Paulo Futre entrou no Big Brother Famosos este domingo, dia 27 de março, e nas poucas horas que permaneceu no interior da casa submeteu-se às confidências da Curva da Vida. O ex-futebolista usou a sua vida para apoiar Daniel Kenedy. A mensagem inspiradora que comprova que até um “analfabeto” pode escrever para “o melhor jornal do mundo desportivo” deixou Cristina Ferreira muito sensibilizada.
Futre deixou a escola para ser bate chapas: “Sentia-me um analfabeto”
Futre começou por explicar como o seu percurso o levou a deixar a escola cedo para trabalhar como bate chapas. “Entrei em 74 na primeira classe, em 79 deixei de estudar e fiz o primeiro do ciclo. Em 79, comecei como bate chapas a trabalhar, tinha 13 anos. Em 1980, com 14 anos, escrevi uma carta de cinco linhas à minha primeira namorada (que se chamava Cecília). Foi a última vez que escrevi duas linhas seguidas, até 2004.”
A grande mudança aconteceu 24 anos depois com o Euro 2004, realizado em Portugal. Futre recebeu uma proposta do jornal desportivo espanhol A Marca e foi obrigado a admitir, apesar da vergonha que sentiu, que se considerava analfabeto. “Disse que seria uma honra mas…. não sei escrever!. Custou-me. Se fosse o pé esquerdo com a caneta talvez conseguisse escrever. As mãos eram cegas, não conseguia. Sou, sentia-me um analfabeto da escrita. (…) Senti vergonha de falar, mas tive de dizer a verdade, não podia inventar”.
Inicialmente, Futre iniciou a parceria com A Marca com a ajuda de um jornalista que lhe ligava e escrevia os textos por ele. Contudo, tudo mudou no dia em que Portugal venceu a meia-final contra a Holanda.
“Ganhámos, comecei a chorar. Liguei ao meu filho, Paulinho: ‘Fica em casa que eu hoje vou escrever’. Dizer ‘vou escrever’ era como dizer que ia à lua. Ele começou-se a rir, tinha 15 anos”.
Mas Futre não desistiu e ganhou coragem. Agora, recorda que imprimiu o “coração” no papel. “Quem começa a escrever não sou eu, é o meu coração. Saiu tudo. Quando levanto o papel, vi que aquilo era um idioma diferente, nem era português nem era espanhol. Ninguém entendia, era igual a chinês.”
Mas, com a ajuda do filho, Futre consegui melhorar o texto. “Metemos aquilo perfeitinho e quando o Paulinho terminou de ler já não se riu. Estava a chorar”, recorda.
Este primeiro texto de Paulo Futre deixou o diretor de A Marca emocionado. “Ele diz-me: ‘não sou português, mas há muito que não me emocionava com um artigo como o teu!’ . Foi algo maravilhoso, incrível. Um analfabeto ouvir aquelas palavras…”, desvenda.
A colaboração de Futre com este jornal durou mais 15 anos. “Estive 15 anos como analfabeto a escrever para o melhor jornal do mundo. Foi um orgulho tremendo para o meu pai”, acrescenta.
Daniel Kenedy fica em lágrimas
No final desta partilha, Futre explicou porque decidiu expor esta parte da sua vida: para dar força a Daniel Kenedy, colega de profissão que está dentro da casa do Big Brother Famosos e já admitiu que tem um passado marcado pelos vícios.
“Se aos 25 anos me dissessem que podia ser um bom escritor (…) Os jogadores de futebol não são estúpidos, podem ser outra coisa. O Kenedy é um craque, é boa gente. Queria ser treinador, não deu. Teve uma oportunidade ou duas. (…) De 100 jogadores que deixam de jogar futebol, 90 e muitos tem problemas”, defende.
Cristina Ferreira sublinha lição de vida
Perante as lágrimas de Daniel Kenedy, Cristina Ferreira elogiou o gesto de Paulo Futre e mostrou-se sensibilizada com a partilha e a lição de vida.
“Numa única história conseguiste ser inspirador para milhares de pessoas. Porque no nosso percurso podemos ser tudo o que quisermos quando ousamos. Tu disseste o que eu acho que é o segredo. Quando se usa o coração chegamos onde quisermos”, finaliza a apresentadora da TVI.
Texto: Ricardina Batista; Fotos: Reprodução redes sociais
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