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“A nossa vida só funciona juntos”

 Quem entra na galeria Art Lounge, localizada junto a uma das principais artérias de Lisboa, depressa se apercebe que estánum espaço que é mais do que uma simples galeria de arte. Um facto que Ricardo e Sofia Tenreiro da Cruz não estranham, já que na concepção deste atelier, a leveza e a harmonia do local foram os principais requisitos. “Quisemos que este espaço fugisse um bocadinho daquela ideia das galerias terem o nome do proprietário. Depois, a palavra lounge associada à arte foi escolhida precisamente com o propósito de dar a este espaço um ar agradável. Como se pode perceber, quem aqui entra sente-se bem. Este é também um espaço de convívio, daí o escolhermos para fazer as nossas vernissages. E é engraçado, porque acaba por ser sempre um evento onde não conseguimos ter 20 pessoas, juntamos sempre duzentas ou trezentas. Gostamos de receber e sempre que podemos, quando estamos em Portugal, fazemos openings de tudo e mais alguma coisa”, explica o proprietário.

Ricardo Tenreiro da Cruz iniciou este projecto há seis anos, “com o intuito de trazer para o nosso mercado artistas de destaque e com currículo internacional, mas não tão conhecidos no nosso país”.
A seu lado, Ricardo tem a mulher, Sofia, o seu braço direito e com quem partilha o gosto pelas artes. “Adoramos viajar, por isso tentámos arranjar uma ocupação que nos permitisse andar sempre de um lado para o outro. Posso dizer que procurei isso durante muitos anos e que finalmente encontrei”, conta Sofia Tenreiro da Cruz. Para a galerista, este modo de vida foi uma forma de juntar o útil ao agradável na vida do casal. “Apesar de eu ser mais extrovertida e o Ricardo mais recatado, completamo-nos mutuamente. A nível profissional também temos a sorte de conseguirmos que as nossas ideias se encontrem sempre. O nosso modo de vida só pode funcionar se estivermos os dois juntos. Tenho noção que o nosso casamento nunca daria certo se só um dos dois viajasse”, frisa.

A aposta do casal no mercado internacional foi uma questão estratégica. “Não é mais fácil de negociar, é diferente. Somos dez milhões de habitantes em Portugal e só cinco por centro da população é que compra arte. Desses cinco por cento, se calhar, compram sempre os mesmos artistas. Depois, só há quatro ou cinco profissionais portugueses que são divulgados no mercado internacional. Isto também torna o nosso trabalho difícil, já que apostamos em trazer para o nosso mercado nomes conhecidos lá fora. Sou muito patriota e gosto muito do meu país, mas tenho plena noção de que acabamos a trabalhar mais lá fora do que cá dentro, na medida em que o meu trabalho e o trabalho da minha mulher passam por divulgar artistas pelo Mundo inteiro”, explica o galerista, que faz por estar presente nas principais feiras mundiais. “Em Janeiro estivemos numa feira em Nova Deli e fomos os únicos portugueses presentes. O mesmo acontece nas feiras do Dubai e do México, onde também fazemos questão de estar sempre presentes”, adianta.

Modernização é uma das palavras que o casal mais utiliza no seu dia-a-dia. Ainda assim, não é aquela que preferem. “Prefiro usar a palavra ‘diferente’. Costumo dizer que somos os outsiders das galerias, já que uma das coisas que mais me agrada é o facto de não sermos concorrentes de nenhuma galeria. Nós somos simplesmente diferentes”, remata Sofia Cruz.

Texto: Micaela Neves; Fotos: Liliana Silva; Assistente de Fotografia: Fausto Julião; Produção: Manuela Costa; Maquilhagem e Cabelos: Tita Costa, com produtos Maybelline e L `Oréal Professionnel

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