A separação recente de Marta Melro e Paulo Vintém após terem sido pais de Aurora, de 10 meses, acontece com muitos casais mais ou menos famosos. Maria Serra Brandão, Psicóloga do Sono, explica os motivos que leva casais como Paulo Vintém e Marta Melro a terminarem a relação e dá pistas. À VIP, conta que “a vida pós bebé é uma revolução. A dinâmica do casal muda de repente. Existem vários desequilíbrios que colocam o casal em tensão. Algumas coisas aumentam e outras diminuem. E é nestes desequilíbrios que reside às vezes o problema”, começa por dizer.
Marta Melro e Paulo Vintém separaram-se quando Aurora tinha sete meses
Maria alerta que nos primeiros meses os instintos aumentam e “ficam mais à flor da pele para que possamos dar respostas rápidas ao bebé, ficamos menos disponíveis para dar atenção a outros aspetos da relação”, alerta. O aumento das tarefas também vem trazer tensão na divisão das mesmas. “O cansaço e a sonolência aumentam devido às noites mal dormidas e ao número aumentado de tarefas. A ansiedade, o estado de alerta (principalmente no primeiro filho) e as inseguranças, aumentam fragilizando as nossas emoções e muitas vezes reduzindo as emoções mais positivas”, prossegue.
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Fruto desta tensão, Maria Serra Brandão diz ainda que “aumentam as discussões muitas vezes devido a diferenças recentemente identificadas no estilo parental de cada um…” Mas não é só a tensão que aumenta. A psicóloga do Sono que recentemente lançou o livro Soluções para Noites Tranquilas, fala também de outros fatores. A psicóloga refere que nesta fase, diminuem os aspetos positivos de uma relação. “O tempo de casal diminui e ambos ficam mais focados nas necessidades do bebé, o que pode levar a sentimentos de solidão ou incompreensão”, elucida. Maria acrescenta que “a comunicação entre o casal diminui potencializando sentimentos negativos e frustração”.
“A atividade sexual e o desejo diminuem, levando o casal a afastar-se”
Outros dos desafios com que os casais se deparam é a falta de libido. “A atividade sexual e o desejo diminuem, levando o casal a afastar-se e/ou perder intimidade”, alerta, juntando-se ao tempo pessoal que cada um passa a não ter. “A vida social diminui tanto a nível pessoal como em casal e contribui para maior isolamento e sentimentos depressivos”, prossegue. A depressão pós parto que afeta muitas mulheres é apontada pela psicóloga como causa de separação do casal. “Há que estar atento ao sinais e pedir ajuda profissional”, diz não escondendo que “a separação de um casal depois do nascimento de um bebé é muitas vezes resultado de alguns ou muitos destes desequilíbrios aqui mencionados.”
A principal razão para a separação é a falta de conexão e de harmonia
De todos os pontos apresentados, Maria Serra destaca que a principal razão para a separação é a falta de conexão e de harmonia, que se vai alastrando pelo afastamento progressivo do casal que não consegue gerir eficazmente estes desequilíbrios. “Pode ser necessário pedir apoio profissional (por exemplo apoio psicológico ou terapia de casal)”, aponta. Expectativas desajustadas sobre o conceito de família e os papéis de pais que vão desempenhar são também fator de risco. “Os casais devem ter conversas estratégicas sobre conceitos e expectativas de família ainda antes do bebé nascer. Devem criar momentos de tempo a dois para poderem falar depois do bebé nascer”, ensina.
Ter uma rede de apoio familiar é também essencial. “Esta falta de apoio é sentida assim que nasce o bebé pois a gestão de tempo de casal, gestão de cansaço e gestão de tarefas pode melhorar consideravelmente se houver pessoa ao redor do casal que possam apoiar (familiares e amigos ou outros profissionais como enfermeiras ou domésticas ou babysitters de confiança)”, esclarece.
Homem em segundo plano
Outro dos assuntos abordados pela profissional de saúde mental é o facto de a mulher passar a pôr o homem em segundo plano. “O vínculo que se estabelece entre mãe e bebé é muito forte e mais intenso do que o vínculo amoroso com o parceiro – é uma ligação visceral de proteção que nas primeiras semanas é mesmo como se mãe e bebé fossem ainda um só”, desenvolve. Maria Serra Brandão fala em estudos, os quais mostram que nas primeiras 8 semanas de vida as funções regulatórias do bebé dependem das funções corporais da mãe. “A regulação emocional e recuperação fisiológica da mãe é positivamente afetada e melhorada pela proximidade constante ao bebé”, explica.
Maria Serra Brandão aconselha as mães a investir nessa identidade e na vida de casal
Este fator leva os pais a sentirem-se algo sozinhos “porque as atenções que eram focadas no casal agora são quase exclusivas para o bebé”. À medida que o bebé cresce e se desenvolve este fica mais independente da mãe e deve então voltar a haver espaço e disponibilidade emocional para que a mãe volte a sentir a sua identidade de mulher (sentido individual e de casal). Nesta fase, Maria Serra Brandão aconselha as mães a investir nessa identidade e na vida de casal e na reativação da vida sexual. “Casais que têm uma vida sexual ativa e uma relação emocionalmente mais madura antes de nascer o bebé têm mais probabilidade de superar e gerir os desequilíbrios que acompanham o crescimento da família!”, remata.
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