Margarida Moreira é uma das mais talentosas atrizes da sua geração. Com um passado maioritariamente ligado aos palcos, a atriz não esconde o desejo de fazer mais cinema e televisão. Margarida Moreira revela ainda que morrerá uma parte de si se algum dia for obrigada a escolher outra profissão.
VIP – Que balanço faz da sua participação em O Bairro?
Margarida Moreira – Filmámos em formato de série e também em formato de cinema e posso dizer que foi diferente daquilo que é feito em Portugal. Foi um privilégio e um orgulho fazer parte daquele elenco. Foi maravilhoso.
Surpreende-a o crescimento da aposta nos projetos nacionais e o reconhecimento além-fronteiras?
Não me surpreende. Acho que é algo inevitável e a ficção portuguesa tem percorrido um caminho extraordinário. E isso tem levado o público a aproximar-se do cinema e do teatro.
No futuro, acredita que haverá mais cinema nacional e que esses projetos vão dar oportunidades a mais atores?
É o caminho. Não pode continuar a ser só para atores de elite. Falo por mim, que adoro cinema e tenho por objetivo fazer cinema.
Já tem algum projeto?
Fui convidada pelo ator americano John Frey, que criou uma companhia que se chama Below The Belt, da qual faço parte, para fazer a peça Danny e o Profundo Mar Azul, que vai estrear no Teatro Turim, em outubro. É algo extraordinário e é uma honra ter sido convidada por ele. Estou de férias, mas estou a estudar a peça antes de dar início aos ensaios em setembro.
O que a levou a seguir a carreira de atriz?
Não sei precisar quando começou, mas sei que o sonho começou muito cedo e rapidamente passou a objetivo. Recordo-me de ver telenovelas brasileiras, imitar as personagens e pensar que um dia gostava de lá estar. É engraçado porque fazia jogos em criança que mais tarde percebi serem exercícios que os atores fazem.
Mantém esse sonho de trabalhar num projeto brasileiro? Gostava de ir para o Brasil?
O meu objetivo é ter personagens para interpretar. Tenho tido um percurso que valorizo muito, nos palcos portugueses. Adorava poder estar inserida noutras culturas. Isso seria enriquecedor. Mas, antes disso, também quero estar no meu país e fazer coisas. A nossa ficção está muito boa e adorava fazer parte dela. Quero é trabalhar como atriz. Se surgisse um convite para a Globo, nem pensava duas vezes, mas ficava igualmente feliz se, depois da peça de teatro, fosse convidada para uma novela ou série nacional.
Faz parte de uma geração de atores que ouviu conselhos dos pais para seguirem outros rumos profissionais. Passou por isto?
A minha mãe esteve sempre ao meu lado e da minha irmã. Tal como no colégio, os nossos professores diziam que devíamos insistir na carreira. O meu pai tentou que seguíssemos um curso diferente, mas, assim que nos viu em palco, ficou nosso fã incondicional e, desde aí, apoia-nos a 100 por cento em tudo. Tenho essa sorte.
A sua carreira tem estado mais direcionada para o teatro. Foi uma opção ou algo que aconteceu naturalmente?
Adoro fazer teatro, tal como adoro fazer cinema e televisão. Já fiz algum cinema e alguma televisão, mas tenho feito mais teatro. A vida levou-me mais nesse sentido. E é curioso que desde pequena que me imaginava como atriz em cima de um palco. Mas a minha luta diária é para chegar a todos os castings. Gosto dos três formatos e adorava fazer os três por igual. O destino tem-me levado aos palcos e eu agradeço-lhe.
É num palco que se veem as verdadeiras capacidades de um ator?
Acredito que as verdadeiras capacidades são vistas em qualquer formato. Mas a verdade é que em teatro não há rede; o contacto com o público é mais direto. É um trabalho mais intenso, imediato e diferente.
No teatro há uma grande batalha que passa pela divulgação dos projetos…
É um pouco mais complicado para os atores que fazem parte de companhias não subsidiadas. Por isso é que não compreendo como é que existem companhias que são subsidiadas e que ainda reclamam do dinheiro que recebem. Eu e os meus colegas temos lutado muito. Metemos as mãos na massa e, em muitos casos, vivemos da bilheteira. Gostava que houvesse uma melhor divulgação daquilo que é feito em teatro. Convido as pessoas a irem ao teatro.
