A menos de uma semana do início do Rock In Rio Lisboa, a responsável pela organização do evento musical que vai animar a capital de 25 de maio a 3 de junho, não podia estar mais feliz. Aos 34 anos, Roberta Medina é uma mulher realizada e apaixonada. “A melhor prenda que ganhei já tem quase dois anos e foi quando eu e o Ricardo nos reconhecemos e decidimos ficar juntos”, diz à VIP com um sorriso. A produtora de eventos casou com Ricardo Acto, com quem trabalha no Rock In Rio. Os dois namoram desde 2010 e deram o nó numa cerimónia íntima a 21 de junho desse ano, no Rio de Janeiro, sem festa, nem lua-de-mel. “Nós fizemos a assinatura dos papéis no Brasil e o meu pai e a minha mãe estavam lá na altura. Nunca tive o sonho de casar vestida de noiva”, explica Roberta. Felizmente teve a sorte de encontrar um marido que partilha dos mesmos pensamentos. A VIP foi conhecer o segredo deste amor.
VIP – Como é que se conheceram?
Ricardo Acto – Conhecemo-nos quando em 2006 fui chamado para trabalhar no RIR porque era estudante de Engenharia e precisavam de alguém que desenhasse AutoCAD.
Então não foi amor à primeira vista?
Roberta Medina – Não. Como pessoa ele encantou-me desde sempre, mas o homem eu só descobri três anos depois de começarmos a trabalhar. Foi uma coisa engraçada, porque eu não consigo explicar como aconteceu. De um dia para o outro eu olhei e “plim”! E pensei, nunca tinha visto antes, que engraçado. Eu confesso que estava habituada àquela experiência de paixão à primeira vista e aqui foi muito diferente. Era uma pessoa que eu já conhecia há tanto tempo e de repente tudo mudou. Eu costumo dizer que foram os anjinhos que se organizaram para nós nos reconhecermos.
Em que momento é que sentiram que estavam apaixonados?
RM – Eu costumo dizer que quem ajudou muito foi a égua, quando eu caí do cavalo há uns anos. A verdade, é que na nossa dinâmica de trabalho era muito difícil conversarmos, mas como tive de ficar algum tempo de repouso em casa, as pessoas visitavam-me e conversávamos mais. Foi só aí que eu me apercebi de coisas que eu gosto no Ricardo, como o valor da família, dos amigos, coisas que ele acredita serem valores de vida. Foi aí que eu o conheci mais profundamente e não houve como fugir.
RA – Sim, nós só começámos a conversar fora do trabalho nessa época e foi isso que marcou a diferença. Porque no trabalho nós estamos comprometidos com o que estamos a fazer e apesar de trabalharmos como equipa, é diferente. A partir do momento em que houve um conhecimento fora deste âmbito, as coisas foram muito rápidas.
RM – Foi um mês (risos).
Foi um mês e agora já vão quase dois anos de casados. Que balanço fazem?
RM – É maravilhoso, super, mega positivo.
O engraçado na vossa relação é que realmente parece que vocês se complementam, que se entendem. Por exemplo, até na questão de não terem um casamento tradicional estiveram de acordo.
RM – Nós não tivemos nem uma discussão por causa disso. Foi uma sinergia total.
E não gostavam de renovar os votos numa cerimónia para os amigos?
RM – Nós gostamos de celebrar a vida com os amigos, mas isso nós fazemos em festas, encontros, jantares. Viver a nossa vida é a celebração mais importante. Eu tenho essa experiência em casa. Os meus pais foram casados 28 anos sem um papel assinado. A minha referência é essa. A vida em conjunto é o casamento. Eu acho o máximo o casamento religioso, acho lindo o bolo, já organizei casamentos de amigas e fiquei muito feliz, mas não tinha esse sonho para mim.
RA – Sim, o mais importante é todos os dias, não é um dia.
Para celebrar o vosso amor só falta serem pais. É um desejo para breve?
RM – É a pergunta de sempre agora (risos). Filhos são muito bem-vindos, mas não é uma coisa que nós queiramos fazer de forma calculada. Não estamos a trabalhar para isso. Se for é e quando vier vem.
Acham que vai ser fácil serem pais com o ritmo de vida que o RIR impõe?
RM – A mãe pelos vistos vai ter de se adaptar a muitas coisas no início. Mas não vou ser a primeira nem a última executiva a ser mãe. Óbvio que nos primeiros meses vou viver para a família, mas depois a vida entra nos eixos.
RA – Sim, a logística irá ser diferente, mas faz-se. Nós já temos dois cães grandes, portanto já estamos habituados. Aliás, para quem desenvolve o projeto que nós
desenvolvemos qualquer item de logística é ultrapassável.
Quem faz um RIR está preparado para tudo?
