A timidez natural não o impediu de ser chamado para solista durante os anos em que completou o ensino médio nos Estados Unidos e nem mesmo a apetência familiar para ocupar altos cargos políticos e empresariais o desviou do seu caminho. José Paulino dos Santos, conhecido no meio artístico como Coreón Dú, tem 36 anos e sempre soube que os seus passos na vida não seriam propriamente iguais aos trilhados pelo pai, o Presidente angolano José Eduardo dos Santos.
Começou cedo, aos 13 anos, mas apesar da vontade férrea em fazer carreira na música, acabou por tirar igualmente um curso superior. “A preocupação familiar com a sustentabilidade daquilo que ao início pensavam ser apenas um passatempo levou-me para o curso de Gestão, mas no final do dia o que eu queria era fazer música”, recorda em conversa com a VIP. Não se mostra arrependido com a escolha feita (“talvez só um pouco por não ter… começado mais cedo”, admite), até porque a opção se tem revelado proveitosa. Embora ainda em início de carreira, Coreón Dú diz estar satisfeito com o percurso até ao momento.
O convite para que apresentasse em Lisboa, no FESTin – Festival de Cinema Itinerante de Língua Portuguesa, o documentário Festa de Quintal – The Angolan Home Theatre, onde mostra que a dança é igualmente uma forma de comunicação, enche-o de orgulho, mas o filho do homem mais importante de Angola sabe que ainda há muito caminho para ser trilhado até à sustentabilidade que a família sempre quis que alcançasse. O apoio familiar, no entanto, nunca lhe faltou até porque tanto o pai como a mãe, a ex-mulher do Presidente angolano, Maria Luísa Perdigão Abrantes, também conhecida por Milucha, sempre estiveram ligados de alguma forma à música: “Está no ADN familiar. O meu pai foi compositor de uma banda nos anos 50/60 e escreveu letras para vários artistas na mesma altura, pelo que posso dizer que a música está bem enraizada na minha família.” Os irmãos e as irmãs são, como o próprio admite, “os seus maiores fãs”, mas daí a haver grandes sessões de improviso musical quando todos se reúnem, vai uma longa distância: “Quase todos cantamos ou tocamos algum instrumento e por vezes sentimo-nos inspirados, mas não combinamos concertos familiares”, conta.
Texto: Miguel Cardoso; Fotos: Impala e DR
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