É atriz, voltou a estudar porque achava que já era tempo de ter formação em teatro, e é mãe de Afonso, de quatro anos. Aos 34 anos, Sylvie Dias tem os dias preenchidos e a alma cheia. Separada de Pedro Lopes há dois anos, ainda não reencontrou ninguém, mas sonha voltar a ser mãe ao lado da pessoa certa Até lá, vai concretizando algumas aventuras com amigos, como a Festa do Vinho e as levadas, na ilha da Madeira.
VIP – A Festa do Vinho é mais uma boa oportunidade de vir à Madeira?
Sylvie Dias – Já estive cá algumas vezes, a maior parte delas em trabalho, mas nunca estive muito tempo. É a primeira vez que venho à Festa do Vinho e foi ótimo porque conseguimos perceber o ambiente e a paisagem é mesmo muito bonita.
E pisar uvas foi uma boa experiência?
Não foi a primeira vez que experimentei porque os meus pais faziam vinho, desde miúda que pisava as uvas com os meus irmãos, no pequeno lagar. Costumava ajudar os meus pais no processo todo: acrescentavam- se uns aditivos, depois vinha a fermentação, a água-pé, o engarrafamento. Por acaso eu não gostava de vinho, passei a gostar de vinho muito mais tarde. E estou aqui para provar o vinho da Madeira.
Continua a ir a casa dos seus pais com muita frequência?
Sim, muito por causa do Afonso. Têm uma quinta enorme, com frutas e legumes, costumam cultivar. Eu ajudei quando era miúda, sabia-me bem ir apanhar fruta e comer, sem lavar, e queria muito que o meu filho tivesse esse ambiente. Devido ao meu trabalho passa lá muito tempo e adora. Sai da préprimária às cinco da tarde e está ali até às oito da noite. É na zona do Ribatejo, em Benavente. É muito satisfatório vê-lo crescer no mesmo ambiente que eu tive, até porque acho que me fez muito bem, estive sempre em contacto com a Natureza, queria que ele tivesse esse contacto com a terra.
Escolheu ficar por perto por uma questão de logística, por estar sozinha com o Afonso?
Não, é mesmo porque não consigo imaginar-me a viver longe do campo. Comprei casa aos 21 anos e comprei perto da Companhia das Lezírias. Na altura nem sequer tinha filhos, foi mesmo porque gosto. Lisboa é onde está tudo, cinemas, restaurantes, a atividade profissional, mas para descansar é lá que me sinto bem.
Depois desta semana de férias, regressa ao trabalho?
Acabei as gravações de Bem-vindos a Beirais no fim de julho. Já receberam a notícia de que haverá uma segunda temporada, mas será difícil o meu personagem voltar, pela maneira como acabou na primeira temporada. Entretanto, fui convidada para integrar uma peça do Teatro Malaposta, vou começar os ensaios em novembro e vai estrear em dezembro. É ótimo porque estou a fazer o conservatório de teatro. Acabei o primeiro ano, tive média de 15 valores!
O Afonso, as aulas, o trabalho, como concilia tudo?
Já estava a adiar isto há muito tempo e depois pensei que quanto mais a idade avança mais difícil se torna, se tivesse dois filhos seria ainda mais complicado, teve de ser agora. Consegue-se. Com uma agenda bem programada, com a ajuda de muitas pessoas, especialmente os meus pais, estou a conseguir fazer tudo.
Tinha saudades de estudar?
Sabe bem. O último curso onde estive foi Comunicação. Passados dez anos, não tenho muitas saudades das diretas para estudar, mas da aprendizagem tinha bastantes. Estou a adorar História do Teatro, História da Arte, a parte prática. Temos aulas de voz, de corpo, de interpretação, e com a experiência é muito bom ter noção de como os posso aplicar. Por um lado até é bom fazer o conservatório só agora.
Pelo facto de ter menos tempo, não é mais disciplinada?
Sim, tem a ver com organização, eu agora não consigo ser desleixada com o tempo. Tenho horários para tudo, estou sempre a contra relógio, a contar minutos.
