A mulher do ex-treinador leonino recebeu-nos em casa e apresentou-nos aos seus bens mais preciosos: os quatro netos! Apesar de não serem de sangue, Zulmira Ferreira ama-os como tal. Para breve, espera que o filho, o DJ Eddy Ferrer, aumente o grupo de crianças para cinco.
VIP – Gostava que começasse por nos apresentar os seus netos.
Zulmira Ferreira – O mais velho é o Afonso, tem 11 anos e é filho da Raquel, a filha mais velha do Jesualdo, que é advogada. Depois temos a Catarina, também filha da Raquel, que tem seis anos. Da Cláudia, que é dentista, temos a Margarida, que tem dez anos e o Manuel que tem seis.
Não é avó de sangue, mas sim de coração. Como é o vosso relacionamento?
Já vi crescer as filhas, imagine o que é com os netos, embora não os tenha acompanhado tanto como gostaria, devido à vida que o avô tem. Temos tido uma vida completamente itinerante, portanto não acompanhámos o crescimento como gostaríamos e isso desgosta imenso o avô. Nesta fase, ele está contentíssimo porque tem mais tempo para estar com eles… Quer dizer, não é assim tão mais, mas sente que, pelo menos, está perto deles.
Como são eles?
Cada um tem a sua personalidade. São completamente diferentes. O Afonso quer ser jogador de futebol e é muito parecido com o avô, fisicamente e tudo. É um menino muito concentrado, muito ponderado e já joga nas escolinhas do Porto. Segue a carreira do avô como se fosse um crescido, é um treinador de bancada. A irmã, Catarina, é muito mais estouvada, irrequieta, mas um doce de menina. Só quer usar os sapatos da mãe, da avó, usar maquilhagem, pintar a unhas. É uma princesa em ponto pequeno. A Margarida é uma cópia da Zulmira (risos). Identifica- se muito comigo, intitula-se Mini Zú e eu fico toda orgulhosa. Quer ser uma manequim famosa (risos). O Manuel é o palhacinho da família. É um miúdo muito giro, um doce e também muito parecido com o avô. Ele e a Margarida vivem no Algarve com os pais.
Eles vão mudando de clube à medida que o avô também muda?
Não. O Afonso é do Porto e diz que vai ser até morrer. Claro que segue a carreira do avô e agora gosta do Sporting, vai aos jogos comigo, mas o clube do coração é o Porto e ninguém o demove.
Há possibilidade de terem mais netos?
Da parte delas penso que não, agora falta o Eduardo. Estou expectante, até porque já me disse que o relógio biológico dele está a dar horas, mas nunca se sabe.
Já está mais adaptada à profissão dele [o filho de Zulmira Garrido é o DJ Eddy Ferrer] ou as noites ainda lhe fazem confusão?
Cada vez mais. É angustiante. As noites, os quilómetros… Sou daquelas mães que, se puder ,falo com ele 50 vezes por dia. Claro que ele não está nem aí para isso. Acho mesmo que quando o telefone toca e ele vê que sou eu já nem atente, o que me deixa ainda mais angustiada. Muitas vezes estou de madrugada no Facebook a ver se consigo saber dele.
O que faz quando sabe que vai ter os netos todos em casa…
É uma alegria! Começo a preparar tudo com antecedência. Imagine o que são quatro crianças juntas… É uma casa cheia, mesmo!!
Acabou por não dizer o que querem ser o Manuel e a Catarina?
Olhe, o Manuel nem lhe digo… quer ser porteiro (risos). Adora tudo o que são códigos de portas. A Catarina ainda não sabe, não tem sequer ainda nada definido.
O Jesualdo já foi ver o neto mais velho jogar, o que diz?
Diz que tem jeitinho (risos), mas não se pronuncia muito.
Gostava que fosse jogador?
Penso que não idealiza isso para o neto.
Finalmente está em Portugal como queria…
É verdade, finalmente estou na minha casa. Perto de toda a gente, da minha família, dos meus amigos. No meu cantinho, que é uma coisa que me agrada muito. Não tenho muito espírito de emigrante, embora todos os sítios por onde passei me tenham deixado boas recordações, bons amigos. Mas o regresso é sempre melhor. Não há sítio no mundo onde me sinta melhor do que aqui.
E como se sentia em Alvalade?
Muito bem. Vou sempre assistir aos jogos porque gosto muito de futebol, sempre gostei. Mesmo quando o meu marido estava noutros clubes. Por exemplo, quando ele estava no Torriense eu quase fazia o tour com a equipa, porque gosto mesmo. Não foi pelo facto de ter casado com o Jesualdo.
Foi o seu filho Eduardo que a fez conhecer o seu marido…
Sim, nos éramos vizinhos. Cruzávamo-nos diariamente ali para a Venda Nova. O meu filho era pequenito, já gostava de futebol e achava imensa graça ter um treinador como vizinho. Portanto, foi ele o Cupido da nossa relação, porque tomávamos café no mesmo sítio e eu tinha sempre chatices enormes com o Eduardo porque entrava na pastelaria, via o treinador, sentava-se ao pé dele e marimbava-se para a mãe. Lá me obrigava a ir a mesa, dizer bom dia ao senhor e trazer o menino de volta para o ir levar ao colégio. Pelo caminho ia-o massacrando, dizia-lhe não podia fazer aquilo, porque não podia incomodar as pessoas (risos).
Com esse gosto pelo futebol, o Eduardo nunca demonstrou vontade de jogar?
Sim, e jogou, em várias escolinhas, mas aí eu fui castradora, porque nunca foi muito do meu agrado que ele seguisse essa vida. Ainda hoje ele me cobra isso. Ele nunca foi assim um aluno brilhante e eu achava que se lhe desse a liberdade de ir treinar e jogar futebol, não ligaria mesmo aos estudos.
Arrepende-se?
Acho que não. Se fosse agora teria tomado a mesma decisão.
Preocupa-a o futuro dos seus netos neste Portugal em crise?
Preocupa-me por causa destas gerações porque isto está muito difícil. Nós já estamos velhotes… Isto são crises, é cíclico, penso que vai passar, mas também penso que as coisas nunca mais vão voltar a ser o que eram.
Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Paulo Lopes; Maquilhagem e cabelos: Ana Coelho com produtos Maybeline e L’Oréal Professionnel; Produção: Manuel Medeiro
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