Mulher de Zé do Pipo sem esperanças de voltar a ver o marido
«Só não tenho a certeza do que aconteceu porque não o vi»

Nacional

Nuno Batista está desaparecido desde o dia 5 de novembro e as buscas terminaram no dia 4 deste mês. A mulher do cantor falou pela primeira vez sobre o assunto

Qui, 20/12/2018 - 16:10

O episódio desta quinta-feira, dia 20 de dezembro, do programa Linha Aberta, da SIC, contou com uma entrevista exclusiva à mulher de Zé do Pipo. Esta foi a  primeira entrevista da mulher do cantor desde que este desapareceu a 5 de novembro. 

A teoria do suicídio é cada vez mais uma certeza entre os amigos e familiares de Nuno Batista. José Carlos Costa, amigo do cantor, afirma que este tinha «algumas perturbações e tudo aponta para que se tenha atirado ao mar».

Apesar disto, José revela que «todos foram apanhados de surpresa porque ninguém previa este desfecho».

«Ele dizia que não tinha sentimentos»

Celeste deu a primeira entrevista após o desaparecimento de Nuno. Numa conversa intimista e sofrida, a mulher do cantor afirma que a esperança é quase inexistente.

Celeste e Nuno eram casados há 18 anos. A mesma afirma que esta não foi a primeira vez que o artista  sofreu uma depressão e que já existiam antecedentes familiares. 

«Já tinha tido (depressão) em 2016, depois recuperou. Foi também em agosto, este é um mês de depressão e viagens enormes» começa por afirmar. Entretanto, Celeste conta pormenores sobre as idas do marido ao psiquiatra e desvenda o que este sentia. 

«Em agosto ele decidiu ir ao psiquiatra mas a mediação não estava a fazer efeito. Voltámos lá, na altura ele dizia que não tinha sentimentos e que não sentia emoções. A cabeça dele estava completamente vazia. Os pais dele já tinham tido depressões e a tia também. O médico dizia que era hereditário».

Segundo Celeste, Nuno «era uma pessoa feliz» nos meses anteriores. Mas tudo mudou. O artista deixou de ser a pessoa alegre e divertida, só se transformava em palco.

«Ele em casa não falava, praticamente não falava. Pelo contrário, quando chegava ao palco era como se ligasse o botão de uma máquina qualquer. Mas não era ele que lá estava, era o Zé do Pipo».

A própria família também acredita em suicídio

Na manhã de dia 5 de novembro, dia do desaparecimento, a mulher do cantor voltou a perguntar-lhe como se sentia. «Ele disse que estava na mesma. Não se sentia bem, continuava sem emoções e sem sentimentos.» afirma.

«Por volta das 14 horas o Nuno levantou-se e disse que ia ao banco e à farmácia. Às 16h30 comecei a achar estranha a demora. Nessa altura liguei para ele mas o telemóvel estava desligado, foi ai que liguei para a GRN de Óbidos», continua Celeste, descrevendo os pormenores do dia do desaparecimento do marido.

A viatura de Zé do Pipo foi encontrada perto do mar na quarta-feira, dia 7 de novembro. Apesar de não existirem certezas de que este tenha desaparecido no mar, Celeste acredita que foi esse o desfecho.

«O carro apareceu no dia seguinte. Eu abri-o e estava lá o telemóvel ligado, tinha sido ligado à meia noite. A essa hora tinha recebido uma mensagem a dizer que o número já estava disponível. Mandei mensagens e voltei a telefonar-lhe mas nunca obtive resposta. Junto com o telefone estavam também a carteira e o casaco».

Entretanto, Celeste é confrontada com o a possibilidade de o marido ter cometido suicídio. Para a mãe dos filhos do artista esse é o cenário mais provável. «Eu não acredito que ele tenha fugido para lado nenhum. Só não tenho a certeza do que aconteceu porque eu não o vi (o corpo)».

As buscas por Nuno Batista terminaram no dia 4 de dezembro, sem qualquer tipo de pista sobre o seu paradeiro.

Dívidas e problemas profissionais

Questionada sobre os rumores de possíveis dívidas e problemas profissionais, Celeste diz que são infundados. A depressão de Nuno acabou por ser mais forte do que o amor aos palcos e a personagem Zé do Pipo e este teve que se afastar, mas nunca demonstrou qualquer tipo de sentimento.

«Não há verdade nisso. Ele nunca demonstrou nada (nenhum sentimento) sobre o deixar de ser o Zé do Pipo, mas era impossível ele continuar porque ia voltar a ter depressões.»

Recorde-se que Celeste e Nuno Batista são pais de dois meninos. O mais novo com três anos e o mais velho com 16.

Texto: Inês Marques Fernandes: Fotos: DR

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