E as férias, serviram para descansar?
As férias serviram para estar com o Afonso. Agora está a passar uma semana de férias com o pai e eu tinha decidido que tinha de ter o meu encontro anual com a Natureza, que é onde vou buscar a minha energia. Já tinha decidido que ia fazer as levadas da Madeira, como surgiu este convite juntei o útil ao agradável, decidi ficar mais uma semana depois da Festa do Vinho, e já tenho alguns percursos programados. Vou fazer a levada das 25 pontes, a levada do risco e vou conhecer alguns sítios que ainda não conheço, desta vez vou ter mais algum tempo para conhecer a Madeira.
Veio com um amigo…
Sim, o Pedro Cordeiro. Normalmente as raparigas baldam-se sempre. Quando digo que quero fazer uma caminhada, que quero subir a uma montanha ou fazer algo deste género elas costumam escapulir-se e tenho andado a desafiar amigos e normalmente eles aceitam. Nós temos amigos em comum na Madeira com quem vamos ficar e vamos então fazer essa aventura e uns dias com locais, que é a melhor forma de conhecer a Madeira. É pelo desafio e vou ver se ele se aguenta.
Significa então que não há namorado para desafiar?
Exatamente. Eu estou muitas vezes com amigos, principalmente nestas aventuras desportivas. Também subi a montanha do Pico com um amigo.
Estando solteira, as amizades são um pilar da sua vida?
Quer estejamos com alguém ou não as amizades são importantes. Claro que quando temos alguém o pouco tempo que temos acabamos por estar com o namorado. No meu caso com o meu filhote também e os amigos ressentem- se. Não tendo ninguém, os amigos ficam a ganhar e eu também, por ter mais tempo para eles. Tem sido um bocadinho assim, tenho-me reaproximado de amigos que não via há muito tempo.
Falava há pouco de ter um segundo filho, isso significa que pondera a hipótese?
Nunca quis ter só um filho, sempre disse que gostava de ter dois ou três, mas depois não podemos programar a vida e passados dois anos de ter o Afonso tive uma separação da qual não estava à espera, mas quero muito ter um segundo filho. Afinal, só tenho 34 anos, até aos 40 ainda estou na idade normal, a ver se consigo ter uma criança. Tenho é de encontrar o par ideal! Vamos conhecendo pessoas, vendo se dá ou não, obviamente que agora ter um segundo filho tem de ser algo bem pensado e programado. Tal como foi com o Afonso aliás, só que é sempre incerto. Tenho de facto o desejo de ter um segundo filho, mas nunca sabemos se vamos encontrar a pessoa certa, se é a pessoa certa, mas também não vale a pena perder muito tempo a pensar nisso, acho que são coisas que se sentem.
Ficou mais exigente?
Essa é a grande chatice! As separações tornam-nos mais exigentes, a própria idade torna-nos mais exigentes, não perdemos tempo com coisas que achamos que não valem a pena. Nós escolhemos e somos escolhidos, mas dificulta, sim.
E o Afonso, não pergunta por namorados, não faz perguntas difíceis?
Por acaso ainda não. Eu estive foi, recentemente, a tentar explicar-lhe o que é que a mãe faz. Levei-o comigo às gravações. Porque ele vê, dá logo a seguir ao telejornal, eu não quero muito porque tinha umas cenas intensas, mas ele quer ver a mãe, então preferi começar a explicar- lhe. Foi comigo, disse-lhe que ia ver a mãe a ser maquilhada para ser a Cristina, que ia ver a mãe a vestir-se para ser a Cristina, e foi giro porque depois quando me viu maquilhada, com a barriga falsa de grávida, começou a chamar-me Cristina. Acho que ele percebe que é a fingir e é bom ter essa perceção, para não ficar afetado com aquilo que vê na televisão, até a parte em que vê a mãe beijar outros personagens, porque pode ser estranho para ele. Agora estou numa novela, depois posso estar noutra, não vá ele dizer que a mãe tem muitos namorados. Queria que ele começasse a entender e acho que consegui.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Tito Calado
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