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PAULO FUTRE lamenta o facto de nunca ter sido homenageado em Portugal

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“Dizem-me que se tivesse nascido em Badajoz tinha lá uma estátua”
Aos 44 anos, Paulo Futre continua a ser um dos jogadores mais marcantes da história do futebol português. Nma breve viagem a Portugal, o antigo jogador falou em exclusivo à VIP e lamentou o facto de nunca ter sido homenageado pela Federação Portuguesa de Futebol.

Dom, 23/05/2010 - 23:00

Aos 44 anos, Paulo Futre continua a ser um dos jogadores mais marcantes da história do futebol português. Nma breve viagem a Portugal, o antigo jogador falou em exclusivo à VIP e lamentou o facto de nunca ter sido homenageado pela Federação Portuguesa de Futebol.

VIP – O que tem feito ao longo dos anos?
Paulo Futre – Em 2003, quando abandonei o cargo de director desportivo do Atlético de Madrid, dediquei-me à consultadoria de empresas. Ultimamente, tenho uma empresa onde trabalho em mercados emergentes. Fazemos um pouco de tudo relacionado com consultadoria.

O facto de ter ido para Espanha muito novo é a principal razão para viver lá?
Ainda hoje continuo apaixonado por Madrid. Os meus filhos nasceram lá e a vida deles é lá. O clube também foi muito importante porque quando terminei a carreira comecei a trabalhar como embaixador. Mesmo assim, estou em Portugal quase todos os meses.

Faz parte dos seus planos mudar-se em definitivo para Portugal?
É muito difícil. Há muito tempo que me sinto ibérico. Sempre fui bem tratado em Espanha. Por outro lado, Portugal é o meu país. Estou muito perto, a cinco horas de viagem de carro e a uma hora de avião.

O que o levou a afastar-se do futebol?
Estava um bocado cansado. Foram dois anos e meio com muita pressão. Entrei para o clube numa situação tremendamente má e recheada de polémica. Quando saí, deixei o clube nas competições europeias. Por outro lado, vivi uma experiência única e espectacular.

Qual o cargo que o faria regressar ao futebol?
Não é fácil. A minha vida está estável com esta empresa, em que faço o que gosto.

Um dos seus filhos é uma estrela em ascensão no Atlético. Como analisa o Fábio enquanto jogador?
Nos últimos tempos não tem tido muita sorte. Foi operado aos dois joelhos e perdeu um ano e meio. Já foi duas vezes chamado à equipa principal e agora é necessário uma pontinha de sorte.

Por tudo o que fez, sente que tem o reconhecimento merecido em Portugal?
(Pausa) Sinto o respeito enorme que os portugueses sentem por mim. Agora, se me fizeram alguma homenagem? Não. As minhas grandes homenagens foram feitas em Espanha. Essa pergunta podia ser feita ao contrário: “Quantas homenagens ou ruas tens em Espanha?” Costumam perguntar­–me quantas ruas tenho em Portugal e quando respondo que nem uma homenagenzita me fizeram, as pessoas ficam incrédulas. Dizem-me que se tivesse nascido em Badajoz tinha lá uma estátua. É a vida!

É algo que o entristece?
Já passou essa fase. Aos trinta e poucos anos, quando me retirei e vi que não acontecia nada (pausa)…

Nunca teve convites da Federação?
A Federação nunca me convidou para nada. Retirei-me em 1998 e nem me convidaram para o Europeu de 2000.

O que gostava que lhe fizessem?
(Pausa) Não sei… A homenagem é ter o respeito e o carinho das pessoas na rua um pouco por todo o mundo.


Portugal pode ganhar o Mundial?
A minha fé é enorme porque temos uma grande selecção. Temos de ter fé que podemos ganhar a qualquer equipa.

As famílias deviam estar perto dos jogadores na fase final do Mundial?
Finalmente começam a abrir a mente. A equipa do Guardiola quando joga fora viaja no próprio dia. Isto é excelente porque é em casa que os jogadores estão melhor. Esta mentalidade devia ser adoptada.


Se fosse seleccionador, o que faria?
Tentava ter um apartamento para as mulheres e para os filhos dos jogadores.

No seu tempo era pior?
Na minha altura estavamos 50 dias num Mundial. Era uma estupidez total.

Quando o Cristiano Ronaldo se mudou para Madrid, foi dos primeiros a alertá­–lo para a movida madrilena…
Fui mal-interpretado. A minha intenção foi alertá-lo porque estava a adivinhar que todos os dias iam aparecer raparigas a dizer que tinham estado com ele.

Alguma vez ele falou consigo sobre isso?
Falei com ele numa rádio e foi espectacular. Tenho um grande carinho por ele.

O Ronaldo fica melhor servido com uma namorada espanhola ou portuguesa?
(Risos) Há mulheres bonitas e com bom carácter em todo o lado. O importante é que seja feliz com quem estiver a seu lado.

Também era assediado pela Imprensa?
Era diferente. Mas cheguei a apanhar um fotógrafo numa árvore (risos). Posso dizer que estive 12 anos sem ir a um cinema. Ainda hoje não consigo levar uma vida normal em Espanha.

Cometeu alguma loucura num estágio?
Nunca. Sempre fui um grande profissional. Não quer dizer que depois dos jogos não fosse tomar um copo.

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Paulo Lopes

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