Do Primeiro Fado ao Último Tango é o novo trabalho de Mísia, um duplo álbum que espelha grande parte da sua carreira, reunindo 40 temas dos seus 12 discos de originais. Uma coleção de seduções e colaborações artísticas, que é um verdadeiro desfile de grandes nomes da cultura, não só nacional como estrangeira, de José Saramago a Maria Bethânia, de Agustina Bessa-Luís a Iggy Pop, passando por Adriana Calcanhotto, Melech Mechaya, Dead Combo ou Martírio.
Um disco que, mais do que alinhar canções, reúne uma grande parte da música portuguesa dos últimos anos, numa voz ímpar, uma personagem genuína.
VIP – O ano de 2017 começou agora e já deu três espetáculos no estrangeiro. Como vai ser o resto do ano?
Mísia – A 21 de fevereiro em Madrid, depois há espetáculos marcados para Chipre, Roménia e muita atividade aqui em Portugal, o que me deixa muito contente. No mês de março, palestras e miniconcertos no Museu do Fado, em Lisboa, e um concerto no CCB, a 19 de maio, que se vai chamar Mísia e Os Seus Poetas, este centrado nos poetas que escreveram especialmente para a minha voz. Foi ponto de honra, nestes 25 anos, recorrer à autoria dos poetas, especialmente para o meu trabalho, entre eles pessoas de quem não se conhece poesia, como é o caso da Agustina Bessa-Luís, Vasco Graça Moura, Lídia Jorge, Hélia Correia, etc.. Ainda no mês de março, darei três concertos em França e começa agora a apresentação deste novo disco em várias capitais europeias. Comecei o ano com uma grande alegria, que foi este disco ser distribuído internacionalmente. Já tive discos anteriores distribuídos internacionalmente, na época em que as editoras trabalhavam de outra forma e os discos eram automaticamente distribuídos se a artista tinha concertos nesses territórios.
Este álbum reforça a sua carreira internacional. Faz mais espetáculos no estrangeiro do que cá…
Qualquer pessoa que tenha uma carreira internacional faz mais espetáculos no estrangeiro do que em Portugal. O meu trabalho é muito respeitado lá fora, talvez muito mais divulgado do que cá. Não tenho nenhuma queixa, nem nenhuma noção de não ser amada em Portugal, o que tenho a sensação é de que o que faço é pouco divulgado, as pessoas não sabem dele; sabem quem é a Mísia, mas não sabem o que faço ou fiz. Para agravar um bocado esta situação, está o facto de eu ter começado a fazer coisas muito significativas no mundo do fado e ter atuado em salas onde só a Amália tinha atuado, fazer parte da programação do Olympia, seguir um bocadinho e com grande honra os passos da nossa maior fadista, o que aconteceu quando não havia Internet.
Os portugueses tratam mal os seus artistas?
Acho que a pergunta correta devia ser “os portugueses tratam-se bem a eles próprios? São orgulhosos deles próprios, identificam-se com as pessoas que têm êxito ou identificam-se mais com as pessoas low profile, mais tímidos, pouco ambiciosos?” É algo que não se passa só com os artistas…
Leia a entrevista na íntegra na revista VIP n.º 1022, já nas bancas
Texto: Luís Peniche; Fotos: Helena Morais
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