8 de janeiro de 2020. Foi esta a data em que o príncipe Harry e Meghan Markle deixaram a Casa Real e o Reino Unido num verdadeiro alvoroço depois de anunciarem a intenção de abandonar os deveres reais. Um ano depois, o balanço é positivo para os duques de Sussex.
Faz esta sexta-feira, 8, um ano desde o “Megxit”. Na altura, muito se falou sobre ter sido Meghan a impulsionar a saída brusca do casal real do núcleo sénior da realeza, mas a verdade é que foi o neto da rainha Isabel II quem decidiu que era altura de mudar de vida. “Chegou a um ponto em que ele queria uma vida diferente” confessou uma fonte próxima da Casa Real à Vanity Fair.
“A Meghan foi simplesmente um catalisador”, acrescentou.
O ano de mudança de Meghan e Harry
Este foi um ano de transformações na vida de Meghan e Harry. Os dois mudaram-se para os Estados Unidos – juntamente com o filho Archie, de um ano -, onde permanecem longe dos olhares atentos da imprensa e dos britânicos, que tão duros foram para a duquesa de Sussex no seu último ano como membro sénior da realeza.
Mas para entender todas as razões que levaram à decisão do casal, é preciso recuar a 2017, o ano em que os dois anunciaram publicamente o noivado. Foi em setembro desse mesmo ano que o irmão de William, de 35 anos, assumiu publicamente a então namorada. Os dois foram assistir a um jogo da Invictus Games, em Toronto, Canadá, e desde então têm mostrado ser inseparáveis.
Os britânicos ficaram ao rubro quando Harry apresentou a namorada, pois acreditavam que a duquesa de Sussex era a «lufada de ar fresco» que a Casa Real precisava. A ex-atriz norte-americana, de 38 anos, conseguiu mudar por completo a vida do duque de Sussex, que quando começou a namorar com Meghan deixou de fumar e adotou uma alimentação saudável. Também Meghan abdicou da sua carreira profissional enquanto atriz para se dedicar a tempo inteiro ao companheiro e à realeza.
Consta que os dois foram apresentados por uma amiga em comum, a designer de moda, Misha Nonoo. O encontro correu tão bem que marcaram outro logo para o dia a seguir.
Dois meses depois de aparecerem juntos publicamente pela primeira vez, Meghan e Harry anunciaram o noivado. O neto da rainha Isabel II apareceu sorridente ao lado da noiva e posaram para as fotos, trocando gestos amorosos e olhares cúmplices. A ex-atriz teve direito a um anel de noivado muito especial, com diamantes da mãe do noivo, a princesa Diana.
O casamento de sonho visto por milhões
Foi no dia 19 de maio de 2018 que a vida de Meghan Markle e do príncipe Harry mudou para sempre. O casal trocou alianças na Capela de São Jorge, em Windsor, numa cerimónia elegante, vista por milhões de pessoas em todo o mundo, que ficou marcada pelos votos apaixonados da duquesa que deixaram o marido em lágrimas.
«Ela leu um poema como atriz profissional que é. A maioria das pessoas nas sala estava com lágrimas nos olhos. O Harry parecia estar muito orgulhoso e chegou, também, a limpar as lágrimas. Ela falou do seu primeiro encontro e de como foi amor à primeira vista. A Meghan disse que sabia que tinha encontrado o ‘seu’ príncipe logo no início e o quão abençoada e sortuda se sentia por ter encontrado um amor tão profundo», contou, na altura, uma fonte próxima do casal ao The Sun.
O início da polémica com o pai de Meghan
Apesar do casamento ter sido quase perfeito, o pai de Meghan Markle, Thomas Markle, não pôde estar presente – devido a um ataque cardíaco que tinha tido há pouco tempo e que o impediu de viajar até ao Reino Unido [Thomas Markle reside nos EUA] – e isso deixou a duquesa muito triste e desiludida. Desde então, a relação entre os dois nunca mais foi a mesma e a ex-atriz cortou relações com o pai.
A lua de mel no Canadá
O Canadá, onde estão atualmente a viver, foi o destino escolhido por Meghan e Harry para passar a lua de mel. Apesar de se ter dito que Meghan e Harry pretendiam passar a lua de mel num luxuoso hotel na Namíbia, o casal real optou um destino ligeiramente mais tradicional.
