Helena Costa
“Não tenho o relógio biológico a pressionar”

Fazer novelas em Angola é uma experiência que Helena Costa gostaria de poder experimentar. Enquanto não surge a oportunidade, é na novela 'Mundo ao Contrário' que podemos vê-la no papel da sensual Sheila Pina. A atriz, de 30 anos, namora com Diogo Pereira Coutinho, mas ainda não pensa em ser mãe. O casamento também não é uma prioridade.

Como está a ser a experiência de interpretar a sensual Sheila em Mundo ao Contrário?
Helena Costa – Tem sido muito divertido, é um desafio todos os dias. E la tenta ser sensual, mas é mais uma sensualidade de bairro… É capaz de ver uns sapatos de que gosta muito mas, quando vai à loja escolhê -los, traz os mais fluorescentes. Falta-lhe aquele bom-gosto…

Mas ela é a mulher mais sensual do Bairro da Pedra…
E ai de quem lhe diga o contrário! Ela sente- se poderosa e tem “as costas quentes”, porque tem o irmão que manda no bairro inteiro.

O que teve de fazer para encarnar a personagem?
Observei pessoas que conheço e há muita gente que tem bocadinhos da Sheila. Pessoas com quem me cruzo – e não tenho sequer de saber o nome delas – ou que cumprimento todos os dias.

Acha que tem alguma coisa da Sheila?
Sou o oposto. Às vezes, vou buscar um bocadinho da boa disposição dela, que é contagiante, e da energia que ela tem, que é a de um furacão. Está sempre aos berros, bem-disposta e de braços no ar. Eu sou muito mais contida, tímida, calminha, sempre no meu canto. Gosto destes opostos.

Diria que gosta de passar despercebida?
Sim, gosto muito. Adorava que as pessoas não me reconhecessem.

Isso não seria bom sinal, uma vez que tem uma profissão que obriga à visibilidade.
Gostava de passar por uma pessoa que não fosse associada à televisão. Gosto muito do carinho do público, mas, às vezes apetece sair mais desleixada para a rua, estar mais à vontade. Apetece-me não ser reconhecida, só isso. Já vivo assim há tantos anos que já não me incomoda.

Fora da novela, é vista como uma mulher sensual. Agrada-lhe essa conotação?
Não sei onde é que foram buscar isso… Sou eu, pronto! Ainda bem que acham isso.

Já posou para revistas masculinas…
Já foi há muito tempo. Se fosse hoje, não o faria, não faz sentido. Sou atriz e é isso que tenho de ser. Porém, não me arrependo. É um trabalho que ficou feito e as fotografias estão bonitas.

Morangos com Açúcar foi a série que impulsionou a sua carreira de atriz. O que recorda desses tempos? Tem saudades?
Tenho muitas saudades! Acho que, na altura, não vivi tanto como viveria se fosse agora. Com a idade, aprendemos a dar mais valor e importância às coisas e para mim, naquele momento, estava a ser apenas mais um trabalho. Até aí, tinha feito muita publicidade, catálogos, andava a viajar… Diverti-me muito mas, se fosse agora, divertia-me mais. Estávamos todos a crescer juntos.

Na altura, o que mudou na sua vida?
Mudou o ritmo e o facto de começar a trabalhar 12 horas por dia. Eu estava a tirar o curso de Educação de Física e a fazer trabalhos como modelo e tudo isso ficou para trás. Mudou tudo.

É difícil manter os pés assentes na terra quando se está sob os holofotes?
Os meus pais sempre me alertaram para isso. “Não vais andar dizer a toda a gente, não vais fazer publicidade a nada, vais fazer o teu trabalho e ponto final. Não vais usar isso para te enalteceres ou achares que és mais importante do que os outros”. Eles disseram-me isso os 14 anos, quando fiz o curso de manequim. Acho que não mudei e continuo a ser a mesma pessoa.

Já fez cinema e teatro. Não pensa internacionalizar a sua carreira?
Já viajei muito e gosto de fazê-lo, porque se aprende a dobrar. Vamos por nós próprio e estamos mais atentos à informação. Agora, ir para lá e começar do zero… Acho que já não faz muito sentido. Tenho um sonho: Adorava trabalhar em Angola.

A fazer o quê, em Angola?
Novelas. Sei que é tudo difícil e diferente, mas gostava muito de ir, se me dessem a oportunidade.

O seu namorado é de uma área diferente da sua. Como é que ele vê o facto de ser atriz?
Não vou expor a minha relação. Já tenho tanta coisa sobre o que falar da minha vida…

Já teve um relacionamento público, em tempos, com o Daniel Mustafá. Porquê esta mudança de atitude?
O Daniel era uma figura relativamente conhecida, por ser jogador, e dava-lhe algum jeito. Ele nunca teve problemas em aparecer comigo, mas não falávamos muito de nós. Tive outro namorado, na altura dos Morangos, mas também nunca falei muito dele. Nunca fui de falar. Eu e o Diogo não queremos expôr-nos.

Está com 30 anos. Pensa na maternidade?
Não, não tenho isso estipulado. Pensei nisso quando tinha 20 anos, acho eu. De repente deu-me assim uma vontade: “Gostava de ter um filho.” Meu Deus, se eu tivesse tido um filho tinha agora 10 anos! Não é uma prioridade, de todo. Tenho dois sobrinhos lindos, que adoro, e já tenho a vida tão preenchida… Sei que iria mudar totalmente e não me apetece essa mudança. Ainda bem que não tenho o relógio biológico a aborrecer-me, senão também tinha a pressão da idade.

Não se imagina nesse papel?
Imagino e acho que vou ser uma excelente mãe, mas não me imagino para já, nem tão cedo.

Casar é um sonho para si?
É o sonho de todas as mulheres, mas também não tenho essa pressão. Acho que, hoje em dia, não há idade. Tanta gente que se casa aos 60, 50 ou 40 porque já se divorciou antes… Por que é que eu hei de ter pressa? Não há pressão de idade. Se calhar, um dia, vou-me casar. É isso que eu penso.

É uma mulher de afetos, sentimental ou romântica?
Sou uma mulher prática. Não sou tão mulher como as outras mulheres, sempre fui um bocadinho mais objetiva e simples. Estou agora a ler um livro que explica por que é que as mulheres não conseguem ler mapas de estradas e por que não fazem bem a marcha atrás e eu não me identifico com esse estilo de mulher. Se calhar, é por isso que gosto de desporto e fui piloto de automóveis, mas também sou uma mulher intensa.

Texto: HMC; Fotos: Bruno Peres; Produção; Romão Correia; Cabelo e maquilhagem: Ana Coelho, com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel

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