Francisco Menezes
“Não quero que o meu filho olhe para mim como o super-homem”

Famosos

Humorista mostra talento a cantar em A Tua Cara Não Me É Estranha e prepara novo espetáculo

Qui, 11/04/2013 - 23:00

Na reta final de A Tua Cara Não Me É Estranha 3, Francisco Menezes, de 39 anos, acredita que poderá ser o grande vencedor destaedição, na qual já ganhou algumas galas. Em simultâneo, o humorista, que se tem revelado cada vez mais um verdadeiro entertainer, pela sua versatilidade a nível profissional, prepara um novo espetáculo: Loop, que estreia dia 30 de abril no Teatro do Bairro, em Lisboa. Francisco Menezes é pai de um rapaz, Francisco, de cinco anos, fruto do casamento de quase 12 anos com Sofia Menezes, e fala com a VIP sobre o seu papel enquanto pai.

VIP – Como é que está a correr a sua participação no programa A Tua Cara Não Me É Estranha?
Francisco Menezes – Já venci três galas. Está a ser giríssimo e a correr muito melhor do que eu estava à espera. Vou para todas as galas com a única preocupação de fazer bem as coisas. Fico muito surpreendido por ter público a votar em mim e a gostar do que eu faço, não que não ache que faça coisas de que o público possa gostar, mas porque é muito subjetivo. Fico muito contente de me escolherem a mim.

Acredita que poderá ser o grande vencedor desta terceira edição?
Acredito que posso ser eu. Não conhecia bem a mecânica do programa, já percebi que são quatro que vão à final e depois qualquer um pode ganhar. Não fico a achar menos de mim se perder para qualquer um deste grupo, porque sou fã deles todos e são todos extraordinários.

Seria importante para a sua carreira ser o vencedor do programa?
Isso acho que não. Isto é um programa de televisão, não vai mudar a vida de ninguém. De facto, está a trazer­ me muito mais reconhecimento, mas temos de ter noção que daqui a um mês o programa acaba e as pessoas viram a atenção para outras coisas.

O programa veio trazer­ lhe um sentimento de saudade, de querer regressar à televisão?
Não faz parte dos meus objetivos. Quero trabalhar, sou uma pessoa de projetos e que aceita sempre propostas aliciantes. Se me aparecesse uma em televisão ou rádio, aceitava. Ao vivo não, que já tenho muito trabalho. Não vim com esse objetivo, vim para me divertir, dar­ me a conhecer aos portugueses que não me conhecem e angariar novos públicos para os meus espetáculos.

Está a preparar um novo espetáculo?
Estou em Madrid a ser encenado por uma companhia chamada Yllana, que faz musicais há 20 e tal anos e os vende para todo o Mundo. O espetáculo, que se vai chamar Loop, estreia dia 30 de abril no Teatro do Bairro, em Lisboa.

O que tem este espetáculo de diferente dos outros a que já nos habituou no stand­ up?
Não tem nada a ver com stand­ up comedy, é muito mais musical. Tem uma linguagem mais universal, pode ser visto em qualquer parte do Mundo. É um espetáculo a solo que vou levar a sério para a estrada e querer vender para fora.

É o maior desafio da sua carreira?
É uma responsabilidade muito maior, porque é um upgrade daquilo que estou a fazer, tem um investimento maior em termos de cenografia, musicais, iluminação, tudo. De facto, é uma viragem na minha carreira. Estou a ir para um lado de espetáculo de comédia e não estritamente stand­ up comedy.

Como gere tudo? Está com o programa, viaja para Madrid e ainda tem a vida familiar.
Há muita gente que vive assim. Uma pessoa tem de trabalhar e quando gosta do que faz, é “empurrar para a frente”. Eu, a minha mulher e o meu filho já sabíamos que íamos passar um mês e umas semanas difíceis, em que nos íamos ver menos, mas é a vida. Mais tarde havemos de compensar isso e Madrid também não é assim tão longe. Lidamos da melhor maneira possível.

De onde vem esta sua veia de entertainer? Canta, apresenta, fez rádio, é comediante…
Venho de uma família muito normal, com gente trabalhadora, não tenho nenhum artista na família. A minha mãe diz que a minha avó cantava lindamente, o meu pai é um artista noutro género, é uma pessoa engraçada, mas não tenho ninguém que trabalhe no ramo.

Em criança fazia espetáculos para a família?
Um bocado contra a minha vontade. Desde miúdo que a minha brincadeira preferida era cantar e os meus tios pediam­ me para fazer coisas nas festas de Natal, mas não era eu que dizia: “Agora vejam isto!” Não é como o meu filho, que é totalmente o oposto. Pelo que consigo ver, ele tem um grande talento musical, mas gosta de dar nas vistas. Eu também gosto, mas ele é um tipo confiante. Às vezes temos jantares de família e ele começa a arrumar cadeiras para os tios se sentarem e o verem a fazer coisas. Adora público, muito mais do que eu. Tem uma autoconfiança extraordinária, que eu não tinha com a idade dele. Se tudo correr normalmente, ele vai ser um furacão, mais que o pai, porque eu comecei muito tarde, já tinha 20 e muitos, e devia ter começado com cinco ou seis anos de idade. E ele já começou.

Ele diz que quer ser como o pai?
Não diz nada e espero que não. Uma das coisas que não quero que lhe aconteça e que me aconteceu a mim é: quando crescemos, vemos o nosso pai como um herói e um ídolo, e a mim custou­ me muito encaixar a ideia de que era um homem como outro qualquer. E hoje em dia adoro­ o como um homem qualquer. Tenho consciência que tem defeitos e que não é um super­ herói. Não quero nunca que o meu filho olhe para mim como o super­ homem ou como o tipo que faz bem as coisas. Sempre que ele me pergunta se gosto disto ou daquilo, digo­ lhe: “Francisco, não interessa o que eu gosto, interessa o que tu gostas.” Por muito jeito e aptidão que ele tenha para fazer uma coisa, só quero que ele a faça se a escolher.

Mas é normal olhar para o pai dessa forma.
É normalíssimo, eu sei, e é a nossa responsabilidade. Por muito que eu diga isto, há algumas coisas que vou ter de lhe passar, mas vou tentar passar aquilo que os meus pais me passaram: educação, ter carácter, saber tratar as pessoas e estar com os outros. Com certeza, não vou conseguir tão bem, mas vou tentar. Tudo o resto, espero que ele construa sozinho.

Como é o Francisco enquanto pai? Que tipo de relação tem com o seu filho?
Acho que tenho alguma sorte, porque tenho uma vida que me permite estar muito em casa e que me permite estar mais com o meu filho do que é normal. Não sendo um pai galinha, ele é a minha prioridade número um e é um amor total. Sinto uma devoção completa a ele, embora não abdique da minha vida, porque sei que ele vai crescer, vai embora e eu tenho de continuar com a minha vida. É impossível de descrever. Eu sei que não é nada de especial, até os cães e as ratazanas têm filhos, mas quando nós temos os nossos é uma coisa muito especial. Ainda por cima, acho­ lhe muita piada, ele é um tipo muito engraçado. Não é só por ser meu filho, adoro­ o e amo­ o como meu filho, mas é um tipo com muita piada e que me faz rir genuinamente. É muito mais agarrado à mãe do que a mim, porque a mãe é uma mãe extraordinária, mas é o meu filho.

Texto: HMC; Fotos: Bruno Peres; Produção: Manuel Medeiros

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