Segundo avançou na altura o TMZ, os duques de Sussex elegeram a cidade de Jasper, no estado de Alberta, no Canadá, para uns dia dias românticos. Mais precisamente, o Fairmont Jasper Park Lodge, mais conhecido como o «paraíso da realeza».
O nascimento de Archie
No final do ano de 2018, Meghan e Harry deram a novidade ao povo britânico: o casal preparava-se para se estrear no mundo da paternidade. E foi no dia 6 de maio de 2019 que o pequeno Archie, de dez meses, nasceu! Archie Harrison Mountbatten-Windsor é o nome do primogénito dos duques de Sussex e o seu nascimento marcou o início de uma chuva de duras críticas aos duques de Sussex.
Até ao nascimento de Archie, Meghan e Harry não pareciam ter problemas com as «luzes da ribalta», mas com o filho nos braços, os duques de Sussex começaram a procurar mais privacidade e a resguardar-se. A primeira contrapartida que levou os britânicos a ficarem zangados com o filho mais novo da princesa Diana e com a mulher foi o facto de estes esconderem ao máximo a identidade do filho e no batizado do menino, em julho de 2019, não permitiram a entrada de imprensa, nem de fotógrafos – algo que nunca tinha acontecido na história da realeza. Os fãs da realeza ficaram muito tristes por não poderem assistir ao batizado de Archie, considerando a decisão dos duques imperdoável e uma grande falha para com os britânicos, pondo em causa o protocolo da família real.
A polémica do batizado e a carta de Thomas Markle
A cerimónia de batismo contou apenas com 25 convidados, íntimos da Casa Real, e as única fotos divulgadas foram tiradas pelo fotógrafo real. Doria Ragland, a mãe de Meghan, marcou presença no batizado do neto, mas, mais uma vez, Thomas Markle ficou de fora. O pai da ex-atriz não perdoou a «falta de consideração» da filha. Desde então, Meghan e Thomas têm vindo a trocar várias acusações e o antigo diretor de iluminação cinematográfica chegou a divulgar uma carta, alegadamente escrita pela mulher de Harry.
Thomas Markle vai ser chamado para testemunhar contra a própria filha, num processo judicial que Meghan Markle instaurou contra o jornal Mail on Sunday, em 2019.
Em causa está a publicação da alegada carta de Meghan, escrita ao pai em agosto de 2018, meses após o casamento real. Thomas Markle, de 75 anos, deu aos advogados mensagens de texto nunca antes vistas, enviadas antes do casamento da filha, que comprovam o colapso do relacionamento de Meghan com o progenitor.
O pai da ex-atriz não pôde estar presente devido ao ataque cardíaco que sofreu e na resposta que alegadamente terá sido enviada por Harry, Thomas Markle é acusado de ter magoado a filha e sobre o seu estado de saúde, nem uma referência. Thomas voltou a responder: «Eu não fiz nada para te magoar, Meghan. A ti ou a qualquer pessoa. Desculpa-me se o meu ataque cardíaco é um inconveniente para ti.»
Os gastos milionários, as quebras do protocolo e a hipocrisia
Depois de toda a polémica com o batizado de Archie e com corte de relações com o pai, Meghan Markle e o príncipe Harry começam a ser criticados por defenderem causas ambientais, mas viajarem constantemente em jatos privados, em vez de usarem voos comerciais.
Outro motivo para as duras críticas tecidas ao casal foram gastos milionários que fizeram na remodelação da casa nova, a Frogmore Cottage. Os duques de Sussex terão utilizado mais de 3 milhões de euros dos fundos públicos para transformar cinco casas numa só residência de luxo, que neste momento é apenas a casa de férias dos duques de Sussex no Reino Unido, uma vez que estes decidiram mudar-se com o filho para Vancouver, Canadá.
A mudança para a casa nova, e a consequente saída do Palácio de Kensington, onde viviam com o príncipe William e Kate Middleton, levantou suspeitas sobre um possível desentendimento entre o «quarteto fantástico» e o consequente afastamento entre os filhos do príncipe Carlos. Harry acabou por confirmar esse distanciamento quando em setembro viaja até África do Sul com Meghan Markle e o pequeno Archie.
