Zulmira Ferreira
“Os netos são nossos filhos duas vezes”, refere ZULMIRA FERREIRA

 Para Zulmira Ferreira o Dia dos Avós – assinalado a 26 de Julho – "é todos os dias". A mulher de Jesualdo Ferreira, treinador do Panathinaikos, com quem partilha a vida há mais de 25 anos, passou uma tarde diferente com dois dos quatro netos que tem do lado do marido: Afonso e Catarina, de nove e quatro anos.

VIP – Sente-se uma mulher mais completa desde que foi avó?
Zulmira Ferreira – Claro, é uma etapa na vida das mulheres pela qual ansiamos. Os netos são nossos filhos duas vezes e chegam quando estamos numa idade mais madura.

Imaginava ser avó tão nova? Fez há poucas semanas 52 anos…
A minha mãe com 40 anos já era avó, penso que hoje é normal. Mas hoje tem um sabor e significado diferentes, porque o pouco tempo que estou com eles, devido à vida profissional do meu marido, tento aproveitar ao máximo e tirar o maior partido possível das suas traquinices. Acabo por ser uma criança com eles.

Este "título" de avó fá-la sentir-se mais velha ou nem por isso?
Não penso nisso, a idade é uma coisa que não me assusta nem penso muito nela. Eu costumo dizer em brincadeira que não tenho sequer noção da idade que tenho e muitas vezes tenho de parar para pensar.

A Zulmira foge àquela imagem da avó tradicional a fazer tricô na cadeira de baloiço e com óculos…
Ai é? Já o meu filho Eduardo diz isso, tem graça (risos). Mas olhe que tenho alguma coisa disso, se me pedir para ler tenho de recorrer aos óculos e também gosto e sei fazer tricô. Se for necessário costurar com os meus netos ao lado faço-o com facilidade porque sei fazer. Mas percebo o que quer dizer. Eu própria tenho imensa admiração dessa imagem que me está a descrever da "avó" e tenho saudades dessa figura ternurenta. Mas hoje em dia as pessoas são diferentes, a correria em que andamos é outra, as pessoas cuidam-se um bocadinho mais, no fundo é só o aspecto exterior que é diferente, porque o amor é o mesmo.

O que tem mais prazer em fazer com os seus netos no pouco tempo que pode estar com eles?
Não os ver crescer como gostaria é o que eu lamento mais, acho que os vejo duas ou três vezes por ano. Quando estamos juntos, fazemos tudo aquilo a que temos direito: jogamos, brincamos, vamos à praia, vamos ao McDonalds comer um hambúrguer, que eles adoram… Tenho de os compensar pelas longas ausências.

Tem quatro netos. Qual deles tem mais parecenças consigo?
Eles são todos parecidos com o meu marido, todos eles têm um pouquinho dele, até a Catarina que é loira e cabelo liso tem uns traços extremamente marcantes do avô.

Em termos de personalidade, como é que são o Afonso e a Catarina?
Eles são umas crianças maravilhosas, mas com personalidades vincadas. A Catarina, por exemplo, é uma menina obstinada, que faz e veste o que quer, portanto tem a personalidade dela, que é muito forte.

E o Afonso tem dom para o futebol?
Tem, aliás, ele está a jogar futebol nas escolinhas do Porto. Quem sabe não será um futuro jogador ou treinador como o avô?

Lembra-se dos momentos passados ao lado dos seus avós?
Ainda tenho uma avó. E lembro-me muito bem porque foi uma pessoa muito, mas mesmo muito importante para mim. Foi como uma segunda mãe. Chama-se Norberta, tem 96 anos, está num lar e sempre que posso vou visitá-la.

O que se recorda de fazer com ela?
De tudo, inclusivamente de ir para a praia com ela. Mas eu era muito irrequieta. No outro dia achei imensa graça porque ouvi falar nas "trelas" que certos pais utilizam para os seus meninos não fugirem. A minha avó já na altura – e estamos a falar de há quase 50 anos – tinha de recorrer um bocadinho assim à "trela" quando ia comigo à praia. Mas adorava estar comigo e fazíamos imensos programas as duas.

Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Nuno Moreira

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