Marie
A dor do afastamento da mãe: “Nunca me deu um beijo”

Nacional

Marie foi a mais recente entrevistada de António Raminhos para o podcast Somos Todos Malucos. A ex-concorrente do Big Brother Famosos falou da relação conturbada com os pais e confessa: “eu queria ser tudo menos igual a eles”

Qui, 19/05/2022 - 15:25

Marie foi a mais recente entrevistada de António Raminhos para o podcast Somos Todos Malucos. A ex-concorrente do Big Brother Famosos abriu o coração para falar da relação conturbada com os pais desde a infância.

O humorista e a nortenha começaram por falar de saúde mental e da importância da ajuda médica. Contudo, Marie admite: “sempre tive uma relação muito má com a ideia de procurar ajuda”. Assim, confessa que só quando tomou iniciativa própria de recorrer à terapia é que percebeu a razão de os pais a aconselharem a ter acompanhamento psicológico. Hoje, aos 20 anos confirma: “se formos a ver quase todas as pessoas precisam de terapia. As pessoas não têm muito conhecimento interior.” Neste sentido faz uma reflexão sobre o histórico família e confessa que só agora tem “capacidade emocional para perceber certas coisas da minha infância.”

Marie nasceu na Estela, em Póvoa do Varzim e a infância foi passada no campo com  os animais e, por isso, garante: “eu fui toda uma coisa nova que na minha aldeia não existia”, começa por dizer. “O facto de eu ir para o mato, o facto de eu querer me vestir de forma diferente, o facto de ser vegan…”, acrescenta.

Marie confessa: “eu queria ser tudo menos igual a eles”

A tiktoker confessa que sempre tentou ser o oposto da família e explica o por quê: “Eu olhava para eles e via-os tão infelizes que eu queria ser tudo menos igual a eles. Durante o meu crescimento, eu não tive capacidade emocional para perceber porque agiam dessa forma e agora tenho. Eu estava numa constante procura da felicidade.”

Nas palavras de Marie, os pais sentiam-se culpados porque sentiam que ela não era “normal”, mas na verdade explica que o seu estilo diferente: “era tudo uma escapatória porque eu não podia ser assim… eu ia à missa! Não fui sempre assim porque não pude.”

No que diz respeito ao pai, conta: “eu sempre tive um bocado de medo”, diz a jovem do norte. “O meu pai foi todo um processo porque eu me dava muito mal com o meu pai.”  Marie garante que a justificação está na adolescência do pai: ” o meu pai nunca teve medo de ser livre; desde os 17 anos que trabalha naquele talho e ele não tem ferias. Ele vive mais a minha vida do que a dele porque não teve tempo para viver a dele.”

Guarda mágoa de infância: “ainda tenho uma dor quando penso nisto”

Quanto à mãe recorda uma mágoa que ficou até hoje: “Eu não me lembro de a minha mãe nunca me ter dado um beijo sem ser na hora de dar beijos na missa”, começa por revelar. “Eu tinha uma revolta interior que eu compreendo, mas ainda tenho uma dor quando penso nisso. Eu lembro-me que eu chorava no meio da missa e até deixámos de ir porque era uma vergonha eu chorar ali. Era tudo com base no que os outros vão pensar”, remata.

Questionada por António Raminhos sobre se hoje em dia dá beijos à mãe, Marie admite que já tentou, “mas não é muito natural.”  Após a saída do reality show da TVI, a jovem tiktoker confessa que recebeu muitos comentários negativos: “diziam que sou mal agradecida, que nunca me faltou alimento, nunca me faltou nada….” O humorista, após falar também da relação mais complicada com o pai completou: “mas falta tudo o resto.”

“Os meus pais são mais personagens do que eu”, afirma Marie

Além disso, Marie confessa que após a participação no Big Brother Famosos, várias pessoas a criticaram e disseram-lhe que era personagem. Contudo, garante: “eu analisando a minha vida toda, os meus pais são mais personagens do que eu e eles são ‘normais’.” A jovem explica: “São personagens porque eles, se for preciso, estão muito tristes dentro e parece que estão felizes. Eu, pelo menos, se estiver triste, mostro que estou triste. Eu acho que ser personagem tem a ver com o que tu escondes e interpretas.”

Marie remata: “É quase um teatro e eu, se há coisa que não faço é teatro. Eu mostro de forma transparente essas fases na minha vida.  Se eu estiver mal, as pessoas sabem que eu estou mal.”

Texto: Maria Constança Castanheira; Fotos: Reprodução redes sociais

 

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