Não é todos os dias que o nosso país recebe a visita de um membro de uma das mais antigas famílias reais europeias, pelo que a estadia do príncipe Pavlos, filho mais velho do rei Constatino da Grécia, na passada semana, em Santiago do Cacém, não passou despercebida a ninguém. Em Portugal na condição de patrono do Prémio Internacional Terras sem Sombra, o duque de Esparta e sobrinho dos reis de Espanha, cativou pela sua simplicidade e autenticidade, chegando mesmo a dirigir-se a todos os presentes num português perfeito: "Sinto-me muito grato por estar aqui, obrigado", disse.
O convite ao príncipe da Grécia para participar na atribuição destes prémios ficou a dever-se ao facto de ter sido, precisamente, uma princesa grega a responsável, no século XIV, pela reconstrução da Igreja Matriz de Santiago do Cacém, facto que não passou sem referência por parte do duque de Esparta: "Sinto-me muito honrado pelo convite. Achei graça ao facto de ser o primeiro príncipe grego a visitar a Igreja Matriz de Santiago do Cacém ao fim de 600 anos."
Pela primeira vez nas suas nove edições, o Festival Terras sem Sombra de Música Sacra, evento da iniciativa do Departamento Histórico e Artístico da Diocese de Beja, distinguiu personalidades ou instituições que tenham prestado notáveis serviços, ao longo da carreira, nos domínios promovidos pelo festival, o que levou à vinda ao nosso país do sobrinho da rainha Sofia de Espanha e da rainha da Dinamarca. O herdeiro da casa grega, filho do rei Constantino da Grécia e marido de Marie-Chantal Miller, digno continuador do interesse familiar pelas artes e natureza, fez questão de entregar pessoalmente os três prémios tendo ainda enaltecido as qualidades dos vencedores: "Apesar de ser grande em altura, sinto-me pequeno em relação à grandeza destes premiados", afirmou, arrancando sentidos aplausos.
Na categoria de música, a distinção foi para a soprano norte-americana Cheryl Studer, que se tornou, já em 1985, o centro das atenções, a nível internacional, com a interpretação de Elisabeth (Tannhäuser) no Festival de Bayreuth, sob a direcção do conhecido compositor italiano Giuseppe Sonopoli. O galardão para o património acabou por distinguir igualmente uma obra estrangeira, no caso a Pontifícia Academia Romana de Arquelogia, instituição do Vaticano fundada no tempo da ocupação italiana por parte de Napoleão e que cumpriu, em 2010, 200 anos de actividade.
O único prémio Internacional Terras sem Sombra entregue a uma personalidade portuguesa foi o da biodiversidade. Na pessoa do professor Mário Rui, conhecido cientista de renome internacional, autor de uma vasta obra e presidente do Comité Português para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, o Alentejo foi igualmente reconhecido, o que não deixou de motivar os elogios de José António Falcão, director-geral do evento e eminente especialista em arte sacra, e do presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Vítor Proença.
No final do dia, o príncipe Pavlos da Grécia acabou por jantar em casa da família Lobo de Vasconcellos, com os duques de Bragança, num repasto servido por Vasco Aragão.
Texto: Miguel Cardoso; Fotos: Isabel Oliveira
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