A directora artística do Teatro da Trindade desde 2009, mas só agora, com a casa “arrumada”, consegue dedicar mais tempo à parte criativa. E foi Rogério Samora que escolheu para partilhar o palco e trocar alguns estalos na peça Casamento em Jogo, que retrata uma união em crise. Pela frente, Cucha Carvalheiro tem o desafio de conciliar a parte burocrática com a criativa e de atrair mais gente à paixão da sua vida: o teatro.
VIP – Estava à procura de um texto sobre relações humanas, especificamente?
Digamos que estava à procura de uma peça que se adequasse ao Teatro da Trindade e também à época do ano. Estava, no fundo, à procura de uma comédia dramática. Tinha–a em casa, já a tinha lido há uns anos e andava às voltas quando me apercebi que a solução estava mesmo ali e eu tinha-me esquecido dela. Acontece isso muitas vezes.
E andava também “atrás” do Rogério (Samora) há algum tempo...
Tínhamos uma relação muito forte e este ano, em Novembro, quando estava a preparar a programação, liguei ao Rogério a dizer que tinha esta peça e ele disse logo que sim.
Como olha para esta mulher que não quer deixar partir o homem com quem está casada há 30 anos?
Acho que este casal é muito interessante. Claro que ela durante estes 30 anos cedeu a um lado dele bastante mulherengo e foi-se adaptando. Diz-se na peça que eles têm dois filhos, agora adultos, e provavelmente também por causa disso ela terá ficado. Mas é uma mulher culta, que ficou em casa para tratar dos filhos, embora pudesse ter tido uma carreira. Neste momento, como está em negação, desvaloriza os motivos dele.
Num casal deste género, a saída dos filhos pode ser problemática, voltar a ter uma vida a dois…
Sim, porque, quando está toda a gente em casa, as conversas, as ocupações e até as preocupações são outras; agora estamos confrontados um com o outro.
Enquanto mulher, gostaria que ele ficasse ou que tivesse coragem de partir?
Que ficasse. Nós tivemos imensas discussões, o Rogério acha que isso é muito moralista. Ela acha que um casamento só resulta quando duas pessoas escolhem ficar juntas, apesar de conseguirem estar sozinhas. Eu não sou casada, mas para mim isto aplica-se ao casamento como às relações de longa duração. Acho importante que as pessoas sejam livres e autónomas, para que a relação seja igual.
Enquanto directora artística do Teatro da Trindade, tenta diversificar a programação?
Sim, preocupando-me sobretudo com a qualidade dos textos, dos espectáculos, dos encenadores, dos actores, etc… Este ano, porque estamos em crise, tive que fazer mais acolhimentos do que produções. Esta é a primeira produção própria do Teatro da Trindade/Fundação Inatel, mas estou convicta que, com os descontos, o horário de Verão e as quintas-feiras a cinco euros, o público virá. E é o regresso do Rogério Samora ao teatro!
A parte de gestão não lhe ocupa muito tempo? Não tem pena de ter de abdicar, de alguma forma, da representação?
É uma pergunta à qual me é difícil responder, porque por um lado é muito entusiasmante, foi um convite irrecusável, porque há muitos anos que sonhava ter um teatro. Claro que há muitas coisas que têm a ver com a gestão que são um bocadinho chatas, mas o facto de estar a tentar dar o meu melhor para fazer uma coisa que considero serviço público também me dá muito prazer. O primeiro ano e meio foi mais complicado, para estabilizar a equipa, fazer com que as coisas funcionassem da maneira como eu as via, mas no Verão de 2010 já consegui fazer uma criação minha, que me deu algum gozo. Mas espero poder conciliar as duas coisas: o lado criativo com as coisas mais burocráticas.
Sente que esta já é a sua casa?
Embora num teatro as coisas tenham de ser minimamente pensadas, dado o momento que vivemos, resolvi que é melhor viver um dia de cada vez.
Na sua vida também é assim?
Sim, quero é ser feliz no dia-a-dia e também não gosto muito de me agarrar às coisas. Sou de signo Gémeos, portanto, enquanto sinto que estou a ser útil e sou querida, está tudo bem, mas se houver uma reviravolta e eu tiver que ir embora… Felizmente, tenho uma profissão maravilhosa e tenho outras coisas para fazer. O desapego torna-me numa pessoa mais livre e mais feliz.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Bruno Peres; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem: Tita Costa com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel
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