O teatro São Luiz, em Lisboa, foi o palco de uma homenagem a Pedro Lima, que contou com a presença da família, amigos e colegas de profissão. A mulher, Anna Westerlund, não escondeu a emoção e foi o rosto da saudade e dor.
Na homenagem, foi interpretada uma peça de teatro que Pedro Lima estreou em 2008 com Manuel Wiborg: «Sou o Vento», de Jon Fosse. Este domingo, dia 6 de setembro, Manuel Wiborg voltou a subir ao palco e teve a companhia do ator Rúben Gomes para homenagear o amigo. Pedro Lima foi encontrado morto na Praia do Abano, em Cascais, a 20 de junho, aos 49 anos.
Um dos momentos mais emocionantes aconteceu com o discurso do jornalista Paulo Dentinho, primo e grande amigo de Pedro Lima. Paulo Dentinho recordou como Pedro Lima era exigente consigo próprio, desde muito novo: «O menino traquinas e agitado cresceu e tornou-se num homem bom, bom pai, bom companheiro, bom filho, bom irmão, bom neto, bom primo… o Pedro juntava à sua volta personalidades dispares como um farol que não renega ninguém, fazia-o com uma bonomia e bondade impares, que o digam tantos dos seus amigos, porque ele não competia com ninguém a não ser com ele próprio. Se era exigente era apenas consigo. Aluno exemplar, nadador exemplar, o Pedro era um verdadeiro campeão».
Paulo Dentinho frisou também que Pedro Lima considerava não ter direito a falhar. «Numa tarde ao pé do técnico, em Lisboa, falamos de Deus, da dimensão humana, do erro, do ter direito a falhar. Ele disse me que não tinha direito a falhar. Eu lá contrapus que até Deus falhava e falhou muitas vezes, mas ele não se convenceu. […] A representação tornou-se no seu maior desafio, aquele onde se quis construir, aquele que achava mais difícil mais exigente, mais desafiante».
«Bastou uma frase para tudo desmoronar numa espiral destrutiva»
Paulo Dentinho garantiu ainda que Pedro Lima ficou perturbado por uma frase que ouviu dias antes de morrer. Recorde-se que após a trágica morte do ator, o jornalista escreveu uma carta aberta onde não poupou críticas à TVI.
«Mas este Pedro campeão escondia-nos uma fragilidade, o seu sorriso dissimulava uma enorme depressão e bastou uma frase para tudo desmoronar numa espiral destrutiva. O Pedro começou a sentir que tinha falhado com o ator, fechou-se em si, a exigir de si, a responsabilizar-se, deixou-se envolver em pensamentos sombrios, demasiado sombrios e pesados e ele próprio definiu um final em que todos nós, família e amigos, fomos todos derrotados», disse este domingo
«O Pedro era o pilar da família, onde nós nos vamos continuar a erguer, a celebrar o que ele nos deixou, como pessoa maravilhosa que foi. O meu agradecimento em nome da família do Pedro por esta homenagem», terminou.
Texto: Ricardina Batista e Ana Filipe Silveira; Fotos: Nuno Moreira
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