Pedro Crispim abriu o coração em relação à homossexualidade e recordou que “sempre soube que era diferente, mas não sabia qual era a diferença”. “A certa altura, achei que podia ser um superpoder, que era um super-herói – isto é de quem via muitos desenhos, muita televisão e lia muitos livros (risos). Havia qualquer coisa de diferente em mim, mas nunca achei que fosse algo de essência”, começa por contar.
O comentador do “Big Brother – Duplo Impacto” acabou por obter essa resposta, mas “pelos outros”. “Soube que era gay pelos outros. Por que é que olhavam para mim de forma diferente e me faziam sentir diferente, se eu me sentia igual a eles e queria fazer o mesmo que eles? Mas isso não me era permitido e eu não conseguia perceber o porquê. Aos poucos, vais crescendo, vais aprendendo e vais arranjando anticorpos”, atira.
Estes “anticorpos” fizeram com que se aceitasse de forma mais rápida. “Sempre me aceitei, nunca tive nenhuma luta interna. A diferença está em tu perceberes que os outros só têm poder, se tu lhes deres poder. A partir do momento em que tu aceitas, as palavras dos outros deixam de ter qualquer poder. Então, é relativizar o que os outros te dizem e, realmente, dar importância a quem tem importância. O resto não tem importância na tua vida”, comenta.
Primeiro amor de Pedro Crispim “foi uma mulher”
Apesar desta situação, Pedro Crispim recorda, em entrevista à rubrica Selfie Sem Filtros, que o “primeiro amor foi uma mulher”: “Apaixonei-me por uma rapariga e tive um namoro normal, mas um namoro muito de miúdos. Tinha 16, 17 anos.”
Quando esta relação terminou, o stylist decidiu assumir a homossexualidade: “A partir daí, obviamente, deixei de tentar ser aquilo que os outros achavam que eu tinha que ser e permiti-me ir atrás daquilo que sentia.”
Assim, com 19 anos, assumiu aos pais “que era gay” e, apesar de ter sido numa altura em que não existe a informação de hoje em dia, sempre sentiu “apoio e amor” da família. “Nunca me senti julgado pelos meus pais, sempre me senti muito amado e sempre senti vontade deles em saberem [mais sobre mim]… Dava com os meus pais a tentarem pesquisar, a lerem sobre o assunto. Um caminho feito… sozinhos… e eu tive que lhes dar esse tempo, para cicatrizarem feridas, expetativas, sonhos, que, também, tinham alocados à minha pessoa”, recorda.
“Já magoei e já fui magoado”
No entanto, revela que a gestão das expetativas e os sonhos dos pais passaram para segundo plano, quando o medo falou mais alto. “Acho que eles tiveram receio de como o mundo me iria tratar, porque eles sabiam que podia sofrer e queriam poupar-me disso. A prioridade deles era como é que me iriam proteger, como é que o mundo me iria tratar. É muito duro quando tens uma mãe que vai a um café e ouve observações sobre ti, é muito duro quando a tua mãe trabalha na escola onde tu andas e sabe, perfeitamente, o que acontece nos intervalos. É muito duro quando eles estão nessa luta ao nosso lado. Não se afastaram, em momento algum. Era mais fácil se eles se afastassem e me deixassem fazer o meu caminho, sozinho, e, em momento algum, senti esse desamparo”, atira, orgulhoso.
A vida do fashion adviser seguiu, e com ela foram chegando mais relações amorosas. Pedro Crispim namorou, durante cerca de oito anos com Cláudio Ramos. Aliás, o “rei da bobage” terá sido o primeiro homem da vida do apresentador do reality show da TVI. A relação chegou ao fim em 2012 e os dois ficaram de costas voltadas.
As mágoas amorosas também foram abordadas na entrevista. “Já magoei e já fui magoado. Às vezes, nós magoamos sem consciência de que estamos a magoar, e, outras vezes, também nos estão a magoar sem consciência de que o estão a fazer. Não levo, na bagagem, mágoa de nada, nem de ninguém. As coisas ficam resolvidas a seu tempo, mas é claro que, se pudesse voltar atrás, se calhar, mudava algumas coisas. Existem pessoas que magoei, e que, hoje em dia, não o teria feito”, admite.
Pedro Crispim quer casar-se e ter filhos
Atualmente, Pedro Crispim garante que “está sozinho há já algum tempo”, mas confessa que gostava de se casar. “Gostava de me casar. É engraçado, não é? Quando se olha para aquele tipo a falar, parece que ele não tem coração (risos), mas esse tipo tem coração. Gostava de me casar e de ter filhos… mas tudo sem pressas, tudo a seu tempo. E se me perguntarem se, hoje, aos 42 anos, tenho esse sonho, e se será o mesmo que tinha aos 17/18 anos… sim, esse sonho mantém-se e esse querer, também”, admite.
Texto: Ivan Silva; fotos: reprodução redes sociais
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