Miguel Costa, conhecido ator do público português, sempre teve o sonho de ser pai. O site da VIP entrevistou o rosto da SIC e o mundo da paternidade foi o grande tema de conversa.
Pai de duas meninas, Luísa, de sete anos, e Teresa, de três, fruto do relacionamento amoroso de quase 10 anos com Joana Rosa, Miguel Costa abriu o coração e falou-nos desta relação de amor e cumplicidade.
Sempre sonhou em ser pai?
Miguel Costa– Sempre foi um desejo muito forte e muito presente ser pai. É uma coisa que eu desde pequenino queria. Sempre tive esse desejo, agora a forma como isso aconteceu não foi programada, nunca disse ‘vou chegar a uma idade x e ser pai’, não.
Acima de tudo as coisas aconteceram de forma muito natural, foi fruto da sorte. Encontrei a mulher da minha vida e tudo se desencadeou de forma muito natural. Era um desejo muito forte, é o maior privilégio que eu tenho, é tudo na minha vida, as minhas filhas são tudo na minha vida.
Ainda pensa tentar o rapaz?
– Eu e a Joana gostávamos de ter mais filhos, a questão é o ritmo do dia-a-dia. O ritmo do dia-a-dia profissional é quase incompatível com mais do que 2 ou 3 filhos. Eu quero dar-lhes qualidade de vida, quero que elas sintam todas as etapas da sua vida. A infância, juventude, adolescência, o que for, até chegar à maioridade e emancipação. Quero que elas curtam as idades respetivas e sinto que, para isso, elas não podem ser sobrecarregadas com o ter que cuidar dos irmãos mais novos. Muitas vezes é isso que acontece porque os pais não têm capacidade de deixar de trabalhar para se dedicarem aos filhos de maneira a que eles vivam as suas idades próprias. Depois os rendimentos também não são suficientes. Nós acabamos por ter alguma sorte porque temos rendimento para poder pô-las em creches.
Apesar de eu ser apologista de criar meios alternativos e não poluentes de deslocação, o carro em Portugal tem que ser uma realidade porque os transportes públicos não permitem um conforto e um horário regular que dê para nós irmos para o trabalho. Eu trabalho fora de Lisboa e a Joana também, é muito complicado.
Temos duas filhas, eu achava que era fundamental termos mais do que um, porque elas são muito cúmplices uma da outra, apesar de algumas discussões, mas creio que serão cada vez mais, um bocadinho à imagem da Joana e da minha cunhada, que têm idades próximas, mais ou menos como as minhas filhas. Tive muita sorte, encontrei a mulher da minha vida que trazia uma família toda excelente.
E como é ser pai de duas meninas? Que tipo de brincadeiras tem com elas?
– Brincamos às princesinhas, maquilhagens, mas gostamos muito de vir para o ar livre, para não ficarem muito presas à televisão e ao telemóvel, então brincamos muito na rua. Elas gostam de andar de skate porque eu também adoro, e de bicicleta. Vão comigo às vezes ver jogos de râguebi, acham piada. A Luísinha já tem amigos que jogam e então sente uma proximidade cada vez maior.
Exercitam, correm, caem, levantam-se, sujam-se na lama, o normal do crescimento sem estarem presas a um objeto. São obrigadas a conviver e a conhecer as pessoas, a adaptar-se a pessoas de origens diferentes e isso é fundamental e muito enriquecedor.
O que é que mais o preocupa no futuro enquanto pai?
– Sou bastante protetor, mas há uma preocupação que é transversal a todas as idades. Eu quero proporcionar-lhes tudo, não estou a falar em excessos de material, mas quero proporcionar-lhes uma vida boa, como os meus pais me proporcionaram a mim e isso é o maior desafio.
O conceito de carreira estável não existe muito na minha área, desapareceu também nas outras áreas, o mercado de trabalho tem uma pressão muito forte, Portugal não é um país com muito bons salários em todas as áreas e, sendo a educação uma coisa muito cara, sem dramas, a minha maior preocupação é faltar-me alguma coisa. Mas também qualquer coisa vou trabalhar para um café, o que for. Um café sem qualquer desprezo para quem serve à mesa, o mais improvisado, o que for, para a obras… amor e carinho não lhes vai faltar nunca.
