Miguel Milhão, fundador da Prozis volta a dar que falar e recorreu ao podcast interno da marca, Conversas do Karalho (uma referência ao pau da gávea das caravelas), para esclarecer a sua posição quanto ao aborto e defender-se das críticas, esta terça-feira (28).
Durante cerca de 43 minutos, o empresário quis defender-se das críticas que tem recebido desde que aplaudiu o fim do aborto legal nos Estados Unidos e atirou-se a quem o criticou. “Não gosto desta ‘mob’, destes filhos da p*ta. Podem todos deixar de comprar na Prozis”, atirou, dizendo ainda que “a Prozis não precisa de Portugal”, considerando-se “incancelável” e com “recursos ilimitados”. A quem criticou o seu ponto de vista chamou de “pulhecos de m*rda”, “filhos da p*ta”, “canzoada” naquilo que disse tratar-se de “uma hipocrisia”.
“Não vamos ser manipulados por esta ‘mob’. As minhas ideias são as minhas ideias, não são as da Prozis. A Prozis não tem ideias – é uma empresa que vive para produzir bens e serviços, que tem como objetivo produzir lucro. É uma empresa privada, que tem acionistas, trabalhadores, parceiros, vários tipos de ‘stakeholders’, e todos eles têm opiniões diferentes (…) isto não é a Coreia do Norte”.
Recorde-se que assim que Miguel Milhão fez a publicação nas redes sociais a defender o fim legal do aborto nos EUA várias atrizes e influenciadores digitais terminaram a colaboração com a Prozis. Marta Melro, Jéssica Athayde, e Diana Monteiro foram algumas delas.
Quanto à onda que existe nas redes sociais, a apelar para que os influenciadores digitais terminassem as parcerias com a Prozis Miguel Milhão responde confiante. “Eu sou incancelável. É impossível cancelarem-me, e a estas pessoas não. A vida delas, e o que elas fazem, a forma como alimentam as suas famílias, é a vender a sua imagem. Predispuseram-se a ajudarem-me e muitas fizeram-no publicamente”
Fundador da Prozis disse que era um “candidato fixe ao aborto”
Miguel Milhão vive nos Estados Unidos e garante que não vai ceder a “ditadura das ideias” que considera “o princípio do fim das civilizações” e por isso assume que “preferia comer terra do que mudar de ideias”, esclarecendo que na publicação onde aplaudiu o fim do aborto legal nos EUA, não estava “a falar das mulheres”, mas sim dos “bebés”, que “estão a ganhar direitos”.
O fundador da Prozis revela que ele próprio foi um “candidato fixe para o aborto”, uma vez que nasceu “cego do olho esquerdo” e a mãe engravidou ainda adolescente. “A minha mãe tinha 19 anos, era solteira, eu era um candidato fixe para o aborto. Ela pensou diferente. Na altura recomendaram, ela não fez e aqui estou. Sei que estou a fazer um bom trabalho e não é por estar a salvar o mundo, é porque sei que ao meu redor as pessoas estão mais felizes. Isso é que é uma vida útil de serviço.”
Miguel Milhão continua a defender a sua posição. “Se eu matar um idoso, o que é que lhe roubei? As experiências que ele ia ter até morrer de morte natural. E roubaria às outras pessoas a sua presença e a sua energia. Mas se matasse um jovem adulto, roubava muito mais experiências. Se eu matasse uma criança, roubar-lhe-ia aquilo tudo. E se matares o feto, matas tudo. Se roubares o embrião, matas isso tudo”, sublinhou.
O empresário mostra-se completamente contra o aborto em qualquer situação. “Se eu tivesse uma filha que tivesse sido violada, ou que a minha mulher tivesse sido violada, eu tentaria falar com ela e cuidava dessa criança. Não consigo sacrificar um inocente pelos crimes de um criminoso. Não consigo fazer essa cena”, defendeu ainda.
Texto: Ana Lúcia Sousa
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