Marta Cruz e a mãe, Marluce Revorêdo Silva, abriram o coração a Fátima Lopes na Tarde É Sua desta quarta-feira, para mostrarem como são inseparáveis. Durante a entrevista, a filha e a ex-mulher de Carlos Cruz recordaram os tempos difíceis que viveram quando o ‘senhor televisão’ foi preso em 2003 e acusado de pedofilia no âmbito do processo Casa Pia. Emocionada, Marta Cruz relembrou essa fase difícil, aos 18 anos, admitindo que errou muito e que escondia o drama que vivia [refugiou-se no álcool e drogas] dos pais.
«Sabia que ia magoar os meus pais e isso eu não queria. Eu sabia que eles não mereciam e eu sabia que estava muito errada, eu estava a matar-me aos poucos», contou Marta Cruz. «Estou a falar de álcool e drogas, aos meus 18 anos, quando o meu pai foi preso… a forma como eu vivia, dentro do carro, pouco ou nada ia a casa… não os deixava ver-me», relembrou. Marta Cruz escondeu de todos esta dura realidade. «Os meus pais só souberam o que realmente passei quando saíram 10 páginas sobre a minha vida, porque eu não queria dizer, não queria desiludir, só isso», explicou.
«O pai passou a monstro, as pessoas atravessavam a rua para não falar connosco»
A mãe, Marluce, justificou que, quando Carlos Cruz foi preso, toda a família sofreu e passou a ser vista com maus olhos. «O pai passou a monstro, as pessoas atravessavam a rua para não falar connosco. Faziam coisas terríveis, escreviam cartas e emails para ela – a mim não, as pessoas sempre me respeitaram, não me ofendiam – mesmo que fosse verdade, ela não merecia isso. Foi um tsunami.» Marluce foi forçada a abandonar Portugal com Marta Cruz e os irmãos para recomeçar a vida no Brasil, longe de tudo. Marta «salvou-se» dos vícios quando engravidou da primeira filha, Yasmin, aos 20 anos.
Antes de fugirem para o Brasil, Marluce não conseguia emprego por ser ex-mulher de Carlos Cruz: «Ninguém dava trabalho». Já Marta Cruz tinha emprego em moda, mas não se livrava de comentários maldosos. «Eu estava a trabalhar mas acho que era vista como um bicho de gaiola, sentia-me um bocado como – havia na altura no Jardim zoológico uma jaula com macaquinhos que interagem muito com as pessoas, que atiravam fruta para os magoar… era isso que eu sentia – num desfile, a música estava mais baixa e eu consegui ouvir certas coisas como ‘que nojo, como é que é possível!, muitas coisas…’», disse a filha de Carlos Cruz, em lágrimas.
A nova vida e a ligação entre avó e netas
Marta Cruz e Marluce refizeram a vida no Brasil. Mãe e filha têm, desde então, uma extraordinária ligação, assim como as duas filhas de Marta Cruz com a avó. «A Yasmin [filha mais velha] foi um presente que eu dei à minha mãe», diz Marta Cruz, a chorar. «Eu tive a Yasmin muito nova, com 20 anos […] Quando vim para Portugal, deixei a Yasmin com a minha mãe. Entretanto, a minha mãe começou a sofrer de fibriomialgia […] quando as Yasmin estava em casa via a minha mãe mais feliz, então comecei a deixa-la com a minha mãe. A Yasmin praticamente passa a semana inteira com a minha mãe, para ela ter acompanhamento para não estar sozinha», contou.
Na mesma entrevista, Marluce destaca o lado guerreiro e determinado de Marta Cruz: «Onde ela quer, ela foca e vai. É uma boa pessoa, não tem maldade» , diz, muito emocionada. «É bom ter filhos assim, é a melhor coisa que temos na vida é criar bons filhos… boas pessoas, neste mundo que está cheio de maldade, crueldade. Estou contente com ela, tanto com ela como os outros filhos, acho que criei bons filhos»
«A raiva e a mágoa faz-nos mal»
Já Marta Cruz destaca o amor que a mãe dedicou a Carlos Cruz, mesmo após o divórcio e o julgamento no processo Casa Pia. «A minha mãe perdeu tudo por uma pessoa que supostamente não lhe dizia nada. Hoje em dia é para onde ele [Carlos Cruz] volta… a relação de ex-marido e ex mulher deles é aquela que eu também tenho com os meus ex-maridos… a minha mãe sempre foi grata por tudo, é uma coisa que eu acho fenomenal. O que mais admiro nela é que quando estamos no fundo do poço, ela escala com todos às costas… a minha mãe tem a força da família, o pilar, é o elo de ligação de todos nós».
Apesar de toda a coragem, Marluce contou que teve um momento de raiva e magoa já no Brasil. Mas decidiu «perdoar» e seguir em frente «para não ficar doente». Agora, usa essa experiência no seu trabalho de coach pessoal. «Todos os dias ensino às pessoas que eles têm de perdoar, porque a raiva e a mágoa faz-nos mal».
Texto: Ricardina Batista; Fotos: Impala
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