A carreira de atriz é pautada pela indefinição. É algo que a assusta?
É algo que me preocupa. Mas tenho a sorte de estar acompanhada por pessoas que sabem arregaçar as mangas. Agarramos em textos e, quando os projetos não chegam até nós, vamos nós até eles. Temos de ser pró-ativos e aproveitar o tempo de descanso para desenvolvimento e crescimento pessoal. Um ator será muito melhor quanto mais se conhecer.
Tem algum plano B, caso seja necessário colocá-lo em prática?
A minha vontade e garra é tanta que isso não se coloca. Se tiver de recorrer a um plano B, uma parte de mim morrerá nesse dia. Mas, se tiver de acontecer, tirei um curso de Psicologia e tenho essa ferramenta. Se bem que escolhi esse curso por me permitir conhecer melhor o ser humano e ser algo
que poderia usar como atriz. Mas não quero pensar nessa hipótese.
Tem uma irmã gémea que também é atriz. Quais as vantagens e desvantagens?
A desvantagem é estarmos num país pequeno, em que não existe muito trabalho e há alguma confusão. Para mim, ter uma irmã gémea é algo natural. Já fizemos alguns trabalhos juntas por sermos gémeas, mas pode existir alguma confusão natural, pois as pessoas podem não saber que existem duas e misturam os percursos. É um privilégio ver o percurso da minha irmã e ter alguém a meu lado que percebe tudo aquilo que desejo profissionalmente.
Aparenta ser tímida e reservada. A representação é uma forma de lidar com isso?
É uma boa pergunta. Mas acho que não existe uma relação. Há momentos em que sou tímida e reservada e há outros em que não sou. Se pensasse dessa forma, seria um grande ato de coragem expor-me e expor os meus sentimentos ao público. É uma característica minha. Posso ser assim ou ser o oposto. Depende dos locais onde estamos e das pessoas que temos ao nosso lado.
Na vida pessoal, brinca com a sua irmã com o facto de serem gémeas e costumam pregar partidas aos amigos?
Acabámos por não ter aquele percurso normal das gémeas, que andam sempre agarradas e vestidas de igual. No infantário fomos logo separadas para turmas diferentes, mas houve algumas brincadeiras naturais que fizemos às nossas amigas, a fingir que comunicávamos por telepatia. Aquilo era tão bem feito que parecia mesmo real. Mas foram poucas coisas. Sempre lutámos para termos um espaço individual. O que uma faz e pensa não tem de ser o que a outra faz e pensa.
Como se define longe dos palcos e dos estúdios?
Sou a mesma pessoa, quer esteja a trabalhar ou não. Naquilo que faço, entrego-me da mesma maneira. Claro que há dias em que estamos bem dispostos e noutros menos. Acima de tudo, sou uma pessoa que se sente feliz com a vida.
Casar e ter filhos é algo que deseja?
Faz parte dos meus planos. Adorava. Desejo casar e ter filhos e sei que, no dia em que for mãe, terei que me dedicar a 100 por cento. Portanto, ainda não estou preparada para o fazer.
É uma escolha difícil? Por exemplo, se, quando decidir ser mãe, receber a melhor proposta profissional…
Trazer um filho ao mundo é uma grande responsabilidade. Criar um ser humano estruturado e equilibrado é uma responsabilidade dos pais. Ter um filho para o entregar a uma ama ou colocar num infantário com poucos meses de vida… Não vou dizer que “desta água não beberei”, mas é algo que me aflige enquanto pessoa. Não é justo trazer um ser humano ao mundo sem me poder ligar 100 por cento a ele. Mas quero ser mãe e estar preparada para essa entrega total.
Consegue perspetivar os próximos dez anos de carreira?
Tenho objetivos. Sempre os tive. Nos próximos dez anos quero fazer teatro, muita televisão e muito cinema. Ainda não tenho o privilégio de escolher as minhas personagens, mas um dos meus objetivos é, daqui a dez anos, estar a trabalhar na minha área e também poder escolher as personagens que quero fazer. Seria um grande privilégio. Quero ser feliz!
Texto: Bruno Seruca; Fotos: Bruno Peres; Produção: Nucha; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
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