Philippe Leroux sente várias dificuldades no dia-a-dia com o filho, de oito anos, diagnosticado com autismo. «A diferença dele tem de ser aceite»
Qua, 20/02/2019 - 11:40
Philippe Leroux vive preocupado com o filho, de oito anos. O ator contou, na estreia do filme Portugal Não está à Venda, que sente várias dificuldades no dia-a-dia por Theo ser um menino diferente. Philippe Leroux fala abertamente do assunto porque quer abrir mentalidades.
«Não tenho problemas nenhuns em falar de neurodiversidade e sobretudo da diferença dele que tem de ser aceite. É por isso que falo com a maior naturalidade possível, obviamente até um certo ponto. Vai existir um ponto em que vou deixar de o fazer por respeito a ele. Mas de resto, eu acho que é importante falar do autismo, para que as pessoas entendam que não é uma doença, é uma característica. Isso para mim é um trabalho que eu estou a fazer», revela. No dia-a-dia, Philippe Leroux «não sente preconceito», mas garante que «há uma má informação».
«Sinto dificuldades porque há muitas estruturas quer ainda não estão preparadas a nível, por exemplo, da segurança social, das escolas… há muitas coisas em falta, mas é por todo o Mundo, não é só em Portugal. Tem de haver uma restruturação», afirma. «Não sinto preconceito, o que sinto, infelizmente, é que os miúdos de hoje em dia interagem muito uns com os outros. Um miúdo autista isola-se mais. Isso é o que me pesa mais, é a solidão que estas pessoas acabam por ter».
Sobre o filme Portugal Não está à Venda, de André Badalo, Philippe Leroux revela que dá vida à personagem que retrata um chefe francês, que vem introduzir a nouvelle cuisine em Portugal. Esta comédia pretende colocar os portugueses a pensar sobre a identidade do País. «Portugal está a receber imensa gente e estamos a perder um pouco a nossa identidade e a nossa cultura. Este filme pretende abrir olhos e, sobretudo, fazer com que as pessoas venham ver cinema português porque isso faz com que solidifiquemos a nossa cultura».
Trabalho não falta a Philippe Leroux. «Estou a preparar duas peças de teatro, uma como autor e outra como encenador. Ainda não temos sala, tínhamos uma sala prevista para a Malaposta, mas teve de ser mudada para outro sítio. Temos imensas séries que estão para estrear da RTP. Não me posso queixar de maneira nenhuma, estou sempre a fazer coisas, como locuções, ensaios, muito trabalho que está por de trás das câmaras…»
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Texto: Ricardina Batista; Fotos: Tito Calado
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