Marisa Cruz aceitou o convite de Fátima Lopes para estar no programa Conta-me Como És, da TVI, e fez revelações inéditas sobre o seu passado «difícil».
Emocionada e, em lágrimas, a manequim, atriz e apresentadora de televisão relembrou o abandono da mãe aos 17 anos, o momento traumático em que soube da morte do pai, com apenas oito anos, e a separação do irmão, durante mais de 40 anos.
«Não foi fácil. mas eu precisava de estar aqui», começou por dizer Marisa Cruz. «A minha vida vida não foi fácil mas hoje com 45 anos, percebo. Durante muitos anos, andei muito revoltada, pensava ‘por que é que isto me acontece a mim, porque é que eu nunca tive uma família normal?’, mas hoje consigo ver que tudo o que eu passei fez de mim a mulher que eu sou hoje», afirmou o rosto da TVI.
Numa conversa intimista, Marisa Cruz ‘abriu o coração’ e o seu passado desconhecido para muitos. Separada do pai logo nos primeiros anos de vida, Marisa Cruz viveu sempre com a mãe. Um período difícil que recorda com tristeza.
«Eu não tive infância»
«A minha vida sempre foi ‘aqui e acolá’ Em casa de amigos, em pensões… Depois, mais velha, tive de ajudar a minha mãe, fui trabalhar com ela, trabalhei em limpeza, num café, fiz um pouco de tudo, e nunca consegui criar raízes em lado nenhum porque eu sempre me habituei a sobreviver sozinha», revela a manequim.
Obrigada a trabalhar desde cedo e a tomar conta dos cinco irmãos, Marisa passou uma infância e adolescência difíceis e, hoje, reconhece que este foi um período marcante que afetou a forma como olhou para ela própria durante muitos anos. «Uma vez, uma das minhas grandes amigas disse-me: ‘olha para o teu trajeto, olha para o que já conseguiste’ e isso dá-me força para me valorizar, que era uma coisa que eu tinha dificuldade», assume.
Marisa recordou a relação difícil que viveu com a mãe e as maiores adversidades deste período negativo. «Eu era a cuidadora da minha mãe e dos meus irmãos. Eu não tive infância»; afirma, relembrando um dos momentos mais difíceis desta fase: «Não tínhamos quase o que comer e eu tinha de inventar com o que tinha», revelou.
«O colo que eu precisei, e que eu não tive na altura que devia ter tido, e que todas as crianças devem ter, fui buscar mais tarde, e encontrei-o em alguns sítios, em alguns amigos», confessou, emocionada, a apresentadora e atriz.
Mais tarde, quando começou a trabalhar como manequim e a viajar pelo mundo, Marisa acabou por encontrar a «família» que sentiu nunca ter tido. «A agência e as manequins com quem eu partilhava casa eram a minha família», contou, revelando que começou a viver sozinha com apenas 17 anos, quando a mãe se mudou para Inglaterra.
A adolescência perdida e a separação da mãe
«Comecei a viver sozinha com 17 anos. A minha mãe mudou-se para Londres, ela queria que eu fosse com ela e eu não quis», revelou ex-manequim, confessando que esta foi a decisão que a deixou «em paz».
«Parece um bocado cruel o que eu vou dizer mas foi como eu me senti… Senti-me em paz. A partir daí, eu tive de cuidar de mim mas isso era algo que eu já conseguia fazer. Mantínhamos o contacto mas não era algo que me fizesse bem, chocávamos muito…», contou.
Hoje, aos 45 anos, Marisa Cruz diz ter percebido que há erros que uma mãe não pode cometer. «Chocávamos mas eu ainda aceitava porque era a minha mãe – e é a minha mãe – mas depois de ser mãe, comecei a perceber que há certas coisas que não se podem fazer. Eu cometo erros como mãe, mas há erros que não são admissíveis», reforçou.
O reencontro com o irmão ao fim de 40 anos
Um dos momentos mais emocionantes da entrevista com Fátima Lopes foi a mensagem do irmão de Marisa Cruz de quem esteve separada durante mais de 40 anos. «Não passamos a infância juntos. Há seis anos, reencontrámo-nos e, desde aí, que tem sido uma convivência bastante regular. São cinco anos concentrados de 40 e poucos não vividos juntos e, se calhar, tentamos aproveitar o máximo possível para recuperar o tempo perdido», referiu o irmão de Marisa, no vídeo partilhado durante a entrevista.
Em lágrimas, Marisa confirmou a separação do irmão logo na infância. «Vivemos sempre separados, até há seis anos. Ele teve mais sorte de ficar onde ficou. Eu fui escolhida para ir, ele foi deixado para trás e ele está muito bem resolvido com isso», contou a apresentadora, revelando assim que o irmão acabou por ser adotado, ainda em criança.
«Foi a nossa tia ‘Nene’ (a irmã do nosso pai) que fez questão que nos aproximássemos. Eu estava com medo em reencontrá-lo ao fim de 40 anos. Pensei que seria um estranho para mim, por termos vivido tanto tempo separados, mas não foi. Foi como se nunca nos tivessemos separado», afirmou, em lágrimas e acrescentou: «Saber que o tenho comigo é um apoio muito importante, ele sabe disso. Não o vou largar mais».
O momento traumático em que soube da morte do pai
Marisa Cruz recordou também o pai que partiu, quando tinha apenas oito anos, e de quem tem poucas memórias. «Eu soube,tinha oito/nove anos e a maneira como soube foi um bocado violenta e traumática. É um dos momentos da minha vida que eu recordo, infelizmente», disse.
«Foi no meio de uma discussão da minha mãe com o meu padrasto. Eles já sabiam que ele tinha morrido, e ele [o padrasto] vira-se para mim e ‘atira aquela bomba’: ‘tu estás a olhar mas nem sabes, o teu pai já morreu’. Eu desatei a chorar, a correr… São coisas que nenhuma criança deveria passar», revelou.
Marisa revela ainda que a última memória que tem do pai é na prisão. «Ele estava preso, não sei muito bem porquê… Lembro-me de o ter visitado com a minha mãe, é a última memória que tenho dele, e de ele me ter oferecido um fiozinho de ouro», recordou, em lágrimas.
Texto: Sofia Santos Cardoso | Fotos: Reprodução Redes Sociais
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