Toni
“Os campeões também caem, mas levantam-se com força redobrada”

 A recuperar de uma intervenção cirúrgica que lhe retirou um rim, após a descoberta de um cancro, António Oliveira, mais conhecido por Toni, sente­ se agora cheio de força. Na primeira declaração que deu após a operação, o antigo mister do Benfica revelou que já está a preparar­ se para uma nova etapa. “Os campeões também caem, mas levantam­ se com força redobrada para prepararem novos desafios”, declarou em exclusivo à VIP.

Toda a família do treinador “respira de alívio”, após o sucesso da operação feita no dia 11, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa. “Estamos aliviados depois de vermos a boa disposição do meu pai, o que nos deixa muito felizes. Sentimos que o pior já passou. Foi mais uma vitória na vida dele”, declarou à nossa revista o filho do técnico, também ele chamado António. “Depois de ter alta, ele já vai poder começar a ter uma rotina de vida normal. Há algumas indicações médicas que ele irá ter, com certeza, de respeitar, mas depois irá continuar a sua vida normalmente”, acrescentou, otimista.

A VIP esteve no hospital e foi testemunha da recuperação do treinador, que se mostrou sorridente e feliz por ter ultrapassado esta batalha, apesar de ainda estar combalido com a recente intervenção cirúrgica, que tinha acontecido há apenas três dias. Ao seu lado tinha a mulher, Manuela Oliveira, o filho e alguns amigos chegados.

A pensar na carreira de treinador

O próximo desafio de Toni, que deixou a equipa iraniana do Tractor em maio, será profissional, desvenda ainda o filho. “É voltar para o campo, porque o que ele gosta é de futebol. Isso é a gasolina dele, é o que lhe faz bem. É normal que surjam convites, depois de uma boa época como a que ele teve, mas tudo se vai resolver com calma”, revela, sem entrar em pormenores.
Também a mulher do treinador mostra a sua felicidade com o sucesso da intervenção médica. “Estamos todos mais confortáveis neste momento.” Contudo, não esquece o grande susto que viveu. “Foi uma bomba que caiu cá em casa. Só pessoas que vivem coisas assim é que sabem o que é. Mas, felizmente, a bomba não rebentou, foi descoberta a tempo e desativada. Vivemos grandes momentos de angústia quando o cancro foi detetado. Inicialmente, pensava­ se que a situação era mais grave. Agora, estamos a respirar de alívio. Não nos podia ter saído melhor Euromilhões. Foi o jackpot”, diz.

Após retirar o rim, Toni ainda não sabe se precisará de fazer quimioterapia. “Penso que as coisas estão controladas para que esse tratamento não seja feito. Vamos aguardar o que o médico tem a dizer. Mas acho que está tudo controlado”, revela a mulher do treinador, mantendo, contudo, alguma reserva acerca do assunto, apesar das expectativas animadoras.

Moradia assaltada

No entanto, enquanto Toni estava no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, a casa do técnico, situada na Aroeira, Charneca da Caparica, Almada, foi assaltada. A porta das traseiras foi arrombada e vários objetos desapareceram, num valor não desvendado. “O caso está entregue às autoridades, por isso, não posso falar sobre o assunto. Ainda não contabilizámos bem os estragos. São coisas que acontecem. Pensamos sempre que só acontece aos outros, mas, infelizmente, também nos acontece a nós. Graças a Deus, não temos de lamentar feridos, porque, às vezes, estas coisas correm mal. Nós aguentamos os bens, que remédio! Quando se trata de seres humanos é que é pior. Felizmente, é um mal menor. O importante é que está tudo bem com o meu marido”, afirma Manuela.
Toni foi apanhado de surpresa com a má notícia. “É evidente que, quando o meu pai soube do assalto, ficou triste, mas o principal agora é a saúde dele e o facto de estar curado. Essa é que é a felicidade dele e a de toda a família”, destaca o filho, António, que não acredita que os assaltantes soubessem que os moradores não estavam na habitação, por se encontrarem no hospital. “O assalto foi uma coincidência. Podia ter sido noutra altura. Acho que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas… antes que levem a casa, do que o meu pai. Portanto, no meio disto tudo, a casa é o menos. Isso vai resolver­ se. O importante, agora, é que o meu pai está bem, está a recuperar, o pior já passou e nós já estamos à espera – e ele principalmente – do próximo desafio.”
Quando sair do hospital, Toni e a mulher não vão voltar logo para a casa que foi assaltada, desvenda Manuela. “Não é por medo do que aconteceu, porque eu não tenho medo. Mas, felizmente, tenho outra casa em Lisboa que fica mais perto do médico. Já tínhamos pensado antes em ficar nesta casa de Lisboa”, revela.

Apoio ao técnico

Durante esta fase, Toni tem recebido muito apoio e manifestações de carinho, como destaca António. “Já que me dão oportunidade, quero agradecer todo o apoio, todo o carinho que tem sido dado ao meu pai e a toda a família. A todas as comunicações sociais, todas as pessoas de norte a sul do País, de todos os clubes, quer sejam do Porto, do Benfica ou do Sporting. O meu pai é uma pessoa que gera consenso num país onde existem muitas rivalidades. E isso, a mim, dá­ me um enorme orgulho, porque é sinal que é uma pessoa respeitada, honesta e que tem um enorme valor. São esses valores e princípios que eu também quero transmitir ao meu filho”, diz António. Uma opinião que é partilhada pela sua mãe. “As pessoas admiram o Toni pela pessoa que ele é, pelo campeão que ele é. Sinceramente, fico muito grata e sensibilizada. Ele é uma pessoa muito querida por toda a gente. Fico feliz por isso.”

Toni descobriu que tinha cancro, há cerca de três semanas, por acaso. “Sem querer, apanharam­ lhe o rim num raio-X ao tórax e detetaram o tumor maligno. Foi um milagre ter sido descoberto nesta altura. Porque é um tumor silencioso que, quando acorda, já não dá hipóteses. Foi descoberto na hora certa. Portanto, no meio disto tudo, sentimos que tivemos sorte e tivemos alguém a olhar por nós, lá em cima. Se não tem sido descoberto agora, se calhar, daqui a meio ano ou um ano, podia não ter cá o meu marido.”

Casamento dos dois filhos

Quando faltavam três dias para a operação, Toni viveu um momento marcante ao assistir ao casamento da filha, Renata Oliveira, que trocou alianças com José Carlos Matos. A cerimónia civil aconteceu a 8 de junho na Quinta do Cristo Rei, em Almada. Nesse dia, o treinador mostrou­ se sereno e confiante. “O meu estado de espírito é positivo”, dizia na altura.

Ainda este mês há mais um casamento na família Oliveira. O filho António troca juras de amor com Márcia Silva no final de junho. “Este é um passo importante para mim e é também um momento que o meu pai está ansioso por viver”, desvenda o noivo.

Quando terminar este pesadelo e a vida voltar à normalidade, Manuela Oliveira quer ir de férias com o marido. “Primeiro, ainda vamos assistir ao casamento do meu filho, mas depois vamos pensar em descansar. Estes dias têm sido exaustivos. Estou mesmo muito cansada. Preciso de férias”, diz.

Texto: Ricardina Batista; Fotos: Ilídio Teixeira, Nuno Moreira e DR

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