O ponto de viragem na vida de Harry e Meghan
A viagem deu origem a um documentário – Uma Aventura Africana – produzido por Tom Bradby, e é nesse mesmo projeto que o príncipe Harry aborda a relação com o irmão mais velho.
«Nós somos irmãos e seremos sempre irmãos. Certamente que, de momento, estamos em caminhos diferentes, mas eu estarei sempre lá para ele e sei que ele estará sempre lá para mim […], como irmãos, temos dias maus», afirmou.
A viagem à África do Sul mudou por completo a vida dos duques de Sussex. Cansados das críticas e da pressão mediática, a ida àquele continente fê-los repensar sobre a sua permanência na «linha da frente» da Casa Real. Em novembro, os duques de Sussex decidem fazer uma pausa nos compromissos reais e viajar até aos Estados Unidos, terra natal da ex-atriz, para passar o dia de Ação de Graças com Doria Ragland, a avó materna de Archie, em Los Angeles. Os dois também foram com a vontade de encontrar ajuda e aconselhamento profissional de advogados, psicólogos e relações públicas fora de Inglaterra.
Esta viagem inesperada dos duques de Sussex começou a preocupar os britânicos que, mal souberam da possibilidade de esta ser uma mudança definitiva e os primeiros passos para saírem da Casa Real, mostraram o seu desagrado através das redes sociais e acusaram Meghan Markle de tentar afastar o príncipe Harry da família real britânica.
E não foi a primeira vez que a duquesa de Sussex é acusada de ser a razão do afastamento de Harry com a família. Fontes próximas do casal contaram que os dois chegaram a trocar acusações onde Harry acabou por acusar Meghan de ser o motivo pela relação com o irmão mais velho, o príncipe William, estar debilitada. Os dois irmãos sempre foram muito cúmplices e de há uns tempos para cá têm vindo a desentender-se, segundo Harry, por terem visões diferentes e estarem em fases diferentes da vida.
Megxit
Os duques de Sussex passaram o dia de Ação de Graças, o Natal e o Ano Novo entre os Estados Unidos e o Canadá e no dia 7 de janeiro regressam ao Reino Unido… mas sem Archie. O facto de terem viajado sem o filho levantou suspeitas de que algo não estaria bem. E não estava. No dia 8 de janeiro de 2020, os duques de Sussex anunciaram que pretendiam deixar em definitivo os deveres reais.
A notícia do Megxit caiu que nem uma bomba na Casa Real e apanhou a rainha Isabel II de surpresa, que não tinha sido previamente informada. Furiosa, a monarca convocou uma reunião de emergência no Palácio de Buckingham. Meghan viajou novamente para o Canadá, para estar ao lado do filho, deixando Harry a resolver uma crise real sem precedentes sozinho.
A reunião de emergência com a rainha Isabel II
Nessa reunião, a monarca aceitou a decisão do neto, com muita mágoa, uma vez que sempre teve uma excelente relação com Harry. No entanto, a rainha de Inglaterra deixou claras algumas imposições, como o facto de os duques de Sussex terem de deixar de usar o termo «realeza» na sua marca Sussex Royal, e Harry foi obrigado a deixar de usar todos os títulos militares que conquistou. Segundo fontes próximas da Casa Real, esta foi a decisão mais difícil de tomar na vida do duque de Sussex, mas Harry está disposto a fazer de tudo para proteger a família – Meghan e Archie – da imprensa.
No fundo, Harry não quer que aconteça a Meghan Markle o mesmo que aconteceu à mãe, lady Di, que morreu num trágico acidente de viação, em Paris, enquanto era perseguida por paparazzi.
A mesma reunião estipulou que a saída de Harry e Meghan como membros seniores da Casa Real seria gradual e, portanto, os dois deveriam cumprir uns últimos deveres até dia 31 de março.
O último adeus de Harry e Meghan
No início do mês de março, Harry regressou ao Reino Unido, sozinho, e pôde ter uma conversa com a avó, de 93 anos, onde, segundo fontes, os dois trocaram palavras de carinho e Isabel II mostrou que estará sempre do lado do neto.
