A Casa das Francesinhas é o oitavo restaurante a receber a ajuda de Ljubomir Stanisic, na terceira temporada de Pesadelo na Cozinha, da TVI. Localizado na cidade de Viseu, Zé Carlos e Fátima têm este estabelecimento comercial há cinco anos. A Casa das Francesinhas é o sonho de uma vida que se tornou num pesadelo. Ljubomir tem, por isso, muito trabalho pela frente.
Fátima é a proprietária e cozinheira. “Com oito anos, o meu primeiro cozinhado foi arroz de míscaros, o meu pai sempre me incentivou a gostar da cozinha”, conta. Mas o ambiente entre a proprietária e Zé Carlos, o marido, que também trabalha no restaurante, nem sempre é o melhor: “Umas vezes corre bem, outras vezes só nos falta andar à chapada”.
O restaurante chama-se Casa das Francesinhas, mas a proprietária admite que prefere confecionar outros pratos. “Para mim não mete piada as francesinhas, mas há dias em que só saem francesinhas”, lamenta.
Zé Carlos, o marido de Fátima, também é mecânico, profissão que acumula com a de empregado de mesa no restaurante. Na Casa das Francesinhas há ainda outro funcionário: Nelson, o ajudante de cozinha, que se intitula de o “rei das francesinhas”.
Os clientes escasseiam e só abundam durante a Feira de São Mateus. “Fora dessa época é mau, temos meia dúzia de clientes”, lamenta Fátima, que admite já ter pensado em desistir algumas vezes.
Um almoço de cachecol, gorro, manta e luvas
Stanisic chega ao restaurante para fazer a primeira avaliação e a primeira coisa que repara é no facto do lettering ser antigo e as fotos da comida pouco apelativas. “Isto parou no tempo. Há 50 anos atrás era igual”, repara.
A comida chega e deixa o chef desiludido. O camarão está “seco”, há gritos na cozinha, mas o que incomoda verdadeiramente a estrela de Pesadelo na Cozinha é o frio que se sente dentro do restaurante. “Deve ser dos sítios mais frios que eu já vi”, reclama. Ljubomir interrompe mesmo a refeição para ir à rua buscar uma manta, um cachecol, um gorro e um par de luvas. “Com o frio que está, o arroz cru até sabe bem porque está quente”, ironiza. Na cozinha, Zé Carlos pressiona Fátima.
Depois, Stanisic irrita-se com as interrupções de Zé Carlos, que está sempre a perguntar se “está tudo bem”. “Não consigo comer esta merda, isto está horrível”, atira Ljubomir, lamentando que a carne seja seca, os cogumelos de lata e a francesinha feita com “molho de pacote”. Zé Carlos acusa mais pressão e volta a discutir com Fátima.
À noite, Ljubomir regressa. A cozinha parece limpa e “bem esfregada”, mas os arrumos estão desarrumados. Ljubomir fica incomodado com o facto dos congelados irem diretamente para a frigideira para cozinhar.
“Investe mais em ti!”
Depois, pede a Fátima que não ignore as suas recomendações: “A minha preocupação é grande: ou queres ouvir-me ou queres continuar a fazer a mesma merda que estavas a fazer antes… o que eu não respeito é fazeres merda. O senso comum é observar o que o cliente gosta ou não”, alerta.
De seguida, deixa um recado a Zé Carlos: “Já vi ontem que eras bruto com a tua mulher e essa merda incomoda-me muito. Odeio machistas. Não se trata mal mulheres”.
Nelson também é chamado à atenção por parecer uma “barata tonta” na cozinha, mas o ajudante defende-se com o número de tarefas que tem de realizar.
Ljubomir chama Nelson para uma conversa séria e aconselha-o a estudar mais sobre a área: “temos que sempre que querer mais. Se é cozinha que queres: estuda sobre ela. Investe mais em ti!”. Nelson concorda: “Estava um pouco aéreo. A maior lição que aprendi é que não se pode brincar numa cozinha porque as oportunidades só aparecem uma vez na vida”.
Chega a vez da conversa com Fátima e o chef procura conhecer melhor a sua história de vida: “Os meus pais de criação criaram-me, enquanto que os outros dois não. Ainda hoje passam lá ao lado e não me vão ver. Quem tinha um restaurante era os meus pais adotivos. O Zé Carlos tem um feitio especial”, revela. “Eu não tenho tempo para mim”, lamenta ainda. Ljubomir também aconselha Fátima a estudar para aprender a cozinhar melhor.
Depois é a vez de José Carlos: “Nasci praticamente entre tratores. A vida de restauração começou com a Fátima”, conta. E é feliz? “Às vezes sim, outras vezes não”, admite. É nessa altura que Ljubomir chama à atenção de Zé Carlos que a mulher “trabalha o dobro”. O mecânico admite que tem traumas do passado e explica que tem outro trabalho (mecânico), que deixa de fazer para estar no restaurante a ajudar a mulher. Ljubomir assume o papel de mediador entre o casal e recomenda que tentem ser felizes.
O novo Miminho da Fátima
A equipa do programa Pesadelo na Cozinha renova o restaurante e começa por mudar o nome. Agora, o espaço chama-se Miminho da Fátima.
“Ainda pareço que estou a sonhar. Está espetacular”, chora Fátima, ao ver as mudanças. O marido também fica emocionado: “Está muito bonito, estou muito contente, não há palavras”, diz. “Aproveitem esta casa e usem com mais amor”, insiste o chef, que pretende reaproximar o casal. “É fundamental estarem unidos. Que tu (Fátima) pares de teimar e tu (José Carlos) pares de ser bruto. Quero que exista uma união.”
A guerra entre sogro e genro
Chega o dia da reabertura da casa e há ainda uma questão importante por resolver. É que pai de Fátima e José Carlos estão de costas voltadas. Mas, Ljubomir alerta o mecânico que deve esquecer as guerras familiares e perdoar. Fátima também pede ao pai para se relacionar bem com genro.
Durante o almoço, Ljumor decide intervir e coloca sogro e genro frente a frente. Os dois enterram finalmente o machado de guerra e dão um aperto de mão. “Foste um grande homem, com coragem de pedir desculpa”, elogia Stanisic, em conversa com José Carlos.
No final todos estão felizes. A família volta a estar unida e Nelson agradece a lição de vida: “Aprendi a não brincar numa cozinha”. “É um novo futuro pela frente”, terminam.
Texto: Ricardina Batista; Fotos: TVI
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