Muitos acharão que basta uma excursão de um dia desde Milão para ficar a conhecer o Lago di Como. E, se não tiver outra alternativa, é uma possibilidade. Mas seguramente ficará com uma irreprimível vontade de passar lá alguns dias, para descobrir as pequenas localidades que se erguem à volta do terceiro maior lago de Itália, situado junto da fronteira suíça e dos Alpes .
Em Como, a cidade que deu o seu nome ao lago, não deixe de visitar o Museu Didático da Seda e os vários exemplos da arquitetura moderna europeia, como o Novocomum, a Casa Giuliani Frigerio ou o Monumento aos Caídos, todos eles obras do arquiteto Giuseppe Terragni.
Mas Bellagio, que fica no preciso ponto da bifurcação do lago, que tem a forma de um ípsilon, proporciona uma vista impressionante sobre a paisagem circundante e merece uma posição privilegiada entre os mais belos lugares de Itália. Olhando para trás, os dois braços do lago apontam para Varenna, Cadenabbia e Menaggio. À frente, o cenário da cordilheira alpina é cinematográfico, principalmente se for ao final de uma tarde de verão, quando a tela natural é frequentemente pintada pelo cor-de-rosa romântico do calor mediterrânico.
Se descer pela via Garibaldi até ao centro, chegará à igreja de San Giacomo. Os jardins da Villa Melzi, em Varenna, merecem menção, mas os da Villa Monastero, em Cadenabbia, são talvez ainda mais encantadores. Aliás, Varenna merece, por si só, uma visita sem hora de regresso. Antiga cidade de pescadores, esta pitoresca localidade transportá-lo-á para outros tempos.
Já em Cadenabbia, encontrará também os jardins da Villa Carlotta, provavelmente o melhor jardim botânico do Lago di Como. Em tempos, foi o paraíso privado do marquês Giorgio Clerici e foi comprado depois pela princesa Marianna di Nassau, que o doou à sua filha, Carlotta, por ocasião do seu casamento. Uma casa que Wagner frequentava regularmente e com prazer.
Se a estreita estrada que percorre as localidades que circundam o lago lhe faculta momentos de total deslumbramento por entre as pequenas ruelas serpenteantes que caracterizam estas povoações tradicionais, a vista desde o vale glaciar é de cortar a respiração.
À medida que os dias passam, aperceber-se-á de que o lago tem um cheiro característico que, tal como as cores da sua superfície, vai experimentando algumas nuances. Já o Sacro Monte de Ossuccio, reconhecido pela UNESCO como Património Mundial, é famoso pela espetacular Ilha Comacina, a única do lago. Ao longo dos séculos, a magnífica paisagem de Lario encantou pintores e escritores, músicos e artistas. Stendhal descreveu-o como um dos mais belos lugares da terra em A Cartuxa de Parma, Listz e Franz Schubert quiseram lá viver, Vincenzo Bellini escreveu aí a ópera Norma e, mais recentemente, os mediáticos George Clooney e José Mourinho também se apaixonaram pelo esplêndido cenário, que já serviu de pano de fundo a vários filmes.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Thinkstock
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