Dias mais tarde, Meghan Markle juntou-se ao marido e os dois apareceram sorridentes, cúmplices, debaixo da tempestade do Megxit, na cerimónia de prémios Endeavour, em Londres
Na mesma semana, Meghan Markle visitou de surpresa Teatro Nacional para assistir ao Immersive Storytelling Studio, onde participou numa discussão de «brainstorming» para criarem uma nova organização de caridade. Esta discussão incluiu uma apresentação de realidade virtual, com o intuito de perceber como é que os avanços tecnológicos podem contribuir para uma mais fácil conexão entre as pessoas.
No mesmo dia, a mãe de Archie surpreendeu os alunos da Robert Clack Upper, em Londres. Meghan quis assinalar o Dia Internacional da Mulher e fez questão de chamar à atenção dos jovens para «darem valor, apreciarem e protegerem» as mulheres. «Nas vossas vidas têm mãe, irmãs, namorada. Protejam-nas. Tenham a certeza que elas se sentem valorizadas e seguras», afirmou Meghan. Com a sua presença neste evento, e de saída da Casa Real, Meghan Markle conseguiu irritar Camilla, que estava a participar num evento ao mesmo tempo, o Festival Mulheres do Mundo, onde abordou o tema da violência doméstica. Era suposto as atenções estarem viradas para a mulher do príncipe Carlos, mas a duquesa de Sussex conseguiu desviá-las.
O príncipe Harry cumpriu o seu último ato oficial como capitão-geral dos fuzileiros navais reais, cargo ao qual vai renunciar esta terça-feira, 31. Foi no Festival de Música de Mountbatten, no Robert Albert Hall, em Londres, que Meghan Markle surpreendeu com um lindo vestido vermelho. Visivelmente nervoso, Harry não largou por um segundo a mão da mulher.
Kate e William magoados com Harry e Meghan
A rainha Isabel II e Meghan Markle tiveram ainda um encontro especial na igreja no Dia da Mulher, 8, e no dia seguinte os duques de Sussex encontraram-se Kate Middleton e o príncipe William, com o príncipe Carlos e Camilla da Cornualha e com a rainha Isabel II, para celebrar o Dia da Commonwealth, que decorreu na Abadia de Westminster, e que ficou marcado pelo distanciamento entre os duques de Sussex e os duques de Cambridge.
William e Kate chegaram mesmo a ser duramente criticados por desprezarem Meghan e Harry. Recentemente, fontes próximas da Casa Real garantiram que os pais de George, Charlotte e Louis estão muito tristes com o «adeus» de Harry à Casa Real e não estão a lidar da melhor forma com essa decisão do duque de Sussex.
A celebração do Dia da Commonwealth marcou também o encerrar de um ciclo para Harry e Meghan como membros seniores da Casa Real e o casal deixa assim de poder usar os títulos de Vossas Altezas Reais.
A despedida final dos duques de Sussex
No dia 30 de março de 2020, Meghan e Harry recorreram às redes sociais para deixar uma mensagem de despedida a todos os britânicos e fãs do casal real.
«Embora possa não nos ver aqui, o trabalho continua. Obrigado a esta comunidade – pelo apoio, inspiração e compromisso compartilhado para o bem do mundo. Estamos ansiosos para nos conectarmos novamente consigo em breve. Vocês foram magníficos! Até lá, por favor, cuidem bem de vocês e dos outros», pode ler-se.
No dia 31 de março, Meghan e Harry deixaram oficialmente de ser membros seniores da realeza, ficando para trás toda a agenda de compromissos reais que teriam de cumprir.
O balanço de 2020
Desde março que Meghan Markle e o príncipe Harry estão a viver em Santa Bárbara, da Califórnia, com o filho Archie. Apesar de estarem longe das polémicas da Casa Real, os duques de Sussex continuam a enfrentar em tribunal a imprensa britânica, num processo que promete demorar, e passaram por um período muito difícil depois de Meghan sofrer um aborto espontâneo em julho de 2020.
Apesar de tudo, o balanço de 2020 é muito positivo para o casal, que pretende continuar a viver nos Estados Unidos e a viver sob as suas próprias regras, longe da Casa Real. Note-se que os pais de Archie lançaram recentemente um podcast no Spotify e já se aliaram a algumas causas solidárias em solo norte-americano.
Texto: Mafalda Mourão; Fotos: Reuters
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