Luís Mascarenhas mostrou-se implacável e lançou uma ‘farpa’ a Nuno Markl e isso provocou uma reação radical no humorista. O ator deu uma entrevista a uma revista semanal e fez várias críticas à ficção nacional, bem como à escolha de “malta da moda” para alguns trabalhos que deviam ser entregues a atores.
“Não sou de grupo nenhum. Não sou do Benfica nem do Sporting. Não sou LGBT. Não sou da Maçonaria. Não sou da droga. Não sou de um monte de mer*** que andam por aí”, disse, sublinhando outro ‘grupo’ ainda mais poderoso: “O grupo dos amigos do peito. É só olhares para os elencos e são sempre os mesmos. Os amigos não podemos escolher sozinhos. Tem de ser recíproco.”
Nos últimos anos, o ator, que os telespectadores puderam ver recentemente na série “Por do Sol”, na RTP1, tem andado desaparecido da televisão e, além de apontar o dedo aos responsáveis pelos canais, refere ainda outro drama vivido pelos colegas de profissão: “Estamos todos metidos em prateleiras: este é bom para fazer de médico e advogado. Aquele para polícia ou taxista. Vive-se da imagem. Isto para um ator também é castrante”.
Ao longo da sua carreira, Luís Mascarenhas deu voz a várias produções internacionais dobradas em português, como por exemplo a voz do Capitão Haddock, no filme “Titin”, e foi escolhido pelo próprio Steven Spielberg. Mas o ator aponta também o dedo ao mercado português: “Lá fora, os ‘talent voices’ metem gente a fazer dobragens e uns têm jeito e os outros não. Cá até já tiveste o Paulo Futre a fazer dobragens. É um nome… Quando dobrei a voz do Capitão Haddock [do filme ‘Tintin’] não queriam que fosse eu. Mas o Steven Spielberg, que nem me conhece, disse que eu era uma das vozes que ele queria. E depois havia dois gajos, que são uns craques nas dobragens, o José Jorge Duarte e o Buda [Rui Paulo], que foram trocados pelo Rui Unas e pelo Nuno Markl, a malta da moda. É a malta que nas redes sociais publica tudo, até quando veste umas cuecas azuis. Os tipos da PIDE hoje em dia estavam tramados, estavam todos desempregados”.
Nuno Markl sobre Luís Mascarenhas: “As pessoas deviam ser mais sinceras”
Nuno Markl não ficou indiferente a esta crítica e tomou uma posição radical. O humorista recorreu às redes sociais para anunciar que nunca mais fará dobragens e lançou ainda algumas farpas a Luís Mascarenhas pela forma como o tratou. “‘Tintin: O Segredo do Licorne’. Lembro-me de várias coisas: entre elas, o orgulho de partilhar uma dobragem com o lendário Luís Mascarenhas, um Haddock perfeito, e de ele ser bastante simpático comigo quando nos cruzámos brevemente na altura. Afinal, todos estes anos depois, constato que por dentro ele estava a rogar-me pragas Haddockianas! Uma pena só saber disto agora. As pessoas deviam ser mais sinceras. Não seria o fim do mundo“, começou por escrever na sua página de Instagram.
Nuno Markl lança ‘farpa’: “Tenho recorrentemente de ouvir o azedume de alguma malta”
“Ainda assim, e com 51 anos de vida e 30 de carreira a trabalhar em humor e com a voz, há um lado em mim que fica estranhamente lisonjeado por ser apelidado pelo Luís como ‘malta da moda’. Eu que já me acho um dinossauro, estou a sentir-me um jovem adolescente influencer – embora não me lembre exactamente da última vez que mostrei as cuecas nas redes sociais”, disse. “Fiz as dobragens que fiz porque fui convidado e acho que não me safei mal. Dei o litro, e diria que me safei melhor que o Futre – não sei se ele faria o Bing Bong do ‘Inside Out’ como a incrível direcção do Carlos Freixo me levou a fazer”, acrescentou, sublinhando ainda: “Dobrei uma quantidade jeitosa de filmes entre 2006 e 2022. Dá um gozo do caraças, dá bastante trabalho, mas ao longo de todos estes anos, se por um lado me senti acolhido por muitos profissionais da área, também tenho recorrentemente de ouvir o azedume de alguma malta que acha que eu estou lá a mais. Já não estou para isso.”
Por fim, Nuno Markl revelou que se vai afastar deste género de trabalhos: “Tendo em conta que não preciso na minha vida nem do trabalho de dobragem, nem de azedume, creio que esta é uma boa altura para fazer uma grata vénia e reformar-me desse ofício. Apesar de ser um gaiato da moda para o nosso Haddock, estou velho para estas zaragatas e nem o gozo nem o dinheiro que as dobragens dão pagam a sensação de que, para alguns profissionais da área, sou mais um Futre a dobrar filmes. Termino esta carreira com o Professor Marmelada d’’Os Mauzões’. Parece-me um esplêndido final!”
Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Impala e Reprodução redes sociais
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