
Rebeca – Pensei que ia morrer. Foi a primeira coisa que me passou pela cabeça, de facto.
Já tinha lutado contra um cancro na tiroide anteriormente, mas nunca se está pronto para se ser confrontado com esta realidade não é?
Sim, é verdade. Eu já tinha tido um cancro na tiroide há muitos anos. Sabia que era maligno, mas não foi preciso fazer tratamento, foi só cirurgia. Quando descobri este segundo cancro pensei: “Isto não pode estar a acontecer comigo, com certeza”. Pensei que estava a sonhar, ou melhor, a ter um pesadelo. Eu faço uma alimentação saudável, tenho um estilo de vida quase perfeito, sou ativa, não fumo, não bebo. E depois acontecem estas coisas que não têm explicação porque, no meu caso, nem sequer é um problema genético. Por um lado, ainda bem. Já basta a minha situação. Mas pensei logo que ia morrer. Que era o fim.
A Rebeca tem um filho. Como é que se conta a um filho que se tem um cancro?
Não se conta. Eu não fui capaz. Tentei apaziguar a situação, queria dizer-lhe olhos nos olhos para o acalmar, para lhe explicar. Ele estava no carro à minha espera e eu, em vez de ir ter com ele, telefonei-lhe e contei-lhe. Não fui capaz de o confrontar. E mesmo pensando que ia morrer, disse-lhe que tudo se ia resolver.
Como é que o seu filho reagiu?
Mal. Muito mal. O meu filho berrou, gritou, chorou muito. Foi nessa altura que deixei de pensar em mim. Estava só a pensar nele, no sofrimento dele. Já não pensava que poderia perder a vida, só não queria que ele perdesse a mãe. Claro que isso não estava nas minhas mãos, mas nestes casos acredito que a nossa cabeça também comanda. Então, pelo meu filho, agarrei-me aos tratamentos, aos médicos e acreditei sempre que isso me iria salvar e que me iria “safar” de novo.
Qual foi a sua maior força nessa altura?
Eu não sou uma pessoa muito crente, não sou pessoa de me agarrar muito a Deus. Eu costumo dizer que o meu Deus é o meu filho e foi a ele que eu me agarrei durante o cancro. Foi nele que encontrei a minha força. Foi por mim, mas também por ele, que lutei até ao fim. E consegui vencer. O meu filho é mesmo o meu Deus. Vejo-o todos os dias, sei que ele existe e acredito muito nele.
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Texto: Mafalda Mourão; Fotos: José Manuel Marques
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