Dezembro traz um “turbilhão de mensagens de Boas Festas” e tudo pela chegada do Natal e do Ano Novo. O Dr. Alberto Lopes, neuropsicólogo/hipnoterapeuta das Clínicas Dr. Alberto Lopes, ajuda a superar a pressão sem remorsos.
Chega dezembro, e com ele o inevitável turbilhão de mensagens de boas festas. São votos calorosos de amigos, familiares, colegas de trabalho e até conhecidos com quem raramente falamos. A tradição, tão bonita e simbólica, tornou-se para muitos uma obrigação. Sentimos a pressão de responder a todos ou de enviar mensagens personalizadas, mesmo quando o tempo ou a disposição emocional não está do nosso lado. Mas por que é que este simples gesto de desejar “Feliz Natal” ou “Bom Ano Novo” se transformou num fardo para tantas pessoas?
Antigamente, os votos de boas festas eram feitos de forma mais pausada e intencional. Cartões escritos à mão, muitas vezes acompanhados de um pequeno texto ou dedicatória, eram enviados pelo correio como uma demonstração genuína de carinho. Esses gestos envolviam tempo, reflexão e uma ligação autêntica. Havia uma humanização no ato – cada palavra escolhida era uma forma de nos aproximarmos de quem valorizávamos, e o destinatário sentia esse esforço.
Com o advento dos meios digitais, as mensagens tornaram-se mais rápidas, mais práticas, mas também mais mecânicas. A facilidade de enviar um texto ou uma mensagem em massa reduziu, em muitos casos, a profundidade e o significado do gesto. O que antes exigia intenção e dedicação passou a ser muitas vezes uma ação automática. Esta mecanização do afeto, embora conveniente, pode levar à perda do valor genuíno da mensagem. Tornamo-nos mais preocupados em “cumprir o ritual” do que em transmitir um sentimento verdadeiro.
Na era digital, a demonstração de atenção passou a ser muitas vezes medida pela quantidade – o número de mensagens enviadas e respondidas – em vez da qualidade. Ignorar uma mensagem, ainda que não intencionalmente, pode ser interpretado como falta de consideração, alimentando o medo de sermos mal interpretados ou, pior, de desiludirmos alguém. Criou-se uma obrigação social quase automática, que nos desconecta do verdadeiro espírito das festas: a humanização e a autenticidade dos laços.
Mas talvez o caminho esteja em reencontrar essa humanidade perdida. Relembrar que boas festas não devem ser mecanizadas. Um desejo sincero, ainda que breve, pode carregar mais significado do que uma avalanche de mensagens genéricas. É hora de resgatarmos o propósito desse gesto e devolvermos-lhe o seu valor genuíno.
Como superar esta pressão sem culpa ou remorso?
Se se sente sobrecarregado com a “obrigação” das mensagens, aqui estão algumas dicas práticas para lidar com este cenário de forma leve e autêntica:
- Resgate o significado pessoal: Em vez de se sentir obrigado, veja as mensagens como uma oportunidade de conexão genuína. Pergunte-se: A quem realmente quero dedicar este gesto?
- Priorize a qualidade sobre a quantidade: Escolha poucas pessoas com quem quer partilhar uma mensagem mais personalizada, em vez de tentar alcançar toda a sua lista de contactos.
- Estabeleça limites: Não se sinta na obrigação de responder imediatamente ou de enviar mensagens para todos. Faça-o ao seu ritmo, sem culpa.
- Seja autêntico: Não importa o tamanho da mensagem, mas sim que ela reflita o seu sentimento verdadeiro. Uma frase sincera é mais valiosa do que palavras vazias e repetidas, em pacotes de mensagens pré-feitas.
- Reencontre o afeto no gesto: Mesmo que seja digital, dedique alguns segundos para pensar no destinatário antes de enviar a mensagem. Visualize a pessoa e deseje-lhe o que realmente gostaria que ela recebesse.
O mais importante é lembrar que o verdadeiro espírito das festas está na conexão genuína, não na perfeição. Ao humanizar este hábito, pode transformar um gesto sobrecarregado em algo significativo, para si e para os outros. Cuide de si e envie apenas aquilo que o seu coração realmente deseja partilhar. Lembre-se, o verdadeiro espírito das festas começa na intenção, e não na obrigação. Afinal, boas festas começam sempre consigo mesmo!
Fotos: Pixabay
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