RM – Para tudo não sei, mas para muita coisa está. O produtor é uma pessoa disponível para encontrar soluções, é para isso que nós existimos.
Trabalham juntos desde 2006. De certeza que, para além de serem marido e mulher, hoje a Roberta também não imagina fazer o RIR sem o Ricardo.
RM – É. O Ricardo faz parte de um grupo seleto de pessoas que veio fazer parte da família RIR, que acabou por ficar e que tem uma experiência hoje que é indispensável. As primeiras duas edições do RIR obrigaram a um esforço enorme porque as pessoas vinham do Brasil para organizar o evento e depois voltavam para lá e tínhamos de voltar a contratar. Quando a segunda edição confirmou o sucesso do RIR e nós decidimos continuar a fazê-lo percebemos que tínhamos de formar uma equipa cá.
Este é um trabalho que vos leva a trabalhar muito, mas que vos impediu de terem, por exemplo, lua-de-mel.
RM – Sim, mas nós também não temos essa expectativa. O facto de nós trabalharmos juntos foi uma grande mais-valia enquanto casal porque nós migramos juntos. Não temos de abrir mão de qualquer opção profissional, nem de nada da nossa vida. Nós temos uma dinâmica tão intensa de vida, independentemente das viagens… O trabalho requer tanto de nós que a melhor lua-de-mel, que o melhor momento de lazer que podemos ter, é quando estamos em nossa casa. Estar em casa é uma sensação absolutamente divinal. Nós gostamos de ficar em casa. Curiosamente, não passamos lá muito tempo. Por exemplo, montámos a casa, mudámo-nos em dezembro, mas em março fomos para o Brasil e só regressamos em outubro. É tão bom voltar.
E que mais aproveitam para fazer quando não têm de trabalhar, nem andar em viagens?
RM – Brincar com os cães. Também gostamos de ir ao teatro, ao cinema, mas acima de tudo estar com os amigos. Ambos somos pessoas de amigos e de família. Gostamos muito de receber em casa e de ir a casa de amigos. Nisso nós os dois identificamo-nos muito. Nós somos muito pouco de rua, embora eu seja mais caseira do que o Ricardo.
RA – Sim, mas eu já fui mais de rua do que sou agora. Acho que nós temos uma vida tão intensa… Eu estive envolvido na vida associativa e política e até costumo dizer que organizar o RIR é bem mais calmo. Por isso, agora eu dou muito mais valor aos momentos em que paramos, a ter momentos de qualidade e aproveitar um bocadinho.
É fácil estar em casa sem falar de trabalho?
RM – Depende. Nesta fase agora é difícil. Nós não conseguimos não falar do RIR. Mas nas outras alturas, é possível. O que acontece normalmente é que nós começamos a falar do trabalho sem dar conta. Mas não ficamos eternamente a falar sobre isso. Acho que conseguimos equilibrar tudo muito bem.
RA – Eu acho que nós falamos de trabalho como todos os maridos e mulheres, mas aqui a questão é que o trabalho é o mesmo. Estamos a falar da mesma coisa. Não é uma reunião de trabalho. Estamos a comentar o dia que tivemos.
O vosso dia é muito parecido, ou não?
RM – O dia é muito diferente, porque trabalhamos em áreas diferentes. Mas comentar o trabalho, como estamos no mesmo sítio, faz com que qualquer input que recebamos nos dê ideias para o que fazemos.
RA – Para mim também é diferente porque é sempre bom ouvir a sensibilidade dela.
É fácil trabalharem um com o outro e esquecerem-se que são casados?
RM – Nós trabalhamos juntos há quatro anos e desde o início que sentimos uma afinidade imediata. O Ricardo é super-objetivo, procura soluções, não traz problemas e eu com o excesso de coisas em que tenho de pensar, ter uma pessoa assim ao lado é tudo o que se pode querer na vida. E nós tivemos isso desde sempre. Lembro--me que mal ele pousou na empresa o despachei para a Roménia, para fazer árvores de Natal em Bucareste. Correu tão bem, foi um sossego tão grande para mim que quando pude despachei para ele a pasta dos órgãos públicos, que também era minha. Na verdade ele herdou as minhas pastas. Como funcionámos muito bem naquela fase, acho que hoje é pacífico.
De qualquer forma, a Roberta já tem a experiência de trabalhar em família. Sempre trabalhou com o seu pai [Roberto Medina].
RM – Sim e sempre foi uma experiência muito feliz. Tenho um respeito grande pelo espaço do outro. Porque o que acontece quando trabalhamos em família é que às vezes se perde o respeito e ultrapassam-se alguns limites que se tem com um colaborador normal. Eu faço isso com o meu pai. E ele é muito consciente. Nós temos de saber medir, quem fala e quem ouve. É tudo uma questão de respeito e quando se tem admiração profissional é tudo mais fácil.
Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Manuel Medeiros
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