Lisboa parou, por breves instantes, para ver uma bailarina posar nas escadas do metro da Baixa-Chiado. Numa passadeira do Rossio. Em plena Rua Augusta. Por entre o trânsito dos Restauradores. Lisboa “parou” para ver uma bailarina por quem o tempo parece não passar.
Mila Ferreira tem 46 anos, mas podia ter menos 20, tal é a agilidade com que posa para a objectiva do fotógrafo da VIP. A cantora, que também é advogada e que, em tempos, foi actriz e apresentadora de televisão, tem um novo CD. Vem Voar está carregado de tranquilidade e boas vibrações. É isso que Mila, que agora passa mais tempo na barra dos tribunais do que nos palcos, quer passar às pessoas, através das novas canções, energia. Relato de uma tarde bem passada.
VIP – Está de volta com um novo CD. Porquê o nome Vem Voar?
Mila Ferreira – É um bocadinho do título da música de promoção, Vem, Vamos Voar. E é um conjunto de sensações, sentimentos e cores, é uma viagem. No fundo, é um convite a viajar comigo nessas emoções.
Em relação aos anteriores, o que tem este álbum de diferente?
Posiciona-me melhor em termos de estilo. Houve um encontro de um estilo mais adequado à minha voz, depois de tanto tempo à procura. Houve uma evolução muito grande em termos de produção. Em termos de voz, capta o melhor de mim, há uma revelação da cantora.
Qual é o público-alvo deste trabalho?
Quando faço um disco não penso nisso, mas no que seria importante as pessoas ouvirem, a minha preocupação está na mensagem que vou passar. Tenho músicas para todos os gostos. Quando as canções são boas e as mensagens são bonitas, as pessoas acabam por aderir.
As músicas são escritas por si?
Seis delas, sim. Eu escrevo desde miúda, sempre gostei de escrever, mas depois aconteceu um problema na minha família e eu fiquei com medo de ir ao meu interior. Neste CD, e já no anterior, fiz as pazes com a escrita.
O último álbum tinha saído em 2007 e o anterior em 2000. O que é que acontece durante esses períodos de afastamento que a fazem voltar?
Teve a ver com a fase em que estava no Made in Portugal. Achei que não era correcto estar a fazer concorrência às pessoas que apresentava, fiz uma pausa. E depois tive uma daquelas crises existenciais, em que pensei se faria falta ou não, se devia continuar na música… Quando descobri que se Deus me deu um dom foi para o pôr ao serviço das pessoas, resolvi seguir em frente, até porque é isto que eu quero fazer.
O seu site está com um look muito zen, muito descontraído. É um reflexo do seu estado de espírito?
Sim, aliás o que cantamos tem a ver com o nosso estado de espírito. A minha preocupação é passar a energia que tenho no meu interior e o site é, de certa forma, uma continuação do CD, que tem esse lado de tranquilidade.
A Mila tem 46 anos. O que mudou na sua vida em relação aos tempos em que estava na televisão?
Tanta coisa… O último programa que apresentei foi em 2002! Acho que, de lá para cá, tornei-me mais tranquila, mais serena, já não vivo obcecada com o que não tenho, estou menos exigente comigo e menos ansiosa. E estou a cantar melhor! Fui tendo sempre aulas de canto, fui sempre aperfeiçoando a voz.
Diz no seu site que, durante o programa Queridos Inimigos, foi “infinitamente feliz”. Tem saudades desses tempos?
Foi um tempo muito bonito. Não tinha noção se tinha jeito para apresentar, fiquei muito contente por ser escolhida entre 150 candidatas. E tive um colega fantástico, o Rogério Samora, que me ensinou muitas coisas, até a gerir o meu dinheiro!
Fez sete anos de ballet clássico. Que importância tem a dança na sua vida?
Muita. Foi o meu primeiro amor profissional e continua a ser uma paixão muito grande. Conheço muitas formas de arte, mas a dança é a única que nos permite elevar física e espiritualmente.
Actualmente, dedica-se mais à profissão de advogada. O que é que a fascina mais em Direito?
Ajudar as pessoas a resolver as questões que as preocupam. O advogado pode ter um papel muito importante na vida do cliente. A sensação de aliviarmos uma pessoa, de a libertarmos de um problema, é muito boa. Fazer justiça e ajudar as pessoas a encontrar justiça é muito, muito agradável.
Este álbum tem uma música chamada Torna a Vida Especial. O que é que torna a sua vida especial?
Essa letra foi escrita por mim. Eu tinha uma preocupação muito grande com a mensagem que ia passar, porque todos nós devemos tentar procurar a nossa identidade, o nosso lugar no mundo. Todos temos missões na vida, sejam temporárias ou não, e todos temos de mergulhar no nosso interior para pensar e perceber quais são essas missões. Ir cumprindo e tentando perceber quais são as minhas missões na vida, e cumpri-las, deixa-me feliz.
Nesta produção reviveu, de certo modo, os seus tempos de bailarina. Como é que se sentiu?
Foi uma produção muito especial, de facto. Senti novamente a magia da roupa de bailarina, o rigor do porte, da postura dos fatos… Foi uma experiência maravilhosa, adorei toda a mise-en-scène a que os bastidores obrigam.
Qual é o segredo para se chegar aos 46 anos com um aspecto tão jovem?
Eu consigo conservar a forma. A pele não é a mesma, as coisas transformam-se… Talvez não se note tanto porque não fumo, não bebo, faço o meu desporto, tenho uma alimentação saudável. Mas a idade está cá! Apenas tenho armas que me permitem fazer de mim uma pessoa feliz.
Texto: Ana Murcho; Fotos: Rui Renato; Assistente de fotografia: Fausto Julião; Produção: Nucha e Zita; Maquilhagem e Cabelo: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel; Agradecimentos: Accessorize; Calzedonia; Intimissimi; Ballet Etc…; Academia de Dança – Full Out; Atelier Ana Sabino; Inoccenza
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