Depois preocupam-me as saídas à noite. Todo este processo da paternidade é uma descoberta e uma aprendizagem constante, ter que me adaptar o melhor possível e confiar no que eu e a Joana achamos que é o melhor para elas.
A desigualdade entre homens e mulheres também é ainda muito marcante. As mulheres ganham menos que os homens, têm menos oportunidades que os homens, não há uma igualdade de oportunidade, não há uma igualdade de tratamento, o respeito também não é o mesmo. Continuamos a ter discursos a defender que a mulher deve estar em casa a tratar dos filhos e da cozinha, portanto eu acho que isso não é minimamente justo.
Não estamos num plano de igualdades ainda de género. Estaremos no dia em que uma mulher sentir que tem iguais oportunidades aos homens, se ela quiser ficar em casa fica e ter a liberdade de se não quiser ir para o mercado de trabalho. No entanto, sou um cavalheiro. Coisas que não menosprezam mas sim valorizam a mulher, gosto. Abrir uma porta, gosto de dar passagem, gosto de ceder o meu lugar, gosto de ter uma atenção especial em relação a carga e a peso. Para mim o sexo forte é a mulher, que tem a capacidade de gerar outro ser que o homem não tem. Deste tipo de gestos e amabilidades sou completamente defensor.
Como vão comemorar o Dia do Pai?
– Vou estar a gravar, vou estar um bocadinho com elas na escola de manhã e depois ao fim do dia jantaremos juntos. Eu acho que todos os dias são dias do pai. Tudo o que seja para celebrar eu sou defensor, dia dos namorados também, é sempre um bom pretexto, eu sou um bocadinho piroso.
As filhas gostam de ver o pai na televisão?
– Sim, já foram comigo aos ensaios, às aulas de trapézio. É engraçado elas perceberem um bocadinho o meu trabalho. Acham piada aos atores mais giros e às figuras bonitas da televisão, alguns são meus amigos como o José Mata, o Pedro Fernandes, o José Fidalgo… Cometi o erro, no outro dia, de perguntar: ‘Quem é que é mais giro, o pai ou o Fidalgo? E elas: ‘O Fidalgo.’
Elas já têm tendência para o mundo artístico e da representação?
– As duas gostam muito de brincar e representar, até nas festas da escola. Interessaram-se também por esse lado porque eu lhes dei a conhecer. A veia artística devia ser tão válida em Portugal como qualquer outra, como a veia desportiva por exemplo. São benéficas para a sociedade, crianças criativas darão muito mais à sociedade. Crianças que saibam comunicar umas com as outras, improvisar, mesmo perante os obstáculos e dificuldades, trarão muito mais à sociedade do que outras, é bom estimular isso.
Quem é mais parecida com o pai e quem é mais parecida com a mãe?
– São uma mistura muito feliz, uma combinação muito feliz. Têm personalidades muito diferentes e muito próprias. Se calhar a Luísinha tem uma sensibilidade mais parecida comigo mas a Teresinha tem uma propensão ao risco parecida comigo e com a Joana também, gosta de arriscar, gosta de saltar, gosta mais do que a irmã. Cada uma com a sua personalidade, têm um bocadinho dos dois.
Casar está nos planos?
– Sou casado de coração. Não tenho aliança, não está nos planos o casamento, está nos planos ficarmos juntos para sempre.
Quem é mais romântico?
– Eu sou mais romântico mas a Joana faz as melhores surpresas. São tão inesperadas, ela é mais assertiva e surpreendente no bom sentido.
Como é o vosso dia-a-dia enquanto família?
– Levantamo-nos cedo, pequeno almoço, banho, é sempre uma guerra de manhã… uma luta contra o tempo. A mais velha, Luísinha já anda no primeiro ano, a Teresinha gosta de levar um brinquedo por dia para a escola, mais relacionado com bebés. A Luísinha mais organizada com as suas coisas das aulas e depois é deixar uma e a outra. Eu e a Joana fazemos os dois tudo. Normalmente sou eu a ir buscá-las, tentamos complementar entre os dois. Não há uma ajuda de um e outro, há uma partilha de tarefas.
Texto: Joana Dantas Rebelo; Fotos: Liliana Silva; Produção: Elisabete Guerreiro; Cabelo e Maquilhagem: Luciano Fialho; Agradecimentos: York House Hotel Lisboa e Springfield
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