Foi há 18 anos que a vida lhe ofereceu a oportunidade que tanto desejava. Pedro Lima estreou-se como Pedro em A Grande Aposta, da RTP. Antes, tinha feito algumas participações especiais que lhe trariam a certeza do caminho que queria seguir. Em 1997, nascia o ator que viria a construir uma carreira de sucesso, sustentada pela família que idealizou. Pai de João Francisco, aos 27 anos, do casamento com Patrícia Piloto, conheceu depois Anna Westerlund, que tem sido a sua maior aliada. Ela e os três filhos que tiveram juntos: Ema, Mia e Max.
VIP – Passaram 18 anos desde o início da sua carreira. Sempre quis ser ator?
Pedro Lima – Ser ator foi uma escolha, um sonho que tive algures durante a minha adolescência, fui percorrendo o meu caminho e a vida acabou por me oferecer uma oportunidade. Depois fui tendo cada vez mais projetos, que exigiam cada vez mais responsabilidade, coincidiu mais ou menos com o crescimento da ficção na TVI, e passados estes 18 anos, sinto que consolidei as minhas capacidades, muito com as oportunidades que me foram dadas no teatro, com diferentes encenadores, diferentes perspetivas e acabei por compensar a minha falta de formação com esses encontros com pessoas que me têm inspirado.
Mas já era modelo na altura?
O Ricardo Carriço era relações-públicas de um bar que eu frequentava, no Bairro Alto, tínhamos um amigo comum e nessa altura o Ricardo perguntou-me se queria entrar numa agência, comecei a trabalhar como modelo e foi na sequência disso que me estreei na representação.
Nessa altura não era tão habitual convidar modelos para a representação. Sentiu algum preconceito quando chegou ao mercado?
Não era assim tão invulgar, mas na altura começou a falar-se mais e provavelmente terá havido uma tomada de posição da classe, de protesto de atores com formação académica, em relação aos que não tinham formação.
Sentiu que tinha mais a provar?
Acho que o reconhecimento feito pela classe é mais difícil quando se tem um percurso que começou na moda. Na prática, se houver dois atores com o mesmo desempenho, mas um deles tiver sido modelo e outro tiver feito o conservatório, o que foi modelo será sempre considerado inferior.
Sente isso ainda 18 anos depois?
Não, porque fiz um esforço para cortar definitivamente com o meu passado de modelo e, curiosamente, sempre senti apoio de colegas mais velhos, não tanto de colegas da minha geração.
Diz que percebeu que queria ser ator durante a adolescência, como é que isso foi crescendo em si, considerando que foi atleta olímpico de natação?
Nasce da minha experiência como espectador, consumia muito cinema de qualidade e queria fazer aquilo também, não tendo noção do que essa opção de vida representaria. Depois consegui concretizar esse sonho e hoje em dia assumo esse compromisso inteiramente.
O que teria feito na vida se não fosse ator?
Era atleta de alta competição, portanto vejo-me a ter uma profissão ligada ao desporto, estudei Engenharia, podia ter um cargo político, eventualmente, porque tenho uma inclinação para procurar consensos…
Nasceu em Angola, foi atleta olímpico de natação pela seleção de Angola, ainda sente essa ligação a África?
Tenho as duas nacionalidades, em África tenho muitos amigos, muitas memórias e mantenho a nacionalidade angolana embora a minha raiz seja portuguesa. A maior parte da minha vida passeia-a aqui, quase todos os meus afetos estão cá.
Transmite muito a imagem de ser discreto, pai de família. É tão certinho como parece?
A família é de facto um valor que me move, é o meu grande projeto de vida, portanto a minha imagem não é nada de premeditado, é bastante aquilo que eu sou.
Sempre quis ser pai de família?
Tinha esse sonho, acho que veio do facto de ter convivido com algumas famílias numerosas e de me ter sentido muito bem nesse ambiente. Tive um filho, depois tive condições para ter mais um, e mais um, e corria sempre muito bem, sentia-me mais rico… e encontrei uma pessoa que está em sintonia comigo e que tem a capacidade de viver com uma pessoa como eu. Ator, galã da televisão, é preciso ter bastante inteligência para conseguir suportar isso, tanto de ponto de vista racional como do ponto de vista emocional.
É preciso haver muita segurança?
Não sei se haverá assim tanta segurança, mas há paz e quando não há paz, tentamos procurá-la.
Vocês são duas mentes criativas. Como trabalham esse lado racional, com os vossos filhos também?
Essa é a parte que me cabe a mim, ela é mais instintiva, mais intuitiva. Sou mais racional e mais refletido e se calhar é aí que encontramos o equilíbrio para sustentar a nossa família. Eles são todos diferentes, acho que estão numa fase da vida em que estão mais intuitivos, é uma característica da infância também. O João Francisco já é pré-adulto e o tipo de relacionamento é diferente, mas estou muito feliz com todos os meus filhos.
Foi um pai diferente do João Francisco do que mais tarde, com a Ema, a Mia e o Max ?
Fui, sobretudo, um pai muito mais inexperiente. Aprendi com ele a ser pai e acho que só a partir do terceiro filho é que passei a ser um pai razoável. É mais difícil nos primeiros porque temos ambições, valores que queremos passar e às vezes somos um pouco impositivos e aquilo que aprendemos com o tempo é que é mais importante passar através do exemplo que através da retórica.
Isso é válido também para as relações? O facto de ter tido um primeiro casamento que não resultou trouxe-lhe conhecimento empírico para que o segundo resulte melhor?
Como em tudo na vida. Acho que é sintoma de pouca inteligência não aprendermos com os erros, corrigindo-os, e isso terá acontecido na minha relação. A isso soma-se também o fator sorte, os nossos caminhos terem-se cruzado e, sobretudo, o nosso caminho, meu e da Anna, ser um caminho que se consegue fazer a dois, que vai resultando e que às tantas só faz sentido se for feito a dois.
Como é que se conheceram?
Estávamos na mesma agência de modelos, já nos tínhamos encontrado circunstancialmente, começámos a falar com mais frequência numa festa e depois… o normal…
Leia a entrevista completa na edição número 941 da VIP
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Luis Baltazar; Produção: Zita Lopes; Maquilhagem e cabelos: Vera Caldeira
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